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Entrevista | Al Mouraria «A ideia foi sempre criar um grupo diferente»
Guitarra portuguesa, viola acústica, contrabaixo e acordeão, acompanham duas soberbas vozes femininas num grupo inovador Al Mouraria. “Fado Tango” é o novo disco do grupo. O Made in Portugal falou com Valentim Filipe, mentor e membro do grupo, que nos falou um pouco mais do percurso dos Al Mouraria e deu a conhecer o novo disco. 



Made in Portugal: Não é comum ver se um grupo de fado, logo com duas vozes femininas. Como surgiu a ideia de criar os Al Mouraria?
Valentim Filipe: Por mero acaso. Acontece que no início tivemos sempre apenas uma voz. Quando a cantora passou a ter alguns problemas na voz, surgiu a ideia de adicionar mais uma cantora ao grupo para prevenir qualquer eventualidade. Acontece que o novo formato agradou não só a nós como ao público e quando a dita cantora (Filipa Sousa) saiu por querer dedicar-se a uma carreira a solo, o acto substitui-la para continuar-mos com duas vozes foi automático.

«As coisas com este grupo acontecem muito sem serem planeadas»

MIP: São um grupo do Algarve e começam a ter sucesso em Espanha. Conte-nos a história,     deste início em terras espanholas. 
V. F.: As coisas com este grupo acontecem muito sem serem planeadas e a sua criação aconteceu dentro da mesma linha:
Em Dezembro de 2002 estava eu (que além de músico também sou produtor de eventos) a produzir um espectáculo numa sala do Algarve, quando um indivíduo de nacionalidade espanhola se abeirou pondo-me o desafio de criar um grupo para actuar no Verão do ano seguinte no sul de Espanha,  integrado num Festival de Músicas do Mundo, que iria aí produzir. O desafio foi aceite e no dia 14 de Agosto lá aconteceu a estreei ainda com o nome de “Grupo de Fados Mouraria”. O projecto que tinha apenas sido crido para esse trabalho acabou por entusiasmar tanto o produtor que ficou aí logo decidido que seria para continuar. Vale a pena recordar essa formação de apenas 4 elementos: Ângelo Freire (guitarra portuguesa e voz), Raquel Peters (voz) José Bandarra (viola) e Valentim Filipe (acordeão).

«A ideia foi sempre criar um grupo diferente»

MIP: Al Mouraria junta o Fado tradicional, com o Fado mais moderno. Como chegam à inclusão do Tango?
V. F.: A ideia foi sempre criar um grupo diferente. Durante dez anos afadistámos canções, juntámos
outros instrumentos que não são tradicionalmente do fado, juntámos bailarinos aos nossos concertos, etc. A inclusão do tango é apenas o concretizar de um sonho de muitos anos do mentor do grupo.

MIP:“Fado Tango” é o novo disco. Para além de Fado e Tango, que mais as pessoas podem encontrar neste novo trabalho?
V. F.: Podem aproveitar para apreciar duas excelentes vozes, duas algarvias descobertas nos concursos de fado amador e conseguem ser mais que fadistas neste caso interiorizando também outro género musical.

MIP: Quando começou a juntar ao fado violinos, acordéons, entre outros instrumentos, foi certamente muito criticado por tal inclusão, até então “incompatível” com o fado. Como lidou com isso, sendo que agora é algo já mais habitual?
V. F.: Olhe um pouco dando o corpo às balas. Sempre fui muito criticado, talvez pela minha formação de base ser de outras áreas musicais. No entanto nunca deixei  de incluir  a essência da base musical (guitarra portuguesa e viola) embora sempre achasse que acrescentando outras sonoridades poderia dar mais riqueza musical. Felizmente passados alguns anos muita gente segue agora esse caminho.

«um caminho de quando em vez difícil, mas muito apetitoso»

MIP: 4 Discos editados, 1 DVD ao vivo e 10 anos de Carreira. Que avaliação faz desta década dos Al Mouraria?
V. F.: Satisfeitos pelo caminho percorrido e porque não até orgulhosos de ter-mos traçado um caminho de quando em vez difícil, mas muito apetitoso.

MIP: Projetos para o futuro?
V. F.: Para já desfrutar deste trabalho, que estamos convencidos que nos abrirá portas para outros mercados.

«o fado evoluiu musicalmente de uma forma notória»

MIP: De um modo geral, como define atualmente a música em Portugal e a abordagem da mesma por parte das rádios nacionais?
V. F.: Considero que tem havido alguma evolução positiva e agora existe uma maior divulgação da nossa música, mas tal também se deve a uma melhor qualidade desta, sobretudo do fado que, evoluiu musicalmente de uma forma notória nos últimos anos.

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