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Entrevista | Ménito Ramos «as canções merecem ver a luz do dia, tal como merecem ser ouvidas todos aqueles que sempre me acompanharam»
Depois de mais de quatro anos sem gravar e mais de sete sem lançar um disco de inéditos, Ménito Ramos está de volta com “Tudo tem um tempo”.

       «Não tinha planos para voltar a gravar»

Made in Portugal: Sete anos depois está de volta com um novo disco de inéditos – “Tudo tem um Tempo” -, este foi o tempo certo para o regresso? 
Menito Ramos: Este foi um tempo que se impôs, foi mais forte que eu! Não tinha planos para voltar a gravar, queria continuar em exclusivo com o meu trabalho enquanto autor/compositor e produtor de outros artistas, mas algumas destas músicas estavam guardadas há 5/6 anos, se não fosse agora, nunca mais aconteceria, e as canções merecem ver a luz do dia, tal como merecem ser ouvidas por todos aqueles que sempre me acompanharam e sempre seguiram o meu trabalho.

MIP: O que o levou a estar tanto tempo sem editar um novo disco de originais?
MR: A necessidade de amadurecer, enquanto interprete, enquanto produtor, enquanto homem. Repensar prioridades de vida. A vida muda, e temos de nos adaptar, o que acontece é que por vezes a adaptação demora o seu tempo.

MIP: Este é o seu disco mais pessoal?
MR: Sim, definitivamente. Muitas das canções que escrevi em álbuns anteriores, tinham como mote as histórias das novelas para as quais era convidado para escrever/compor/produzir, e se por um lado é um trabalho que me dá enorme prazer, por outro lado fui deixando para trás histórias pessoais que queria contar, em detrimento de escrever as histórias que melhor servem a novela, as personagens, mas agora sim, proporcionou-se o momento para gravar as histórias mais pessoais.

«não imaginaria um dueto com qualquer outra voz»

MIP: “Não me julgues”, é um dos temas do disco que conta com a participação de Rita Guerra. Como surgiu este dueto?
MR: Este dueto surge, acima de tudo, pelo facto de haver uma admiração mútua entre nós, de termos muitas influências musicais em comum, mas também devido ao facto de trabalhar com a Rita já há algum tempo, enquanto autor/compositor de algumas das suas canções, e para além da afinidade musical, existe uma amizade e um carinho que valorizam a nossa parceria musical. No momento em questão, e para o álbum em questão, confesso que não imaginaria um dueto com qualquer outra voz.

MIP: Logo na primeira semana da edição digital, o álbum entrou diretamente para o 81º lugar, do top 200 Mundial de vendas digitais. Isto é a prova de que independentemente dos anos que está ausente, o seu público continua-lhe fiel. Esperava tão boa receção?
MR: Sim, tenho consciência de que o público que aprecia o meu trabalho, me acompanhou desde sempre, me é fiel à minha música e continua a seguir o meu trabalho. E uma vez que não gravo com muita regularidade, quem realmente gosta, está atento ao que vou fazendo.

«infelizmente, por cada copia original do disco que é comprada, várias dezenas são pirateadas, e só uma mudança de mentalidades poderia mudar esta realidade»

MIP: A venda de discos físicos tem registado uma quebra acentuada, enquanto as vendas em formato digital tem subido, prevendo-se ser o futuro da música. Com que olhos vê estas ‘mudanças’ no mundo da música?
MR: Apesar dos bons resultados recentes, confesso que não sou muito optimista, uma vez que conheço a
realidade da internet em todos os seus aspectos, e infelizmente, por cada cópia original do disco que é comprada, várias dezenas são pirateadas, e só uma mudança de mentalidades poderia mudar esta realidade, e mudar mentalidades neste país, demora o seu tempo…
A alternativa, que seria fazer alterações na legislação, demorará ainda mais tempo, se é que chega a acontecer! Espero que sim, a bem da cultura portuguesa!

MIP: Para já o álbum foi editado apenas digitalmente, mas será editado também a edição física, certo? Já há uma previsão para o lançamento do disco físico?
MR: Sim, esses são os planos desde o início, Mas ainda não há previsão. É uma decisão que deixo nas mãos da minha editora, a Farol Música, que como sempre, fará o que for mais adequado para optimizar os resultados que se pretendem para o sucesso deste álbum.

MIP: Para quando apresentações ao vivo de “Tudo tem um tempo”?
MR: Só uma grande surpresa viabilizará os eventos ao vivo, o mercado dos concertos também já conheceu melhores dias, a conjuntura económica em que o país se encontra torna difícil avançar para a estrada com uma logística exigente, e uma vez que trabalho sempre com banda, tenho noção de que não é fácil, mas caso a surpresa se confirme, tendo em conta os músicos com quem trabalho, preparar a banda e logística para avançar para a estrada não será problema.

«Ficamos mergulhados numa lacuna em que, não somos populares o suficiente para os formatos atuais dos programas de TV, e não somos elitistas o suficiente para tocar nas rádios nacionais»

MIP: Como define atualmente a música Portugal e o apoio que a mesma tem tido pelos media?
MR: Essa é uma daquelas questões complicadas, se por um lado temos o apoio incondicional das rádios locais, mas que chegam a menores audiências, já as nacionais, que poderiam ocupar um lugar importante na divulgação de muita da nova música portuguesa, continuam a trabalhar com o mesmo grupo restrito de artistas de sempre.
Quanto às tv’s, assistimos nos últimos anos a um aumento de programas que incluem no seu formato espaço para a música, mas também muito restrito a determinados estilos, atualmente muito direcionados para a música popular, ou seja, quem não fizer música dentro do género, fica com pouquíssimas opções ao nível da TV. Ficamos mergulhados numa lacuna em que, não somos populares o suficiente para os formatos atuais dos programas de TV, e não somos elitistas o suficiente para tocar nas rádios nacionais. Apesar de tudo, como bons portugueses que somos, lá nós continuamos a desenrascar.

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