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Reportagem | Blind Zero no Teatro da Trindade – O lado eletrizante e enérgico do acústico

Na passada noite de sábado, o Teatro da Trindade em Lisboa acolheu mais um concerto da tour acústica de comemoração dos 20 anos de carreira da banda portuguesa Blind Zero.
O ambiente intimista da sala acolhe sem grandes demoras a banda, recebida com grande ovação pelo público. Os músicos sentam-se em semicírculo, liderados pelo vocalista Miguel Guedes que cumprimenta a audiência com um simpático e quente “Boa noite!”, misturado com as batidas fortes do tema On the Dawn.

Em seguimento, Big Brother traz consigo boas vibrações, plenamente visíveis no entusiasmo e movimentos dançantes do vocalista, amplificadas com a “invasão” na sonoridade por parte da audiência, com palmas ritmadas e carregadas de boa disposição.

Tempo para se ouvir Return to Sender, um tema raro no alinhamento habitual dos concertos, não sem antes Miguel se levantar para observar e agradecer ao público: “É um prazer voltar a Lisboa”.
A batida forte da melodia envolve os músicos num ambiente emotivo, notório nos gestos e expressões sentidas do vocalista.
Depois de Tree, acompanhado à guitarra por Miguel, segue-se um tema do primeiro disco da banda, More Than Ever, com o qual têm uma relação ambígua devido aos 20 anos decorridos, mas sem dúvida extremamente efetiva. Aos primeiros acordes do familiar êxito Snow Girl, o público vibra de entusiasmo, acompanhando com palmas e com a letra pronunciada de cor.

O lado “rockeiro” de Miguel sobressai em I See Desire, reforçando uma perspetiva menos tradicional de um concerto acústico, onde o rock emana a cada acorde, com intervenções enérgicas próprias dos palcos de festival. No Soul, o tema mais acústico do alinhamento, antecede um dos momentos altos da noite, com a entrada em palco do convidado especial Jorge Palma, apresentado como um herói pessoal da banda. Em Senhora da Solidão, tema do reportório do convidado, estão patentes a partilha, a clara admiração e cumplicidade entre os músicos. Segue-se Hapiness is Easy, onde a despedida custa e se desdobra em vários abraços prolongados e sentidos, até ao término da melodia.

You Owe Us Blood prepara a audiência para outro grande sucesso, Shine on, cuja originalidade e vertente cómica do prelúdio o torna noutro momento a recordar: um dos elementos da banda partilha com o público a história da Maratona, numa espécie de José Hermano Saraiva musical. Slow Time Love antecipa o breve e habitual encore, que se inicia com o tema I’ll Take you Home.
Sem aviso prévio, surgem os primeiros sons do sobejamente conhecido Wrecking Ball, numa
versão própria da banda, com sonoridades robustas de rock que conferem outra maturidade e perspetiva à canção, afastando-a (como seria de esperar) do original. A Skull segue-se outro
“micro-encore”, que serve de mote para o fecho do concerto com os temas Sad Empire e Recognize.

Num espetáculo com casa praticamente cheia, onde se percorreram os grandes sucessos a par com o reviver de temas menos tocados em concerto, os Blind Zero reiteraram a sua maturidade
musical, que os 20 de carreira lhes permitiram atingir. A boa disposição e a cumplicidade entre os músicos pautaram um concerto onde as convenções e moldes sobre o lado acústico das canções foram quebradas: o espírito rock&rock era inevitável, mais espontâneo e natural, enérgico e eletrizante, mostrando a identidade própria da banda, para deleite do público.

Texto: Catarina Albino
Fotos: Ana Catarina Dias
https://www.facebook.com/madeinportugalmusica

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