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UHF festejam 35 anos com terceiro disco de raridades

“Canções Prometidas” – Raridades, volume III

Ponto de partida, 1978
“Confesso que andava distraído com a aproximação da data do aniversário do primeiro concerto oficial dos UHF, a 18 e não a 20 de Novembro de 1978, na discoteca Brown’s, em Lisboa. Até que o aviso soou do interior da banda, num ensaio: ‘Então, o que vamos fazer no próximo aniversário? 2013 é o ano dos 35 anos dos UHF, é preciso comemorar!’
Começamos assim o ano das festividades com a edição deste III Volume das Raridades “Canções Prometidas”: tem toda a razão de sair agora, iniciando um ciclo de eventos e edições até à data de 20 de Novembro de 2013.

Abrimos o disco, seguindo a ordem cronológica das gravações, com o inédito “Tempo Quente” (1980), da maqueta gravada em estúdio profissional que inclui a versão dos “Cavalos de Corrida” e nos conduziu até à EMI/Valentim de Carvalho.
Gosto da canção, do som limpinho e do maneirismo vocal. Pergunto-me hoje se seria a génese do rock português a despontar sob o peso da inflexão do inglês.
Segue-se a maqueta da “Amélia Recruta”, cujos direitos quisemos oferecer à Associação dos Deficientes das Forças Armadas, e gentilmente foi recusado em 1989. Heranças que o Império tece.
“Este Filme” é uma fotografia lusitana sem envelhecimento, uma canção mordaz – afinal 1990 foi ontem – que puxa pela anima colectiva, a soma dos indivíduos na sua singularidade.
Segundo inédito, “Centro Sul/Via-sacra” (1997), é uma maqueta realizada num estúdio-cogumelo de Almada. Estávamos na preparação das gravações do “Rock É”, com uma formação nova que precisava de se entender. Há mais desse tempo por editar.
“Pelo Mundo à Procura de Mim” (2001), outro inédito, ficou guardado das longas sessões (dois anos e meio) que produziram “La Pop End Rock” em 2003.
Nesse longo exílio em estúdio, gravámos uma versão reggae dos “Cavalos de Corrida” (2002), fixando uma improvisação que usávamos desde os primórdios do grupo, quando queríamos prolongar a canção e provocar o público.
“Faz de Conta é Um País” (2003) agora recuperado, integrava o CD “Harley Jack”, dirigido ao mundo motard. Por vezes, o escritor de canções apenas respira o ambiente, em 2003 como em 2012.
Aqui está “Devo Eu”, registado ao vivo no Coliseu de Lisboa, em Setembro de 2006. Que força e urgência tem esta versão.
“Glória do Tejo” (2009) é mais um inédito que ficou das sessões do “Porquê?”. Celebra a felicidade que as gentes de Glória do Ribatejo sempre nos
Onze meses no recato alentejano proporcionaram mais canções, além daquelas que as duas edições do “Porquê?” revelaram. “A Surra dos Tempos Modernos” (2010), que começou por dar título ao CD, ficou guardada para este futuro presente do Natal 2012. É uma canção política. Uma produção feliz.
No final de 2011 fomos a Fafe registar ao vivo o acústico “Ao Norte”. “Três Peixes” é uma canção que faltava oferecer aos fãs dos UHF. Perdida lá atrás em 1985, tornou-se um ícone dos que guardam e protegem o LP “Ao Vivo em Almada – No Jogo da Noite”.
“Rama” (2011) continua a experiência que defino como a síntese do ‘rock português’, iniciada com a versão da “Menina Estás à Janela”, em 1993. É a fusão do vigor quase brutal do punk rock em que crescemos (de Londres a Nova Iorque até Almada em 1977, ano da fundação do grupo À Flor da Pele, crisálida dos UHF), com as melodias da tradição do nosso país. Representa um daqueles momentos secretos em que os UHF passam pelo estúdio, gravam e fecham o cofre”.

António Manuel Ribeiro, Outubro de 2012     
(Excerto do texto inserido no booklet do CD)

Alinhamento: 

1.Tempo quente
Palavras – António Manuel Ribeiro
Música – Carlos Peres
1980

2.Amélia Recruta
António Manuel Ribeiro
1989

3.Este filme
António Manuel Ribeiro
1990

4.Centro Sul / Via Sacra
António Manuel Ribeiro
1997

5.Pelo mundo à procura de mim
António Manuel Ribeiro
2001

6.Cavalos de corrida (reggae)
Palavras – António Manuel Ribeiro
Música – Renato Gomes
2001

7.Faz de conta é um país
António Manuel Ribeiro
2003

8.Devo Eu (ao vivo)
Palavras – António Manuel Ribeiro
Música – Renato Gomes & António Manuel Ribeiro
2006

9.Glória do Tejo
António Manuel Ribeiro
2009

10.A surra dos tempos modernos
António Manuel Ribeiro
2010

11.Três peixes (ao vivo)
António Manuel Ribeiro
2011

12.Rama
Popular alentejano
Arranjo: António Manuel Ribeiro
2011

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