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“Palavras ao Vento” é o novo disco de Pedro Barroso

Que dizer-vos? Que este é um disco de um velho combatente.
Lutou pela Democracia e pela Liberdade; sempre contra a Ditadura, em tempos de negrume, analfabetismo, perfídia e acidez.
Cantou nos cantos livres e, ainda bem jovem, no velho Zip Zip encontrou fresta por onde abriu a porta das canções, dando conta do seu inconformismo contra a guerra colonial.
Arriscou opinião, e, andando em bando com o Zeca, o Adriano e tantos outros, pertenceu a uma geração de coragem que nos fez descobrir Abril como mês da liberdade, do sonho e da utopia.


É o cantor de um país, todo, percorrido para cá e para lá da sua fronteira. Primeiro, no sobressalto da emoção e descoberta; e depois em toda uma vida de labor e busca da estrada verdadeira.
Foi correndo o mundo. Tornou-se um autor consagrado, respeitado e isento.
A vida e a idade calejaram os actos, a experiencia, as obras e o temperamento. Em dezenas de trabalhos em disco e poesia, derivou a sua busca para a ternura interior, o culto da sensibilidade, a elegância, a importância dos momentos únicos no significado das vidas, a história de um velho Portugal adormecido.
Hoje quarenta e cinco anos depois – e tantos companheiros desaparecidos – não admira que, nele, uma velha e indelével chama ainda resista, fabricando em seu peito novas e indesejadas causas.
O desemprego e a fome; a iliteracia e o nepotismo; o abismo entre pobres e ricos; os abusos do poder e da banca; os insultos vindos do exterior classificando como lixo um país com mil anos de honradez e varonia.
Tudo aborda Pedro Barroso, mais forte e contundente que nunca, regressando à fome de justiça e encanto que sempre o determinaram a nunca desistir.


É um autor pletórico de força e inteligência o que aqui encontramos, num acto maior de maturidade e assomo politico.
Inquieto e inconformado, este eterno enfant terrible, misto de contador de histórias e de trovador sem idade, regressa com estas “Palavras ao vento”. Interveniente como não o víamos há muito tempo, mas nunca perdendo a sensibilidade humana de sempre, a dignidade, o poder de observação.
De facto, ao ouvirmos este disco, sentimos que esses quarenta e tal anos não passaram. O tempo apenas lhe dá mais autoridade e ensinamento.


Resta-nos ouvir o homem que nunca se vendeu, nem venderá, nesta feira de sabores ao gosto, quantas vezes, da efemeridade, das audiências, da cupidez e do mau gosto.
A Editora Ovação tem pois, uma vez mais, a honra de apresentar um produto que, mais que um disco, é um marco na opinião; uma pedrada no presente e no futuro; um acto de Liberdade maior. Esperado pelos seus indefectiveis. Esperado por todos nós.


Pedro Barroso atira-nos estas palavras ao vento.


Fonte: Antena 1
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