Home   /   Sem categoria  /   Entrevista | Um Corpo Estranho
Entrevista | Um Corpo Estranho

Um corpo estranho é um projeto originário de Setúbal formado por João Mota e Pedro Franco – contadores de história e anti-histórias.  As suas influências passam pelo rock, blues, spirituals , tango e fado.

O seu primeiro EP homónimo foi lançado em Maio pela Experimentáculo Records e contém 5 temas que aliam letras atuais e comuns aos sentimentos que de nós tomam conta, a uma sonoridade – aparentemente simples – mas repleta de propósito e beleza.

Made In Portugal- Em que contexto surgiram os Um Corpo Estranho?
João Mota – Somos amigos há bastante tempo e, desde que nos lembramos, tocamos juntos em projectos. O Pedro tinha composto alguns temas sobre os quais tinha uma ideia bastante concreta e aliciou-me a trabalhar com ele.

Pedro Franco – Andava bastante entusiasmado com alguns temas que andava a gravar e precisava de uma voz que se enquadrasse na sonoridade. Também não queria ter um projecto hermético porque sempre achei que um processo de composição conjunto faz com que muitas vezes os temas sigam caminhos imprevistos, e isso torna tudo muito mais aliciante e motivador. Convidar o João foi um processo muito natural devido à amizade e cumplicidade que nos une.

MIP- O nome da banda tem algum significado em especial?
J.M. – Foi um nome que naturalmente surgiu no seguimento do que estávamos a sentir com os temas. Foi um caminho novo para ambos em que andámos, por tentativa e erro, a descobrir qual a nossa identidade e isso  foi algo que nos deu um gozo enorme.

MIP- Se tivessem de caraterizar a vossa sonoridade numa frase, qual seria?
P. F. – Primeiro estranha-se e depois entranha-se…?

MIP- Assumem-se como contadores de “histórias e anti-histórias” É vossa intenção
que as letras acompanhem o ouvinte numa reflexão além da música em si?

J.M. – Escolhemos escrever em português porque queríamos que a música provocasse uma resposta imediata, que tivesse algo de familiar. Mas, uma vez escrito, não pensamos muito sobre isso, é um exercício inicial de catarse em que, no entanto, o autor morre aí e passamos a ser novamente ouvintes, como toda a gente, e a reformular o entendimento sobre a letra. Tiramos as nossas impressões sobre as palavras, mas não penso que haja uma mensagem, ou uma moral a retirar. Acho muito importante a forma como musica e letra se aliam.

P.F. – Como ouvintes compulsivos de música gostamos para além da melodia, de uma boa letra. É algo que não pode ser minimizado. Neste projecto quisemos dar importância às palavras. É um desafio que dá bastante gozo e quando se consegue essa simbiose a sensação de satisfação é enorme.

MIP- Que tema sugerem para – quem ainda não conhece o vosso trabalho – vos
começar a ouvir? Porquê?
P.F. – Acho que seria injusto escolher um. São apenas cinco (para já). Escolhemos o “Auto-coacção” e o “Amor em contramão” para os vídeos de promoção, mas todos reflectem de um modo distinto o universo do projecto. Cada um tem a sua “anti-estória”.


MIP- São os compositores de cada a música e a respetiva letra. Como é esse
processo? Moroso?
J.M. – Leva o seu tempo, mas é a parte que nos entusiasma mais. De resto depende do tema. Podemos partir de uma frase, ou de um acorde que deixamos respirar até que se transforme no produto final. Outras vezes reciclamos material que tínhamos na gaveta.


P.F. – É um processo lento.  Todas as músicas têm o seu tempo de maturação. Tentamos respeitar isso e só quando achamos que estão prontas é que as largamos. Até lá é uma luta constante entre nós e a canção.

MIP- Têm tido a oportunidade de tocar ao vivo? Como tem sido a apreciação do público?
P.F. – Temos sido bastante acarinhados. Ainda só tivemos oportunidade de tocar ao vivo um par de vezes, mas a experiência foi positiva.

MIP- Como ambicionam que seja o futuro dos Um Corpo Estranho?
J.M. – Para já estamos a trabalhar em temas novos e a preparar-nos para os concertos que temos agendados. Para o futuro não temos planos concretos excepto fazer boas canções e tentar tocá-las bem ao vivo.

MIP- Como definem atualmente a música em Portugal?
P.F. –  Apesar de todas as contrariedades achamos que é uma altura muito positiva. A facilidade de gravação e de divulgação de música fez com que surgissem muitos projectos interessantes nos últimos tempos. Nunca como hoje se ouviu tanta música feita em Portugal, e de diferentes géneros. Estamos lentamente a aprender a valorizar o que é nosso e isso prova que estamos no caminho certo.

Acompanhe a banda em:

Related Article