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Reportagem| Celeste Rodrigues: Um Fado Sem Fim

Foi no passado dia 10 de outubro, no Teatro São Luiz que se comemorou os setenta anos de carreira da fadista Celeste Rodrigues.

O espetáculo de comemoração de sete décadas dedicadas ao Fado contou com alguns convidados especiais. Foram eles que abriram e começaram, num primeiro momento, por homenagear a fadista.

Primeiramente, e depois da entrada em palco dos quatro músicos, Paulo Parreira e Pedro de Castro, na guitarra portuguesa; Carlos Manuel Proença na viola de fado e Paulo Paz na viola- baixo, surge a primeira convidada da noite, Teresinha Landeiro. A jovem fadista interpreta “Fado Bizarro” e, depois de agradecer o convite, de relembrar alguns momentos vividos com Celeste Rodrigues e de evocar a procura e o conhecimento do repertório da fadista, anuncia “Fado das Queixas”. Contudo, não fica por aqui, oferece ao auditório uma surpresa – um medley que, além do já referido “Fado das Queixas”, passou pelos conhecidos temas “Olha a Mala”, que o público logo acompanhou, e “Chapéu Preto”.

Depois de Teresinha Landeiro, que apesar de ser a mais jovem fadista convidada, concretizou de forma positiva a responsabilidade de abrir a noite e este primeiro momento de homenagens, seguiram-se três nomes já muito sonantes da nova geração do fado. Surge primeiro, Hélder Moutinho que interpreta “Lisboa” e “Trago na Voz o Vento”. Segue-se Ricardo Ribeiro, que depois de cantar o primeiro tema e de se fazerem ouvir os aplausos merecidos à sua atuação, recorda o espetáculo “Cabelo Branco é Saudade” (2005), que também passou pelo palco do Teatro S.Luiz e no qual participava também Celeste Rodrigues, juntamente, com outros fadistas. Depois de “Eu Dantes Cantava”, segundo tema interpretado por Ricardo Ribeiro, surge o último fadista convidado: Camané.

O fadista cantou “Praia de Outono” e “Procura Sem Fim”, este último no fado Menor.

É com uma guitarrada protagonizada pelos virtuosos músicos que termina a primeira parte, em que os fadistas convidados para esta noite especial puderam demonstrar a honra, o carinho e o reconhecimento, ao interpretar temas de/ para Celeste Rodrigues, uma fadista que faz parte das suas referências.

É chegado o momento da homenageada entrar em palco. É aplaudida de pé. Um momento muito emotivo não só para o público mas também para Celeste Rodrigues. A fadista, depois de interpretar “Vento”, partilha estar emocionada pelo carinho sentido e refere a alegria de comemorar os seus setenta anos de carreira com o seu público e com a sua “família fadista”. Seguem-se os temas “Fado Celeste”, “Lenda das Algas” e “Vendaval de Sonhos”. Vivem-se, pois, momentos de grande intensidade, característica inconfundível da voz deste nome incontornável da história do fado, mas também momentos divertidos, que à partida até poderiam ser constrangedores, como se esquecer do fado que vai cantar ou do tom, mas que acabaram por se tornar em momentos aprazíveis (o humor também é permitido no Fado e a todos aqueles que são dotados de uma já longa experiência) para todos os presentes, protagonizados pela fadista de noventa e dois anos de idade.

Com um olhar enternecido e com orgulho visível Celeste Rodrigues chama ao palco o seu último convidado da noite e, talvez o mais especial, não fosse ele o seu bisneto Gaspar Varela que entra para acompanhar, juntamente com os restantes músicos, a bisavó, nos últimos fados da noite: Fado Pechincha – “Meu Nome Baila no Vento” e “Meia Noite e Uma Guitarra”.

É perante fortes aplausos que a protagonista da noite, Celeste Rodrigues, os seus convidados e músicos se juntam em palco para o agradecimento final.

Foi assim, numa noite chuvosa, na belíssima sala do Teatro São Luiz, que se embarcou numa viagem pelo Fado de Celeste Rodrigues. Uma noite de homenagens, onde para além do privilégio pouco usual de se comemorar setenta anos de carreira, ficou visível a importância dos fadistas mais antigos no percurso das novas gerações, que se constituem como referências para estes, mas também para todos os que admiram esta arte: o Fado.

Texto e fotos: Joana Constante

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Texto e fotos: © Joana Constante

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