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“Isula” é o álbum de estreia de Sallim

Em março de 2016, mês em que celebra 22 anos de vida, Sallim, compositora e intérprete das suas próprias canções, lança “Isula”, aquele que é o seu primeiro álbum gravado em estúdio, editado pela editora independente lisboeta Cafetra Records. Isula chega às nossas mãos precisamente na transição da estação fria para a Primavera, momento perfeito para escutarmos a nova música de Francisca Salema. Nascida em Lisboa, Francisca vive entre a Cruz Quebrada e a Faculdade de Letras, onde estuda, e as suas músicas evocam essas travessias de comboio à beira-rio.

Mas Sallim não é só música: para além da Universidade, desenvolve também o seu trabalho artístico nas áreas do desenho e da colagem.
Isula é uma obra una e circular de canções cuidadas das quais se fica cúmplice num ápice. Sendo o seu primeiro álbum de estúdio, não é o primeiro conjunto de músicas que lança: sallim tem um bandcamp onde periodicamente presenteia os fãs com as canções e EP’s que escreve e grava no seu quarto, desde 2013. Nestas sessões, a voz é acompanhada apenas pela guitarra eléctrica e por sons de objectos quotidianos, como por exemplo uma caneta a percutir na mesa.

Quanto a “Isula”, gravado e produzido nas Olaias por Leonardo Bindilatti – signatário da Cafetra e responsável pela gravação de outros discos da editora, como é o caso de “Alfarroba”, das Pega Monstro – contou também com a participação de Yan-Gant Y-Tan – nome com o qual Zé Pedro Duarte assina o seu perfil musical e sob o qual tem vindo a dar a conhecer as suas composições baseadas na improvisação. Esta participação descobre-se assim nas segundas guitarras que surgem em algumas das canções de Isula, criando texturas que se sobrepõem e se propagam em delays, como em Canção para dizer; acrescentando consistência e preenchendo com uma melodiosa linha de baixo canções como Deserto; ou envolvendo a composição num “mergulho-mistério” como acontece nas minhas gavetas. Para além destes arranjos, foram também acrescentadas, pela própria Sallim (que, em formato concerto, recorre apenas à guitarra eléctrica e à voz) linhas de teclado que, apesar da sua simplicidade, enriquecem e adoçam os refrões de canções como “Nada igual” ou “Grão a grão”; e alguns apontamentos rítmicos, como o xilofone em “Não queres entrar” e uma rã de madeira em “Para o outro lado”.

Com a voz límpida e vigorosa, Sallim partilha a sua procura constante de um lugar certo no mundo, entre letras tenras de vivências e angústias suas. A atenção da artista aos pormenores é notável e daí nascem as composições com várias vozes da própria, de harmonias e ecos num espaço tridimensional. As imagens sonoras do álbum desembrulham paisagens lunáticas da intimidade da artista, como se ouve em “Uma laranja no bolso”, canção mais pequena do disco, ou em “Mulher lebre”.

“Isula” é um disco que reúne imagens sonoras de cores torradas pelo sol num final de tarde à deriva pela cidade de Lisboa. E quando o sol se põe é também a vida em voo nocturno e a memória de um lugar na lua às tantas da madrugada onde Sallim olha para dentro de si própria.

Texto: Margarida Bak Gordon

Concerto: Sallim – lançamento de “Isula”
Local: Galeria Monumental, Lisboa
Data: 19 de março
Horário: 21h30
Entrada: 5€ *bilhetes disponíveis na noite no local

 

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