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Entrevista | Coração Noir «Fazer cada vez mais e melhor, compondo e tocando a música que gostamos»

No ano de 2014 nasce em Lisboa o projecto Coração Noir, com a reunião de Pandora (voz), Bruno Vicente (guitarras), Jaime Oliveira (piano e teclados), Vasco Corisco (baixo) e Pedro Marques (bateria).

O primeiro single chama-se “Coração Noir”, foi editado no passado dia 2 de outubro em todas as lojas digitais. Presentemente os Coração Noir encontram-se em fase de gravações para o primeiro registo de longa duração, exclusivamente composto por temas originais, que irá ser lançado em 2016.


1. Como surgiu os Coração Noir? Já se conheciam antes?
Olá e obrigado pela oportunidade! Acumulamos já alguns anos de ‘estrada’ na música, e embora alguns de nós tenham tocado juntos no passado, esta foi a primeira vez que nos reunimos todos. A génese e o rascunho das orientações sonoras e estéticas dos Coração Noir fermentaram durante um par de anos na cabeça do Pedro, até que se criaram as condições para avançar com o projecto. Essencialmente foi uma questão de se reunir um conjunto de pessoas certas que estivessem em sintonia com essas orientações. Quando o Pedro fundou os Coração Noir chamou o Jaime para as teclas, que por sua vez recrutou o Vasco, com quem já tocava. Na altura estávamos ainda com outra vocalista e a Pandora veio mais tarde. O Bruno, que já tocava com o Pedro noutros projectos, entrou um pouco antes da Pandora, quando se sentiu a necessidade de enriquecer o som com as guitarras. E assim ficámos os cinco membros actuais da banda.

2. Curiosidade: porquê Coração Noir para nome da banda?
Podia dizer que tem que ver com a sonoridade, mas é mais que isso. O coração representa esse impulso que muitas vezes conduz o homem pelos seus caminhos e escolhas pessoais. Umas vezes esses caminhos são mais luminosos, outras vezes mais sombrios e tortuosos – mais noir. Nós exploramos a estética desses caminhos mais sombrios, gostamos de pensar que interpretamos uma pop com essa veia mais nocturna. O nome reflecte isso. Adicionamos ainda o fascínio pelo cinema, em particular o film noir, que tem características que consideramos comuns aos ambientes que procuramos recriar – a cidade, a noite, a femme fatale, as relações impossíveis…

3. Recentemente lançaram o single “Coração Noir”. O facto de intitularem o tema com o nome da banda é por o tema definir bem a vossa sonoridade?
Acabou por ser uma coincidência. O tema, cuja letra já está feita há um par de anos, tinha outro nome que não nos agradava especialmente, e quando estávamos às voltas com sugestões para o mudar, o Vasco sugeriu que ‘Coração Noir’ assentava bem e fazia sentido com a letra, a assim ficou. Tudo isto aconteceu ainda antes de decidirmos que esse iria ser o nosso primeiro single. O facto é que isso já gerou algumas confusões, do tipo “mas afinal isso é o nome da banda ou da música?”

Serão 10 temas que podemos classificar como pop, ou pop rock nalguns casos

4. Encontram-se a preparar o vosso álbum de estreia. O que nos podem para já desvendar do disco?
Serão 10 temas que podemos classificar como pop, ou pop rock nalguns casos, todos eles com as suas particularidades mas com um fio condutor que passa igualmente pelos textos. Damos alguma predominância ao piano, que é um instrumento com uma grande versatilidade, e os anos 80 sentem-se muito quando nalguns temas esse piano é substituído pelos sons dos sintetizadores analógicos que remetem para a pop electrónica dessa década. Esta faceta não está presente no primeiro single, que tem um som mais acústico, por isso vai ser preciso esperar pelo álbum.

5. O vosso single de estreia íntegra a banda sonora de uma das novelas da SIC. É uma mais valia para a projeção da vossa música?
Claro que sim, para nós foi uma excelente oportunidade para fazermos a nossa música e o nosso nome chegar a mais gente. Tivemos a sorte de termos sido recebidos pela Farol Música para editar o single (obrigado, Farol!), e através deles chegámos à SP e à SIC, que acabaram por selecionar o tema ‘Coração Noir’ para a novela Coração D’Ouro. E, com efeito, é só ligar a televisão na SIC em prime time que é muito provável apanhar-se um excerto da música.

Queremos fazer cada vez mais e melhor

6. Quais as vossas ambições para o futuro?
Nunca é fácil responder a essa pergunta… Gostamos de ter os olhos postos no futuro, mas dando um passo de cada vez. Para já, estamos a promover este primeiro single e estamos em estúdio a gravar os temas para o álbum de estreia. Nessa altura, começaremos também com os concertos ao vivo, e depois virão mais singles, mais álbuns, mais concertos… Acima de tudo, queremos fazer cada vez mais e melhor, compondo e tocando a música que gostamos, mas nunca perdendo de vista que fazemos música para pessoas que idealmente gostam tanto de a ouvir como nós de a compor. Haverá ainda, evidentemente, projectos pessoais – musicais ou não – mas que já extravasam a esfera dos Coração Noir.

7. De um modo geral como definem a música em Portugal?
Quando penso na música feita em Portugal, gosto sempre de reservar um lugar especial para aqueles que conseguem, através de processos de (re)invenção e fusão, criar a sua própria linguagem, que passa por assumir essa portugalidade: os Dead Combo, o Manuel João Vieira, o Rodrigo Leão, o B Fachada, os Fandango e muitos outros são músicos ou bandas que têm uma alma portuguesa muito própria (cada um à sua maneira). Mas mesmo quando falamos de música que soa a inspiração importada – e não há desprimor nenhum nisso, pelo contrário – também têm surgido recentemente bons trabalhos. Para citar dois exemplos muito recentes, os Cave Story, que estiveram em novembro no Vodafone Mexefest, e os Pista são exemplos do que de bom se anda a fazer hoje por cá entre as novas gerações.

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