Cristina Clara é autora e intérprete de “Primavera”, tema que faz parte da edição deste ano do Festival da Canção 2024 de onde sairá o tema que representará Portugal no Festival da Eurovisão.
A canção é uma parceria com um dos mais destacados e originais compositores cabo-verdianos da sua geração – Jon Luz – com quem desenvolveu um trabalho de pesquisa sobre as linguagens musical e poética do Fado e da Morna. Primavera, com poema de Cristina Clara é o original apresentado este ano no maior certame televisivo de música do país.
Cristina Clara, cantora e autora natural de Vila Nova de Famalicão no Minho, é enfermeira, tendo-se licenciado no Porto.
Durante 15 anos a enfermagem conviveu por turnos, com a música o teatro. Não raras vezes acordava enfermeira no maior hospital do país para adormecer cantora no bairro de Alfama.
Em 2021 lançou o seu album de estreia “Lua Adversa”, um disco Antena 1 distribuído pela Sony Music, com o apoio do Museu do Fado.
A viver em Lisboa desde 2005, a artista explora neste seu primeiro trabalho, a Lisboa contemporânea, inspirada pelos permanentes diálogos inter-culturais em que se envolve. Ao longo do seu percurso trabalhou com músicos de Portugal, Cabo Verde, Brasil, Argentina, Afeganistão e Espanha, entre outros. Apaixonada pela canção tradicional, integra agora nos seus concertos alguns dos instrumentos que lhe estão associados como o adufe, as tracanholas ou o pandeiro quadrado.
Desde o lançamento do seu primeiro disco, tem tido um percurso ascendente e vários foram os palcos pelos quais passou, nacionais e internacionais. Destacam-se o Festival Nos Alive, o Teatro da Trindade em Lisboa, o ciclo Há Fado no Cais no Centro Cultural de Belém, a Atlantic Music Expo em Cabo Verde, a Casa de Portugal de S. Paulo no Brasil ou o Centre Culturèl des Artes Plurièls no Luxemburgo.
Cristina Clara irá atuar no Festival da Canção na segunda semifinal, a 02 de março.
Cristina Clara – Primavera [LETRA]
Oiço em silêncio o som da minha voz
Animam-se nos lábios as palavras
E da noite dos olhos nascem estrelas
Evapora-se o inverno tão veloz
Acendo a primavera feita fogo em mim
Alada, a minha saia de andorinhas
Vai rasgando no céu, nuvens daninhas
Que exilaram o sol do mar sem fim
Num alvoroço que acorda a minha pele
Oiço o som do jasmim a abrir em flor
É tempo de florir em tom maior
Sigo sem pressa de chegar
Faço da minha voz, a minha asa
E a cada novo inverno, hei-de cantar
Nunca um flor tá a virar botão depois dele florir
Depois de fogo, natureza tá a virar cinza na camida pa’ pode renascer
Tempo frio, que tá esperar
Não haverá calor
Num alvoroço que acorda a minha pele
Oiço o som do jasmim a abrir em flor
É tempo de florir em tom maior
Sigo sem pressa de chegar
Faço da minha voz, a minha asa
E a cada novo inverno, hei-de cantar