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Reportagem | A(na) Moura encantada que encantou o Meo Arena

Um palco com efeitos de luzes nas plataformas dos músicos e na parte superior, uma borboleta que apareceu iluminada em algumas das canções, como que salientando a metamorfose desta fadista, com uma carreira que já vai em quinze anos. Ana Moura vestida com um lindo longo vestido preto brilhante de Filipe Faísca, fez-se acompanhar dos seus brilhantes músicos. Ângelo Freire na guitarra portuguesa, Pedro Soares, na guitarra clássica, Mário Barreiros, na guitarra eléctrica, João Gomes nos teclados, André Moreira no baixo e na bateria, Mário Costa.

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Foto retirada do facebook do Meo Arena

A fadista começou o concerto com a canção que abre o seu mais recente disco “Moura Encantada” enquanto o casulo que contornava o palco se ia abrindo. Antes de cumprimentar as mais de sete mil pessoas, interpretou “Ai Eu”.

Cumprimentado e agradecendo a presença de todos os presentes, Ana Moura confessou que estava nervosa pois era um concerto especial, não só por estar a atuar na maior sala do País mas também porque tinha tantos colegas, amigos e familiares a ver o concerto, fez destaques para alguns deles, como Mariza, João Baião, a madrinha Maria da Fé, Jorge Fernando, Raquel Tavares e o ilustre Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. No entanto se estava nervosa, nunca o mostrou.

As primeiras músicas que se ouviram no Meo Arena pertencem ao seu mais recente disco “Moura”. Ouviu-se “O Meu Amor Foi Para o Brasil”, “Fado Dançado”, “Desamparo”, “Agora É Que É” e “Ninharia”.

Ao longo do concerto a fadista dirigia-se ao público, falando das canções que interpretava e dando ressalva para quem as tinha escrito. Em “Fado Dançado” explicou que Miguel Araújo – autor da a letra – escreveu esta canção ao se ter apercebido que Ana Moura se movimentava imenso enquanto cantava. A fadista contou ainda que antigamente o fado que era dançado chamava-se “bater o fado” porque se movimentavam as ancas.

Foto retirada do facebook do Meo Arena

Foto retirada do facebook do Meo Arena

Com a guitarra Portuguesa de Ângelo Freire a sobressair em “De Quando Em Vez” e “Porque Teimas Nesta Dor” acompanhado da voz densa e quente de Ana Moura prepararam-se para “Maldição”. Aquando deste tema entrou em palco o bailarino Romeu Runa, que com um jogo de luzes perfeito e com Ana Moura estática a dar espaço para a ilustração viva da dança de Romeu. Excelente atuação de Romeu Runa num dos momentos a destacar da noite.

Ana Moura saí de palco com o bailarino e dá-se espaço para que todos os músicos brilhem de forma mas evidenciada, tanto instrumentalmente como com os focos de luz a iluminar cada músico em questão. Tocaram durante quinze minutos, trocando entre si os focos de atenção.

Ana Moura volta ao palco com um magnifico vestido branco brilhante, também ele longo e com uma espécie de xaile incorporado no próprio vestido e cantou “Eu Entrego”, música do seu último álbum, neste cantada com Omara Portuondo, mas no Meo Arena cantado a solo. Animou os ânimos com “Valentim”, com o público a acompanhar.

Seguiu-se dois dos seus maiores sucessos “Leva-me aos fados” e “Búzios”, tendo o público acompanhado a fadista nos refrões de ambas as canções. Ambos os fados foram escritos por Jorge Fernando, que estava presente na sala, tendo Ana Moura aproveitado para agradecer ao autor.

Os agradecimentos continuaram, desta vez para Pedro Abrunhosa que escreveu “Tens os olhos de Deus”. Se a poesia desta letra é belíssima, mais bela se torna a canção com a única e intensa voz de Ana Moura, a aliar ao talento dos seus músicos. De ressalvar Ângelo Freire que neste tema dá um enorme poderio com a guitarra portuguesa. A interpretação desta canção foi acompanhada pelo respetivo videoclip.

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Foto retirada do facebook do Meo Arena

A terminar, e depois de um momento bastante intenso, voltou a dançar-se com “Bailinho à Portuguesa”. De viva voz e com palmas a acompanhar o público ajudou a fadista a cantar “Dia de Folga”, canção escrita por Jorge Cruz, dos Diabo na Cruz.

Despediu-se do palco, mas o público queria mais, Ana Moura regressa para o encore com “Loucura” e “Desfado”, tema do álbum que em 2013 nos dava a conhecer uma Ana Moura mais ousada, dando uma nova roupagem ao fado, o agora chamado fado moderno.

Após apresentar os seus músicos e de cada um deles ter mostrado os seus dotes vocais, a fadista ensinou a bater palmas ao som do bombo. O concerto terminava com confetes de borboletas a serem lançados na direção do público que saudava de pé Ana Moura com fortes aplausos. 

O final do concerto foi como que uma metamorfose, como que simbolizando a saída do casulo, a transformação e renovação de quem no fado arriscou e triunfou. Este concerto, na maior sala do seu País, veio provar o porquê de Ana Moura ser atualmente a fadista de maior sucesso. A diversidade de faixas etárias presentes neste concerto é a prova disso mesmo. E pegando nas primeiras palavras que a fadista cantou no início do espetáculo, servindo as mesmas como conclusão a mais de uma década de carreira, é que de facto a voz de Ana Moura «de repente é a voz de toda gente» e que esta Moura que há no seu nome, é com certeza uma «Moura encantada», que honra a música portuguesa e o fado.

Depois de atuar nos dias 15 e 16 de abril no Coliseu da cidade invicta, a fadista segue viagem para palcos internacionais. Irá atuar em várias salas nos Estados Unidos da América, na Polónia, Alemanha, Áustria, entre outros países, porque tal como o Fado, Ana Moura é uma voz do mundo.

Texto: Sofia Reis
Fotos retiradas do facebook do ‘Meo Arena’

Foto retirada do facebook do Meo Arena

Foto retirada do facebook do Meo Arena

 

 

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