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Reportagem | “Todas as Palavras Tocam” de Mafalda Veiga esgotou o CCB

Mafalda Veiga, nome incontornável da canção Portuguesa, arrancou 2014 com uma jornada dupla de concertos em formato acústico no CCB.

O palco simples do grande auditório tinha no seu centro um palanque no qual Mafalda ocupava o lugar sentada com a sua guitarra. Apostando numa estética minimalista, era cheio de simplicidade que o palco se afigurava à quase esgotada sala de espetáculos.

O concerto iniciou-se ao som do novo tema “Antes da escuridão” com guitarra e acordéon e desde cedo é lançado o mote para a noite: simplicidade nas notas e palavras para que mais que um conjunto de sons, fosse apresentado sentimento e significado dos temas abordados.

Depois da saudação inicial e agradecimento ao público pela sua presença, seguiu-se “Ao teu redor”, levada pelo piano e as harmonias de um cavaquinho. O trombone acompanha a melodia “Vi um menino com um piano”, inspirada num sonho do filho aos 2 anos, enquanto que o castelhano aparece pela primeira vez no tema seguinte.

Em “Nalgum lugar perdido” a guitarra regressa aos seus braços, trazendo à memória a sua  imagem de marca, quase que escondida atrás do instrumento. “Solo le pido a Dios” de Mercedes Sosa é mais um momento na língua de nuestros hermanos, enquanto que “Um pouco de céu” enfatiza as notas vincadas nos tao importantes silêncios.

Mafalda Veiga e Sara TavaresSara Tavares é a convidada surpresa que acompanha em dueto “Vestígios de ti”, durante o qual testemunhamos que as duas vozes femininas casam tal como os ritmos africanos e europeus que se escutam. O momento prolonga-se e facilmente se percebe que estamos perante duas das vozes femininas mais singulares das suas diferentes gerações. A mescla de culturas dá-se com harmonia e o abraço sentido entre as duas artistas no fim do segundo tema interpretado é um dos momentos do espetáculo.

“Uma noite para comemorar” é fervorosamente acompanhada pelas vozes do público, enquanto que “Não me dês razão” é mais um tema novo a desfilar.

A cantora solta o seu universo rico em palavras e sons simples, mas vincados em que a harmonia faz sentir uma paz paradisíaca. O piano que arrepia, as luzes que acentuam a atmosfera intimista; com o passar do tempo é fácil nos perdermos em estórias contadas e que facilmente identificamos quer na primeira ou numa segunda bem próxima pessoa.

“Mi Unicornio azul” de Silvio Rodríguez é mais uma versão a desfilar que demonstra a grande influência do período em que a cantora viveu na vizinha Espanha. “Abraça-me bem” é mais momento intenso e cheio de ritmo, depois do qual a cantora se despede, retirando-se do palco.

Hora e meia depois de começar, Mafalda regressa com um tema de Fernando Tordo e o convidado Tiago Maia na guitarra. Os temas mais populares são deixados para a reta final e é assim que “Imortais” é mais um momento intenso cheio de emoção em que a letra e partilhada entre a cantora e o publico. Já no segundo encore soa “Pronuncia do norte” dos GNR, seguida de “Cada lugar teu” que nas palavras da cantora é mais do que dela, do público.

Depois de uma segunda despedida do público, regressam ao palco todos os músicos inclusive Sara Tavares e Tiago Maia para na frente do palco e de pé interpretarem “Restolho” que encerra a noite com chave de ouro.

O formato revelou-se adequado para a apresentação dos temas e a simplicidade e humildade com que a cantora se apresenta apenas sublinham a Paz transmitida pelos temas. Afinal, mais do que uma entertainer ou virtuosa instrumentista ou cantora, Mafalda Veiga é uma cantautora que consegue partilhar sentimentos. Brilhantemente acompanhada por músicos que quer com o piano, trombone, trompete, guitarra ou voz, enriqueceram as composições, contribuindo para que todos os presentes partilhassem o universo de Mafalda, que nos presenteia com um resultado brilhante.

Texto: Pedro Pico
Fotos: Anabela Santos
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