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Entrevista | Blind Zero “Temos sido imensamente felizes em todo este percurso”

BREVE BIOGRAFIA


Nascidos na década do rock e do grunge, na altura em que a música feita nos EUA e em Inglaterra invadia o nosso país e era consumida em grandes doses, os Blind Zero (atualmente, Miguel Guedes/ Nuxo Espinheira/ Pedro Guedes/ Vasco Espinheira) formaram-se em 1994. Foram a primeira banda portuguesa a gravar um álbum de rock cantado em inglês – “Trigger” – que rapidamente atingiu o galardão de disco de ouro.
No seu currículo contam ainda com a participação no SCYPE (Song Contest for Youth Programs in Europe), festival que reúne bandas de todo o continente europeu, com um tema original, «My House», que os sagrou vencedores do concurso.


A convite da MTV atuaram em Milão no “MTV Live”. Desse concerto surgiu, até ao momento, o único DVD dos Blind Zero. No final desse ano (2003) venceram a categoria Best Portuguese Act, cerimónia de entrega de prémios do MTV Europe Music Awards, tendo sido a primeira vez que a MTV atribui-a um prémio a uma banda portuguesa.


Reconhecidos pela sua ousadia e sentido de percurso, os Blind Zero estão sempre disponíveis para um bom desafio. Recorde-se a forma como festejaram 13 anos de carreira, percorrendo as cidades do Porto, Coimbra e Lisboa em cima de um autocarro, tendo realizado 13 concertos. Ou mais recentemente, no último Natal, o concerto que deram suspensos no ar, na baixa portuense.


“Kill Drama” é o 7º álbum de originais dos Blind Zero. Este disco conta com a participação de 150 fãs que, a convite do grupo, gravaram coros para algumas músicas no Coliseu do Porto.


Em entrevista, Miguel Guedes, vocalista da banda, falou-nos do percurso da mesma, do novo disco e dos projectos para o futuro.

Made in Portugal: Para o ano fazem 20 anos de carreira. Qual o balanço destas duas décadas?
Blind Zero: Extraordinário. Temos sido imensamente felizes em todo este percurso. Temos menos discos gravados do que gostaríamos, porventura, mas o tempo acabou por nos limitar ao que aconteceu. Por outro lado, demos imensos concertos e aí não nos poupámos. Estamos muito agradecidos a quem nos ouve e a quem nos permite fazer parte das suas vidas.

MIP: Já estão a pensar na grande festa?
B. Z.: Já temos algumas ideias, umas mais concretizáveis que outras. Mas certamente que vamos comemorar os nosso 20 anos com alguns eventos marcantes.

MIP: Apresentaram no mês passado o vosso sétimo álbum de originais, Kill Drama. Qual o conceito deste novo disco?
B. Z.: É o nosso disco mais português de sempre, aproxima-se mais das pessoas pelo contexto actual que vivemos. Fala sobre gente, sobre gente num país a tentar sobreviver, a ter que emigrar, a cultivar relações à distância, a dar tudo para ter pouco. Fala de amor e ódio. É um disco sobre vingança, sobre o direito à vingança. Mas é um disco positivo, de rock, com canções. Uma espécie de “Kill Bill” à portuguesa.

MIP: Afirmaram ser um disco mais político que os outros. Pode-se falar de uma componente interventiva nos temas ou trata-se apenas de um relato do que se vê em Portugal atualmente?
B. Z.: É um retrato mas é sobretudo também uma interpretação sobre Portugal. Vivemos a maior crise desde que nos conhecemos como pessoas, dificilmente isso nos poderia passar ao lado.

MIP: No vosso trabalho anterior, Luna Park, tiveram algumas questões criativas e decidiram remodelar o álbum.  Como as ultrapassaram? 
B. Z.: Os bloqueios só se ultrapassam com vontade. E foi assim que aconteceu. Demorámos 5 anos a compor o “Luna Park”, a dada altura pensámos que não iria acontecer. E de repente aconteceu de rajada, subitamente, como um “tornado”. Ficámos muito felizes quando recuperamos a magia de fazermos coisas juntos.

MIP: Essa decisão influênciou a maneira como este novo disco foi feito?
B. Z.: Não. Pura e simplesmente não quisemos esperar mais cinco anos para ter outro bloqueio. Pouco depois do fim da tourné do “Luna Park” começamos a escrever canções novamente. Nada melhor do que nos sentirmos vivos quando escrevemos canções.

MIP: Recentemente atuaram no palco do Meo Like Music. Como foi a experiência de tocar para um público ‘virtual’?
B. Z.: Realmente distinta de qualquer outra. O início é muito estranho mas depois vamo-nos habituando e “curtindo” a circunstância. No fim acabámos a fazer a “hola” para um público virtual. Adorámos e acho que o concerto foi bom e ficou bem gravado.

MIP: Como banda assistiram ao boom da internet e mais concretamente das redes sociais. Como vêm esta nova relação de promoção dos artistas com os seus fãs e o público em geral?
B. Z.: É uma relação estupenda desde que não mine o equilíbrio que deve existir entre quem ouve e quem faz. Acho que há muita gente que “saca” discos que nunca ouve por mero sentimento de propriedade, de possuir, de ter. É uma outra forma de consumismo. Mas é inegável que a comunicação mudou para uma relação de mais imediatez e rapidez. Mas, não necessariamente, para uma relação de maior proximidade.

MIP: Como está a vossa agenda para este verão: muitos concertos?
B. Z.: O “Kill Drama” saiu à relativamente pouco tempo, a agenda está nesta altura a organizar-se. Mas é ao vivo que este “Kill Drama” se tem que revelar, é nos concertos que encontramos a nossa cara metade. Esperamos tocar muito.

MIP: Como definem, atualmente, a música em Portugal?
B. Z.: Muitas coisas boas estão a acontecer em todo os lados do país. Vivemos bons tempos criativos. Mas o centralismo ainda é uma realidade difícil de combater.

Acompanhe a banda em: 
https://www.facebook.com/Blindzero
http://www.blindzero.net/
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