O rapper Subtil decidiu antecipar o lançamento do seu novo disco de originais, previsto editar no primeiro trimestre de 2021, com o lançamento de três músicas inéditas.

Os novos temas inéditos que contam com a produção de Narkou & Beat.Apotheke (07/06/1990), KarmaBTZ & Beat.Aphoteke (Respirar de Alívio) e Dekor (Que Veneno).
Subtil – 07-06-91 [LETRA]
7 de Junho de 91
3 testemunhas na sala do parto
Pela segunda vez a Mena dá à luz
Segundo filho, outro quarto
Eu perdi o brilho com a idade
Na escola nunca fiz sucesso
Para os mais velhos era um puto mimado
Aos 14 o primeiro processo
Primeira tarde de excessos
O primeiro charro
Na primária já tinha versos
No 6o já tinha catarro
A funcionária não gostava dos blacks
Nem dos brancos que vinham de autocarro
Num sítio onde ciganos são dreads
E todos os dreads bebem do jarro
A vida é vida para além do barro que pisamos
A rua onde nos conhecemos
Tem uma Lua que admiramos
E amamos quando menos sabemos
E eu só me entrego a este rap
Recarrego energias
Nem sempre foi some e segue
Esquivei a bófia todos os dias
Hoje é diferente mano
Consciente mano
Que muitos não têm consciência para entrar no plano
E falo por experiência própria
Auto-suficiência não é cópia do ramo
Cresci a ver o carocho a dar na gringa
A brincar às escondidas, o avô na pinga
Dividi o que tinha e não tinha
Com pessoas que não eram da minha família
Dei love, chorei ódio
Estou feliz, fui eu próprio
Sempre fiz porque quis
E nunca quis chegar a casa sóbrio
Sinto um peso nas costas
Hoje nem a morte me trava
Eu e ele, bancada de apostas
Mas nem com 100 tropas nas costas se safa
Nem fez mossa, nem deixou marca
A rua é nossa, “sa foda” o autarca
Deram-me uma fossa e eu arranjei o mapa
Do tesouro da casa de um patriarca
Se um dia eu souber a pass digo-te
Quase, quase, que foste meu amigo
Tudo é uma fase
Mas a minha frase tem que ter sentido
1.40
Tem que ser sentida e eu devia ter ouvido mais a minha mãe
Mas eu assumo as culpas, fica mal dizer que foi influência de alguém
As minhas lutas são minhas, não costumo fazer mal a ninguém
Sem muito mais espaço para mais entrelinhas, apago a que vai, escrevo a que vem
Um trevo sem folhas, uma vida sem alma
Nunca fui bom a fazer escolhas nem a fazer as coisas com calma
Cada som é um som que emite o que permite abafar a dor
A dor é um tipo que eu tipo já nem dou valor
Ainda tenho quem me faça acreditar no amor
E eu vou regar essa flor
Ainda me empenho num desenho sem cor
E eu não quero alimentar esse choro
Ainda tenho um longo caminho pela frente
E seja como for
O que tiver que ser será mas isso sou só eu a supor
Sou eu a compor sobre tudo quando tudo gira em torno do amor
Mas esse tudo só gira com combustível no motor, insensível à dor
Ou faço-me de forte, faço-me à sorte, o meu corpo é só o transporte
De uma alma à deriva, o karma da vida, um caminho para a morte
Um cantinho na morgue todos temos
Um lugar no céu é que eu já não sei
O que eu sei é o que o que todos sabemos
E eu só sei que nada sei a teu respeito
E eu não tenho direito de julgar ninguém
Por isso respeito quem se dá ao respeito
Dentro e fora do armazém
Dentro e fora eu sou o mesmo, fora e dentro eu fiz o mesmo
Até perceber que eu sou mais do que isto, basta apenas eu ser mesmo
Basta apenas fugir dos problemas, pensar positivo até obtermos
O querermos da vida não é o contrato em si, são os termos
Não há maçã que não comamos
Não há amanhã se não comermos.
Subtil – Respirar de Alívio [LETRA]
De onde eu venho só respira fundo quem tem fundo para isso,
Isso é ainda um sítio mais fundo que respirar de alívio
Equilíbrio, água para regar o lírio
Mas vi um vídeo sobre a seca mundial, uma seca de hora e tal
Quando o verdadeiro martírio é este
Desequilíbrio social
O meu delírio mental é indesejado como um sírio
Mesmo depois do teu Deus crucificá-lo
Aqui não há quem não transpire atrás do prejuízo
Mesmo isso sendo um sítio longe para quem morre em serviço
Dar o corpo à máfia ou a vida pela pátria
Quando é o nosso amor próprio que precisa de prática
Mas praticamente nada nada em água doce
E muitas das vezes é a sede que mata a fome de um curioso
Entre a espada e a parede até respirar é perigoso
Fosse como fosse, alguém se lembrará do esforço
Que eu fiz para chegar aqui
E ver que afinal de contas há contas que não aprendi
Há merdas que tu não contas por mais que respondas por ti
Nunca escondas a verdade muito longe daqui
Senão ainda a perdes, e ainda há tectos por perto
Abençoados por um avô que troca afectos com o neto
Santificados os meu pecados
Mas se eu não passar das palavras ao actos
Ninguém vai perceber o meu dialecto
Um dia é certo que irá bater, certo certamente
Porque tudo depende dessa certa certeza que tens em mente
E tecnicamente nada é mais forte espiritualmente
Que o teu pensamento, por isso pensa, pensa, pensa
Quando eu já ouvir dizer que quem pensa de mais perde
Tempo involuntariamente a combater o que não percebe
Sempre questionei o tempo pelo tempo que se segue
E para que o amanhã se erga sem que o vosso Deus me leve
Escreve certo por linhas tortas
Eu escrevi sobre amor para tantas porcas
Fui obrigado a usar força para abrir tantas portas
Que hoje não me vejo obrigado a comportar-me como tu te comportas
O meu chefe não renovou contrato, dispensou os meus serviços
Eu alegre com os factos levei as férias a dar improvisos
Jesus, levas os homens a acreditar em milagres
E a acreditar no que tu dizes sem que nos livres destas grades
E eu estou farto de injustiça face à preguiça de alguns
Porque o ordenado base quase não dá chance nenhuma
E todos os dias eu me canso, mas não vejo nenhuns
Benefícios capitais para o lado de quem limpa a vossa merda e arruma
Quase com trinta em cima e tem dias que as dores na coluna
Cantam ainda mais alto que certos clássicos de uma Tuna
Parece que levei uma tuna de porrada
Tipo que eu só respiro de alívio com a dívida paga
De onde eu venho só respira fundo quem tem fundo para isso
Isso é ainda um sítio mais fundo que respirar de alívio
Consciência pesada, eu sei o peso do preço a pagar por isso
E uma escolha errada é tudo o que eu não preciso
De onde eu venho só respira fundo quem tem fundo para isso
Isso é ainda um sítio muito longe para quem morre em serviço
Peace para quem morreu pelo chão que eu piso
Por quem dá tudo sem estar à espera que alguém a valorize
Subtil – Que Veneno [LETRA]
Refrão:
Que veneno é esse
Fez com que eu não me reconhece
E este buraco fez com que percebesse
Quem estava comigo, quem ficava por interesse x2
Eu afastei-me, não só de vocês,
Mas de mim mesmo
Pra’ que eu não caia novamente
No mesmo
E Para que não atraia sempre o mesmo
Eu não posso ser sempre o mesmo
Mas só sei ser eu mesmo, mesmo que isso faça mal
Aprendemos com o erro, mas eu quero evita-lo
Crescemos a cada enterro o que é surreal
Deixar partir alguém para poder idolatra-lo
Vale o que vale
O que é que vale a vida pra’ um chavalo
Que teve tudo desde
do amor dos pais
Há edição especial
Que teve tudo
Tudo a mais
Mais do que é normal
E com a separação dos pais
Nunca mais foi igual
Vale o que vale
O que é que vale a vida pra’ um chavalo
Que nunca teve nada
Nem o que comer no intervalo
Que pouco amor que teve
Era o pai a chicoteia-lo
A vida fez-te homem cedo
Mas isso vale o que vale
Vale o valor que dão e dão mais numa promoção
Pague 4 leve 6 e mais pontos no cartão
“respira”
Muita coisa à disposição
Tira a mão do meu produto e
Põem-te na fila
Espera pela tua vez , nem trouxe-te mascarilha
Fizeram do que tu não vês a armadilha
Eles vão fechar a ilha
Aproveita que o sol ainda brilha
Que eu vou acompanhar os últimos “dogs” da matilha
Refrão:
Mas que veneno é esse
Fez com que eu não me reconhece
E este buraco fez com que eu percebesse
Quem estava comigo, quem ficava por interesse x2
Eu afastei-me ya! Há coisas que têm que ser
Dão-te voltas à cabeça até dares o braço torcer
Fazem todos cara feia, quando trocas uma ideia
Um palco e uma plateia para veres o que é lâmpadas a acender
E é assim que o jogo vira
Até dê uma batida do mira
Eu vou cuspir a minha opinião, sou a oposição
a minha posição ninguém ma tira
Se eu te disser que rimo desde dos 9 dizes que é mentira
Se eu faço um “brownie” com nozes dizes que é mentira
Que eu tenho a carta de pesados dizes que é mentira
Também te quero ouvir dizer que o meu talento é mentira
Retira o que disseste
Perdido no sul, até cantar no sudoeste
Só cuspo assim porque não engulo
O que tu fizeste
Acumulo a raiva toda e cuspo-te na testa
E passas a ser mais um que foi morto pela peste
Fiz da minha arte algo extraterrestre
Depois do treino à sempre dialogo com o mestre
Depois de tudo à sempre boa nota no teste
Tipo que sei a escola toda e nem fiz o primeiro semestre
Primeiro sé honesto primeiro família depois a guest
Primeiro cria condições depois investe
Depois do primeiro passo o primeiro gesto
Depois da uma boa base veem o resto