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Entrevista | Quelle Dead Gazelle — “Maus Lençóis” de uma viagem «que pode não acabar bem»

Os Quelle Dead Gazelle editaram no passado mês o álbum “Maus Lençóis”. Em entrevista, a dupla Miguel Abelaira e Pedro Ferreira, desvendaram-nos um pouco mais deste primeiro álbum.

Três anos depois do vosso primeiro EP editam o vosso primeiro álbum. Como definem “Maus Lençóis”?
O “Maus Lençóis” é uma faceta mais despreocupada e mais sincera do que Quelle Dead pode ser. É mais direto, menos ornamentado, bastante mais aproximado do que seria a nossa abordagem ao vivo. É o fruto de três anos a pensar nisto, a assentar ideias na cabeça e a apurar as mesmas.

É duro, sujo, abrasivo

Podemos considerar que este é um disco suspense, porque nos leva a várias mudanças de direção ao longo dos temas?
Para nós não há qualquer suspense, tendo em conta que sabemos exactamente o que aí vem. Mas sim, já houve quem lhe chamasse suspense. Há também que lhe chame desagradável, dentro do agradável. A sensação que nos deu ao ouvir o disco de uma ponta à outra foi nada mais nada menos do que má onda. É duro, sujo, abrasivo. Em malhas como por exemplo “Fala Baixo”, a meio estás à espera de algo bonito e levas com uma chapada na cara à Mastodon. Na “Abismo” estás sempre à espera que rebente e vai sempre caindo cada vez mais. Sim, no fundo acaba por ser o suspense de não saberes para onde é que estás a ser levado, mas tudo indica que não será um destino muito agradável. Daí o nome “Maus Lençóis”, porque toda a viagem dá nos a sensação de que pode não acabar bem.

Quelle Dead Gazelle - maus lençóis - entrevista - dupla Miguel Abelaira e Pedro FerreiraQual a vossa principal fonte de inspiração para a criação destes novos temas?
A nossa fonte de inspiração é tudo o que nos rodeia. Já tivemos e temos outros projetos aos quais nos moldamos, seja a um estilo, seja à abordagem das outras pessoas com quem tocamos. Quelle Dead é o projeto em que temos liberdade total. Inicialmente, quando fizemos o primeiro EP, notavam-se claras influências de outras bandas. Bandas que ouvíamos, bandas que gostávamos. Mas com o passar do tempo fomos desenvolvendo a nossa linguagem e, apesar de ouvirmos música e certamente sermos influenciados por isso, acho que a principal influência acaba por ser nós próprios na medida em que nos influenciamos um ao outro. Tentamos que seja o mais genuíno possível e, apesar de termos gostos diferentes, é uma genuinidade que se tem revelado extremamente compatível.

O disco foi gravado no HAUS e produzido por Makoto Yagyu e Fábio Jevelim. Como decorreu o processo de gravação?
Foi, acima de tudo, divertido e descontraído. É sempre bom gravar num ambiente familiar. Damo-nos todos bem e somos todos compatíveis a nível de produção. É certo que há sempre ideias que chocam mas, contrariamente à gravação do EP, este álbum fluiu com muita naturalidade e não houve grande espaço para discussões ou casmurrices. Talvez por já conhecermos o Makoto e o Fábio há alguns anos e já confiarmos plenamente nas ideias e decisões deles.

Por onde irão atuar nos próximos tempos?
Até agora podemos dizer que tocamos dia 24 de junho no Damas, na Graça, com os nossos amigos Marvel Lima. 23 de julho no Milhões de Festa, em Barcelos e 28 de julho no Rodellus Music Fest, em Braga.

Que avaliação fazem destes 4 anos de Quelle Dead Gazelle?
Ter uma banda de duas pessoas não é fácil. Não há um moderador. Não há ninguém para dizer que o que está certo ou errado quando não estamos de acordo. A criar música até é mais fácil. Mas em termos de toma de decisões não é mesmo nada fácil. Não se metam nisto. O lado positivo é que nos fez crescer bastante não só como músicos mas também como indivíduos no que toca a lidar com outras pessoas.

Esperamos um dia poder fazer uma tour fora do país

E o que ambicionam para o futuro da banda?
Nunca fomos de fazer grandes planos para o futuro. Mas esperamos um dia poder fazer uma tour fora do país. Fazer a nossa música chegar ao maior número de países possível. Mais música. Mais discos. Talvez umas colaborações, uns concertos especiais, sair um bocado da nossa zona de conforto.

E afinal, quem é que está em maus lençóis?
Hoje em dia, no mundo em que vivemos, mais tarde ou mais cedo, acaba por ser inevitável. Já há alguns anos que a Humanidade tem vindo a pôr-se a ela própria em maus lençóis. Mesmos que sejamos as melhores pessoas do mundo, sofremos todas as consequências da desumanidade da Humanidade. No fundo, quer queiramos quer não, estamos todos em maus lençóis.

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