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Entrevista | Rui Massena «Ensemble é um álbum bastante espiritual»

“Ensemble” é o segundo álbum do pianista, maestro e compositor Rui Massena. Este é o sucessor de “Solo”, lançado há pouco mais de um ano. Neste novo disco Rui Massena contou com a colaboração da Czech National Orchestra. As novas composições são largamente inspiradas pelo espírito que se vive em Sintra, local onde a maioria delas foram compostas e gravadas.
O novo álbum está a ser muito bem recebido pelo público, na semana de lançamento entrou diretamente para o 5.º lugar do top nacional de vendas, tendo esta semana chegado ao 1.º lugar .

RUI MASSENA

Rui Massena

Um ano após a edição do seu primeiro álbum “Solo” em que revela ao público o seu lado de compositor/músico, surge um novo trabalho “Ensemble”. Tendo em conta este curto espaço de tempo, podemos dizer que tinha “sede” de dar corpo à sua música?
Sim, sem dúvida. Uma vontade e necessidade de compor e de criar novas músicas. Basicamente, aquilo que eu senti no “Solo”, com a legitimação que o público me fez, indo aos concertos, comprar o disco, senti a necessidade de criar este novo disco.

Queria acrescentar ao piano uma envolvência

Se, no primeiro álbum, à exceção de um tema, há apenas o piano, neste novo trabalho sentiu a necessidade de chamar uma orquestra, a Czech National Symphomic Orchestra, para juntos darem voz às suas composições. Como surge este “ensemble”/junção?
Eu queria acrescentar ao piano uma envolvência sonora e achei que as cordas eram o melhor, porque a orquestra é o meu habitat natural e então achei que as cordas podiam juntar-se ao piano com o som sustentado por pessoas. “Ensemble” vem exatamente daqui, desse grupo de pessoas e quis acrescentar essa envolvência à minha música.

Foi a primeira vez que compôs música orquestral. Como foi apresentar as suas canções à orquestra checa para que ela a interpretasse?
Eu chamo canções porque eu gosto de manter uma certa simplicidade e procurei simplicidade também para este disco. Ou seja, procurei canções, mesmo ao piano, fossem relativamente simples. Claro que a complexidade está no contraponto em que o diálogo musical entre a orquestra e o piano. Depois quando as fui dirigir, pela primeira vez, dirigi música minha, feita por mim do princípio ao fim, foi muito interessante, porque eu já conhecia a orquestra de ter gravado com os Da Weasel e fiquei muito contente com a reação deles, acho que foi uma junção feliz.

Rui Massena — “É um álbum bastante espiritual”

Fale-nos um pouco dos temas que estão presentes neste álbum.
É um álbum que tem a tranquilidade do “Solo”, que procurou também a envolvência das cordas e que a residência em Sintra ajudou a criar vários tipos de luz para cada uma das músicas. É um álbum bastante espiritual, no sentido em que, os títulos remetem sempre para um caminho do auto conhecimento. O álbum termina com a última canção que toquei na digressão no “Solo”, com “Abraço” que é no fundo um abraço coletivo às pessoas que ouviram “Solo”. Mas depois passa por temas como o “Alento” que tem a ver com exercício diário de estamos bem dispostos e temos energia para continuar; um tema como “Borboleta” que é a ideia de vivermos o dia o mais intensamente possível; “Estrada” baseado num poema de Fernando Pessoa que num momento em que eu estava menos feliz a minha mãe me deu o poema dizendo para não ter ansiedade, tinha que apenas me limitar a ver o caminho até à curva porque ninguém consegue ver o caminho depois da curva; ou então a “Valsa” no sentido de ser preciso dançar sobre a vida, é preciso ter uma atitude positiva.

No álbum anterior, Alfandega da Fé serviu de inspiração para as suas canções de “Solo”, agora Sintra serviu de pano de fundo para o processo criativo deste “Ensemble”. Necessita da natureza e da tranquilidade para que as melodias nasçam? Um centro urbano dificilmente servirá de mote para as suas composições?
Pode servir. O que eu acho é que quando nós viajamos ficamos mais recetivos ao mundo. Eu quando vou para uma cidade, como fui para Trás dos Montes e agora para Sintra eu senti todo esse reflexo da natureza, das histórias que Sintra tem para contar e sobretudo fico longe do dia-a-dia que é mais rotinado e fico com espaço para pensar sobre mim, sobre as coisas, sobre a música. Sintra foi um pano de fundo muito inspirador.

Rui Massena — “Que este disco seja uma boa companhia e que as pessoas desfrutem muito deste trabalho”

Depois do sucesso do seu álbum de estreia, que expectativa tem para este novo trabalho?
As minhas expectativas são que as pessoas em primeiro lugar gostem da música, que este disco seja uma boa companhia e que as pessoas desfrutem muito deste trabalho e que continuem a gostar muito da minha música. Esta é a minha grande expectativa e é leva-lo depois a salas de concerto do País para que as pessoas o possam ouvir.

Entrevista: Joana Constante e Daniela Henriques

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