Um concerto dos Diabo na Cruz é uma festa em que o Rock e a música tradicional Portuguesa se cruzam em perfeita sintonia. Entre riffs orelhudos e batuques de percussão o público é desde cedo convidado a participar num “bailarico” do século XXI.
A banda entrou em palco de mansinho ao som de “Canção do monte”, mas não foi preciso esperar mais do que uma música para que a sala esgotada largasse as cadeiras e se rendesse ao ritmo contagiante do som dos Diabo na Cruz. Com um jogo de luzes e sombras que enfatizava o vermelho, a banda desfilou um reportório cheio de ritmo. Momentos como o jam em “Tão lindo”, “Loucos” ou “Dona ligeirinha” viram banda e audiência em perfeita sintonia numa comunhão de amor pela música.
Quando o teclista João Gil se dirigiu ao centro do palco, ninguém esperava que chamasse a este a sua companheira de 10 anos e a pedisse em casamento. O momento foi de celebração já que se ouviu um “Sim” da boca desta e a banda partiu para uma interpretação do mais que apropriado “Casamento”.
O ritmo só acalmou com a balada “Lúzia” que depois de interpretada só ao som dos teclados, viu o resto da banda se juntar para um final em apoteose. Em “Estrela da serra” o vocalista o Jorge Cruz passeou pelo meio do público, dançando com quem dele se aproximou.
Depois de “Sete preces” a banda despediu-se ao som do contagiante “Vida de estrada”. Não foi preciso esperar muito para ver a banda regressar e com “Moça esquiva” Cruz dirigiu-se ao público para iniciar um comboio que culminou numa invasão de palco com um número alargado de membros da audiência a partilharem este com a banda. “Chegaram os santos” foi assim interpretada com um número invulgarmente elevado de pessoas em palco. Ao terminarem a
interpretação deste tema todos os que partilhavam o palco juntaram-se para o agradecimento mais participado que o palco do Tivoli alguma vez recebeu.
Já algumas pessoas se levantavam para se dirigirem à saída quando os músicos regressaram pela segunda vez ao som da celebrada “Mó de cima”, antes da melodiosa “Armário da glória”, que depois de mais um saudoso adeus viu a luzes acenderem e o espetáculo chegar ao seu fim.
No fim da noite tudo se resume ao título do segundo disco de originais “Roque Popular”. A digressão do disco homónimo de 2014 que pelo passou pelo Tivoli de Lisboa na noite de 26 de Fevereiro foi mais um momento de glória para os Diabo na Cruz.