ALMA FÁBRICA é uma banda de operários e funcionários, que rodaram no ano de 2011 um espetáculo audiovisual envolvente e artisticamente rico baseado sobretudo na sua demo homônima, lançando agora na edição oficial do seu primeiro trabalho em disco, um “Estranho fruto” editado pelo Movimento Alternativo Rock (MAR).

Sucessor da demo homónima da banda (em 2011), “Estranho Fruto” é o primeiro longa duração dos Alma Fábrica, gravado por Sérgio Dinis, ex-Iconoclasts que colaborou também com MulherHomem, outra banda que integra o vasto cardápio do MAR.

O registo, que conta com seis faixas, foi imaginado e produzido pelos quatro músicos que compõem a Alma Fábrica.
As letras pertencem a Bruno Broa, um dos dois vocalistas, teclistas e guitarristas, à excepção de “Tropeço” e “Chuva”, escritas, respetivamente, por Andreia Radley e Miguel Alves. Sérgio Dinis (também na voz, teclas e guitarra), Bruno Cristo (baixo) e Filipe Paradela (bateria) completam o grupo.

O intimismo do rock salpicado de jazz com que a banda se apresenta está bem presente nos seis temas propostos em “Estranho Fruto”, de onde se destacam as mais aguerridas e inflamadas, em termos líricos, “Estranho Fruto” e “Segunda Pele”, ou a saudosa “Chuva”.

É o esforço poético que dá alma ao trabalho dos quatro operários musicais. Agora é o momento escolhido para a apresentação do resultado final da labuta por se tratar da altura em que se abate a poeira e a balbúrdia que o verão transporta.
É quando volta a haver espaço para a calma, contemplação com a devida demora e melancolia suficientes para ouvir, sentir e guardar as palavras e pinceladas de piano, numa composição que se mede em quilates.

O álbum tem como temas fortes a felicidade extraviada e a repugnância por um mundo que os músicos se «recusam a regar» (“Quebrado”). Os versos lentos de “Chuva” «troco um punhado de ansiedade por um pedaço de memória / (….) troco um punhado de ansiedade por um pedaço de ti» são igualmente um fiel cartão de visita do que há para saborear deste “Estranho Fruto” – está maduro e faz bem ao corpo – pelo menos ao espírito.