No dia 30 de setembro os Um Corpo Estranho lançaram “Pulso”, o segundo álbum de originais, que sucede ao álbum de estreia de 2014 “De Não Ter Tempo”.

Estivemos à conversa com João Mota e Pedro Franco que nos falaram de “Pulso”.

Um Corpo Estranho

(Audio da entrevista)

«Os temas passam por várias fases e abordam a temática de um corpo estranho»

Em comparação ao primeiro disco que destacam neste novo trabalho?
(João) São temas que se tocam uns aos outros e é talvez um último capitulo do que começámos no primeiro disco, onde encontrámos a identidade deste projeto e onde ela foi firmada, e este disco fecha um bocadinho essa narrativa.
Agora a nível experimental – porque houve várias coisas pelo meio: fizemos um EP e uma banda sonora para um bailado – os temas foram um bocado contagiados por essas experiências e talvez esse lado mais experimental seja um bocadinho mais assumido neste segundo disco.

Começaram por nos revelar o tema “Onde Quero Arder”, uma canção que nos leva entre a emoção e a razão e também o tema “Scarlett”, que nos transporta para um universo mais burlesco. Que mais nos podem desvendar dos temas que integram o novo disco?
(João) Nós tentámos arrumá-lo por uma ordem cronológica e da identidade do disco. Os temas passam por várias fases e abordam a temática de um corpo estranho em várias situações, locais e de vários tipos de estado de espírito. Cada tema liga com o anterior e com o próximo mas não são propriamente idênticos.

E como é que funcionam a nível de composição dos temas? Como é que se entendem nesse aspeto?
(Pedro) Nós temos duas maneiras de fazer as canções. Eu trago os instrumentais e tento criar o território para quando eu envio ao João ele entenda mais ou menos o contexto da música e o ambiente, ele escreve a letra ou acrescenta um lado novo ao tema. Normalmente conseguimos chegar a um tema híbrido que eu sei que eu não era capaz de compor sozinho e esses são os temas que nós gostamos mais em que achamos que aquele é um corpo estranho porque é um tema que não é meu nem do João. Às vezes eu e o João chegamos com os temas praticamente feitos e é só arrumá-los e adaptá-los.

«“Pulso” significa vida e sangue como pode ser “Pulso” de força e de vincar uma posição»

Porque intitulam o disco de “Pulso”?
(Pedro) Decidimos chamar ao disco “Pulso” pela dualidade do nome. Tanto podemos dizer que “Pulso” significa vida e sangue como pode ser “Pulso” de força e de vincar uma posição. É como um murro na mesa de que estamos cá para continuar a nossa labuta. Achámos interessante este duplo significado da palavra.

Quais as vossas expectativas para este novo álbum?
(Pedro) Quando se chega ao segundo álbum já não temos expectativas. Nós estamos satisfeitos com o disco, agora não podemos esperar que toda gente goste do disco.
(João) Nós estamos muito satisfeitos com o disco, neste momento é o nosso filho preferido, se assim o possa dizer. Acreditamos que ele já tem um caminho que pode fazer sozinho e a partir de agora o disco pertence às pessoas.

«Gostávamos de ser uma dessas bandas de continuidade»

E quanto ao futuro, o que ambicionam para o grupo Um Corpo Estranho?
(João) É continuar a trabalhar e descobrir, sempre, territórios novos e pormo-nos um bocadinho fora da nossa zona de conforto, que foi o que fez com que iniciássemos este projeto; foi nós começarmos a pegar em instrumentos que não conhecíamos bem e a começar a cantar numa língua, que apesar de ser a nossa língua materna, musicalmente nunca tínhamos explorado.
(Pedro) Nós gostamos muito de bandas que tem um corpo de trabalho e gostávamos de ser uma dessas bandas de continuidade. Não tem que ser uma banda que domine o mundo mas que esteja sempre a fazer, sempre a criar, e esperar que esse corpo de trabalho sirva o nosso propósito e as pessoas que nos queiram ouvir.

Próximo concerto:
15 de outubro no Café da Casa da Música, no Porto, pelas 22h00. Entrada livre.

Ouve “Pulso” dos Um Corpo Estranho

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