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Entrevista | Saitam

“Saitam é tão misterioso quanto a sua música”.
Natural do Porto, lançou este ano West – East com 5 faixas o qual tem recebido várias críticas positivas. O EP pode ser adquirido por qualquer preço incluindo 0 euros através do download no site Bandcamp.

As suas influências são variadas e vão desde Apparat, Foals e Radiohead até à música erudita de Steve Reich e Phillip Glass, passando pelo cinema – área em que gostaria de compor no futuro. Descubra mais acerca deste jovem talento na entrevista abaixo.





Made In Portugal- Antes de mais, quem é o Saitam e como surge este projeto?

Saitam- Saitam é Ricardo Matias e nasci e vivo no Porto. Este projecto surgiu enquanto estava a tirar um pequeno curso de produção musical e o meu formador, Alex Fernandes, gostou de uma das minhas composições, a minha primeira faixa Union, e sugeriu que a partilhasse online. Basicamente, foi assim que criei este projecto.

MIP- Na descrição da sua página no Soundcloud está escrito: música para as minorias. Porquê? Que tipo de público pensa que a sua sonoridade abrange?

S- Os géneros que a minha música abrange, não são algo claro a meu ver, a minha música abrange géneros que a mim mais me influenciaram na altura, tal como certos criadores na música. Também as sonoridades são algo que, a meu ver, fogem à zona mais comercial do mundo da música, daí pensar que a minha música será apreciada mais por ouvintes individuais do que propriamente por grupos de apreciadores de um género.


MIP- Em 2012 lança o primeiro EP West to East e recebe críticas bastantes positivas. Como caraterizaria este trabalho?

S- Foi um trabalho que decidi fazer de modo a finalizar uma fase do projecto. Em que quis ver o que conseguia fazer com o que tinha aprendido antes e com o que tinha absorvido musicalmente até à data da finalização do EP. As músicas, Union e Rebellion, foram criadas num ambiente familiar, no meu quarto, enquanto as restantes foram criadas durante a minha estadia de um mês no Tubo D’Ensaio, uma organização multi-cultural, onde passei o mês de Fevereiro a compor, ao abrigo do programa deles de residência artística. Ou seja, num ambiente novo, onde estive a maior parte do tempo isolado, na tentativa de criar algo que reflectisse o eu da altura. E daí saíram os 3 restantes temas, Hatching, Encounters e Existence. Fiquei bastante contente com o trabalho, todas as faixas me remetem a uma memória, ou momento, conseguiram captar o que sentía na altura e daí, vejo-as como verdadeiras, algo essencial a meu ver em qualquer tipo de trabalho na área das artes.



MIP- O tema Union faz parte da coletânea Novos Talentos Fnac. Acredita que esta participação o aproximou das pessoas, em termos de reconhecimento do seu trabalho?

S- Penso que sim, foi uma oportunidade de chegar a diversas pessoas, por um canal sem grandes preconceitos musicais, na medida em que, é uma surpresa completa para quem adquire o CD e não conhece os artistas envolvidos, não sabe o que vai ouvir, só sabe que foi uma seleção num determinado período de tempo, de vários projectos musicais recentes a decorrerem actualmente. Acho que no futuro, quando lançar algo com uma editora e tiver mais projeção em Portugal, talvez algumas pessoas, ficarão a pensar que já viram antes o nome Saitam em qualquer lado.




MIP- De que tipo de influências (musicais ou não) se serve na composição dos temas?

S– Ao compor, não penso muito em géneros musicais, mas sim em sonoridades. Daí usar vários instrumentos reais samplados. Mas a nível de artistas, diria que ha um grupo que não necessariamente só quando componho me lembro, mas diariamente os ouço. Que passam por nomes, como Apparat, Foals, Radiohead. Acho que não os consigo separar das minhas composições, visto identificar-me a um nível elevado, com as criações deles, mesmo que não sejam claramente audíveis. Também de referir que na música erudita, os compositores do século XX, do minimalismo, como Steve Reich ou Philip Glass, são também grandes influências.

Fora da música, diria que o Cinema, é outra área que me influencia bastante e da qual no futuro espero compor para essa área. E por fim a vivência (experiências), que varia de sujeito para sujeito e é o que nos identifica como ser individual e único.

MIP- E quanto ao futuro, quais as expetativas?

S- Em Outubro continuarei com a minha formação, em Lisboa. E ao longo dos próximos tempos, com o meu evoluir musical e pessoal, irei continuar a compor e espero ter até ao verão, um trabalho de longa duração para lançar, com vista a expor no verão o meu trabalho ao vivo.


MIP- Como define atualmente a música em Portugal?

S- Acho que existem projectos bastante interessantes e espero que continuem a aparecer projectos mais alternativos de qualidade. Acho que em termos de festivais, estamos muitos bem, existe uma grande variedade e aos festivais de música alternativa, como os recentes Optimus Primavera Sounds e Vodafone Mexefest, e o mítico Paredes de Coura, espero que continuem a crescer, com a mesma filosofia e que hajam outros mais para o ano.

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