Home   /   Sem categoria  /   António Zambujo – Com a música no Mundo e o coração no Alentejo
António Zambujo – Com a música no Mundo e o coração no Alentejo

Poderíamos definir António Zambujo como um “cantador de histórias”. Artista entre o fado e a música brasileira, passando pela música tradicional portuguesa e ritmos africanos, António Zambujo deixou rendido o Coliseu de Lisboa pela segunda vez na sua carreira. Mais um sucesso a somar a tantos outros. “Rua da Emenda”, o seu álbum mais recente, serviu de base para o concerto, onde couberam também vários temas de outros discos. Como sempre, há espaço para tudo num concerto de Zambujo.
Acompanhado por Bernardo Couto (guitarra portuguesa), José Manuel Conde (clarinete) , João Moreira (trompete) e Ricardo Cruz (contrabaixo e direcção musical),  Zambujo navega entre canções de tom mais dramático, como “Casa Fechada”, e outras, como “Flinstones” (“sobre aquelas coisas que um homem diz a pensar que está a enganar as mulheres”) e “Tiro Pela Culatra”, cujas letras hilariantes são magnificamente interpretadas pelo jeito malandro do cantor. Em “Canção de Brazzaville”, com letra de José Eduardo Agualusa, o tom de Zambujo torna-se jazzy, a contrastar com “Poema dos Olhos da Amada” e “Apelo”, poemas de Vinicius de Moraes que Zambujo canta com ares de bossa nova. Entretanto, “Foi Deus” é também entoado, começando a capella e depois apenas acompanhado a contrabaixo.

Entre canções e histórias, como se estivéssemos numa conversa entre amigos, Zambujo fala “desta União Europeia que une para umas coisas e desune para outras”, recolhendo aplausos, e refere o orgulho que tem nas suas raízes. “Viva o Alentejo!”, “Viva o Cante!”, grita o público. Sobem ao palco Bernardo e Eduardo Espinho, dois irmãos vindos do cante, para cantar duas modas alentejanas, “Quinta-Feira da Ascenção” e “Para Que Quero Eu Olhos”. Um momento comovente, sem dúvida um dos melhores da noite.
“Estamos a chegar ao fim”, anuncia Zambujo, após mais algumas canções, e segue com “Algo Estranho acontece”, “Reader’s Digest”, “Flagrante” (cantada mais pelo público do que pelo artista) e a tão esperada “Pica do Sete”, o tema mais famoso de “Rua da Emenda”. Os músicos saem mas, perante um público que se recusa a abandonar a sala, voltam ao palco para tocar “A Tua Frieza Gela” e “Zorro”. Voltam a sair, mas o público insiste mais uma vez e António Zambujo volta para tocar, acompanhando-se à guitarra, a lindíssima “Valsinha” de Chico Buarque e, por fim, “Lambreta”. “O primeiro concerto que dei em Lisboa foi no Teatro da Trindade e estavam aí umas vinte pessoas. E agora estou no Coliseu…”, diz. E que continue assim. Venham mais e mais salas para receber novos vôos deste artista cuja música é do mundo e o coração do Alentejo.

Texto: Adriana Dias
Fotografia: Márcia Filipa Moura ( www.facebook.com/marciafilipamourafotografia )
Related Article