“É fixe voltar a casa”, diz Júlio Pereira ao começar o concerto no CCB. Acompanhado por Miguel Veras (guitarra), Luís Peixoto (bouzuki) e Sandra Martins (violoncelo), o músico apresentou, entre histórias e conversas, os temas de “Cavaquinho.pt”, o seu álbum mais recente.

Começando por temas como “Ler Devagar” e “Museu do Fado” (este último uma homenagem ao trabalho feito nas últimas décadas e que resultou no reconhecimento do Fado como património imaterial da humanidade), Júlio Pereira voltou a mostrar que a música popular portuguesa se pode reinventar e modernizar. O fabuloso violoncelo de Sandra Martins  (fantástica executante) é a prova disso mesmo, de que é possível misturar instrumentos tão aparentemente incompatíveis como este e o cavaquinho. Contando histórias sobre a origem de certos temas (“A Dança dos Ponteiros”, um dos mais aplaudidos, foi inspirado no seu ódio de adolescente pelo despertador) e falando sobre as raízes do cavaquinho, o músico guiou o público do CCB por uma viagem que atravessou quer as composições mais recentes, quer outras “já de há quinhentos e três mil anos” (palavras do próprio), como “Celtibero”. Houve ainda espaço para homenagear um dos maiores cantautores portugueses, José Afonso, “o homem que tanto gostava de juntar pessoas e que me ensinou que em sociedade tudo aquilo que fazemos tem de ter um sentido”, disse Júlio Pereira antes de presentear o CCB com “Índios da Meia-Praia”.

Após uma hora e meia, o concerto terminou mas o público, contagiado pelo exímio cavaquinho de Júlio Pereira, não abandonou a sala e os músicos subiram ao palco para o encore com “Pulga Saltitante”. Uma pena que o CCB não estivesse cheio, mas a música preencheu todos os espaços vazios.