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David Carreira «Eu gosto de tentar sempre algo mais» [entrevista]

Dama do Business” é o novo single de David Carreira. Este tema que integra o mais recente trabalho do jovem cantor “3”, conta com a participação de Plutónio. O vídeoclip que só está visível para maiores de 18 anos tem uma linguagem mais crua e suja no seguimento do enredo das 8 músicas do disco, que contam uma só história.

Em entrevista David Carreira falou-nos mais deste novo single e respectivo videoclip, bem como projetos para o futuro. Conversámos também com Plutónio que nos falou da experiência de trabalhar com o David.
David Carreira

David Carreira

David Carreira: “Há oito músicas e oito videoclips que formam uma história”

A propósito do teu novo single “Dama do Business”, é um tema que irá dar que falar, não só pela música em si, mas também pelo videoclip. O que te levou a realizar um videoclip assim arrojado?
Foi para seguir basicamente a onda da música. Por si a música já tem essa onda mais dark, mais beat também na letra e eu queria seguir basicamente essa onda no vídeo, queria fazer a ligação. No álbum há oito músicas e oito videoclips que formam uma história e eu queria que nessa parte dessa história – na parte da “Dama do Business” – houvesse uma onda mais dark e um pouco mais pesada.

O final do videoclip dá a entender que haverá continuação e como referiste que haverá oito videoclips, que contarão uma história…
O final deste videoclip já está em ligação com o videoclip “Primeira Dama” que saiu à um ano. Neste momento ainda só lançamos três vídeos deste álbum, o “In Love”, “Primeira Dama” e agora a “Dama do Business”, quando lançarmos mais um quarto e quinto videoclip, as pessoas vão começar a perceber a ligação de todos os vídeos.

É uma forma de o público ir percebendo a história que há por trás deste álbum

O facto de ires lançando novos videoclips de temas que integram o teu mais recente álbum é uma forma de dares a conhecer ao máximo o disco?
A música hoje em dia fica rapidamente… não digo fora de moda, mas é que as pessoas tem tanta música nova para ouvir que um álbum em três meses fica um álbum já quase antigo. Portanto, esta ideia de ir apresentado pouco a pouco vários capítulos de uma história é uma forma de prolongar ainda mais a vida de um álbum e é uma forma de o público ir percebendo a história que há por trás deste álbum.

Este novo single conta com a participação de Plutónio. Como é que surgiu esta colaboração?
Foi muito bom. Eu conheci o Plutónio em estúdio, estava a trabalhar no álbum cá em Portugal e ele estava em estúdio a trabalhar com o Richie Campbell e acabámos por nos encontrar. Eu já tinha este beat da “Dama do Business” e uma ideia também de história e ele do lado dele começou também a trabalhar na música e já que essa onda mais trap é mesmo a especialidade dele e ele conhece, mais do que eu, muito bem este género musical, eu sou mais ligado a tudo o que é eletrónico e bpms mais elevados, então foi ele que acabou por fazer grande parte da composição da música.

Já se está a criar uma nova geração de artistas que também aposta muito nessa onda internacional e portuguesa ao mesmo tempo

Em conversa com o Plutónio ele elogiou bastante a tua dedicação e o facto de te desdobrares com outros projetos. Disse inclusive que o que fazes em Portugal está muito à frente do que aqui é feito. Pergunto, o teu objetivo é sempre fazer mais e mais e tentar que a música em Portugal se aproxime mais do que se faz lá fora?
Eu também partilho da mesma opinião em relação ao Plutónio, porque também acho que a música que ele faz no hip-hop é algo muito internacional, é uma cena que pouco a pouco vai-se vendo cada vez mais em Portugal, acho eu. Na minha opinião ele é um dos pioneiros do hip-hop com essa onda mais americana, mais francesa também e eu gosto dessa ligação com o hip-hop internacional. Portugal é um país que não tem uma grande cultura do pop e hip-hop internacional e pouco a pouco isso vai entrando cada vez mais, sinto eu. As pessoas estão cada vez mais habituadas a ouvir rap, cada vez mais habituadas a ouvir Drake, Rihanna, a ouvir Beyoncé… e sinto que pouco a pouco vai haver mais artistas, aliás já há alguns artistas a fazer essa onda também…

Eu nos álbuns anteriores, não neste, tive dificuldade em encontrar equipas portuguesas de composição, de makers, etc, para trabalhar comigo, porque nem sempre consegui encontrar a sonoridade fresh internacional que eu queria. Neste álbum já consegui porque já há malta como os Karetus, que na onda eletrónica são brutais, como o Plutónio a nível de melodias, o Kasha dos DAMA, o Agir… sinto que já se está a criar uma nova geração de artistas que também aposta muito nessa onda internacional e portuguesa ao mesmo tempo.
Eu gosto de tentar sempre algo mais, arriscar sempre um pouco mais. Há muitos artistas que nunca querem arriscar e não querem sair da zona de conforto, mas eu acho que vamos sempre melhorando e crescendo mais quando se sai da zona de conforto.

O álbum “3” é disco de ouro, recentemente foste considerado Artista do Ano na gala dos Trend Music Awards e segundo um estudo publicado na Blitz és o artista mais mediático em Portugal. Consideras que esta é a melhor fase da tua carreira até ao momento?
Não sei se é a melhor fase mas é possivelmente uma das melhoras fases, sim. Eu neste momento já tenho cinco anos de carreira e acho que isto é por fases. Há fases em que está tudo a correr bem e há outras que nem sempre tudo corre bem.
Este álbum era muito importante para mim, porque era o terceiro (editado em Portugal), e é sempre importante num terceiro álbum conseguires manter cá e o teu público crescer contigo, isso é muito importante quando queres criar uma carreira e o público fique fiel a ti. Este álbum era muito importante e fiquei muito tempo em estúdio a trabalhá-lo e sinto que está a correr bem. Temos já vários concertos para este verão e sinto que até a crítica e o facto de receber alguns prémios é sempre positivo, mostra que vale a pena ficar em estúdio até ás 6h da manhã.

Quanto ao concerto 360 que deste o ano passado no Campo Pequeno, tendo o mesmo sido gravado para ser lançado em DVD. Já há data prevista para o lançamento do dvd?
Já temos uma ideia de datas, mas brevemente havemos de lançar. Hoje em dia os DVD’s são algo que as pessoas já nem compram porque é raro ter DVD’s lá em casa, é tudo por computador, que alguns já nem tem leitor de DVD, mas é algo que fica para os fãs e para as pessoas que acompanham mais a minha carreira. É sempre algo que fica para eles e para mim também. Havemos de lançar brevemente.

A nível internacional, como está a correr a tua carreira em França? Irás lançar um novo disco francês?
Neste momento já tenho metade do disco feito. Durante este mês de março regresso a Paris para finalizar mais um pouco o álbum e preparar já o single que vamos lançar este verão em França.
Em Portugal, no mês de abril iremos ter a reedição do álbum, na qual vai ser basicamente duas reedições do álbum português, uma das edições será uma edição toda branca com temas inéditos mais pop e a segunda reedição será uma reedição toda preta com outros temas inéditos mais agressivos, mais hip-hop. Isto para Portugal. Para França é o novo álbum que irá lá sair depois do verão.

EM CONVERSA COM PLUTÓNIO

Queríamos algo que nos pudesse deixar no topo daquilo que se faz em Portugal e acho que dentro do género não temos uma coisa assim com tanta qualidade e trabalho

Como foi colaborar com o David Carreira no videoclip e aquando da gravação do single?
Assim que eu conheci o David, demo-nos logo muito bem e quando entrámos em estúdio as coisas surgiram muito naturalmente. Para mim foi uma experiência marcante. Foi uma experiência que eu não estava à espera e acho que o público também foi apanhado de surpresa com a “Dama do Business”. Quanto à gravação do videoclip, levou algum tempo a ser pensado e estruturado e nós tivemos todo o cuidado em todo o tipo de ideias, foi um processo demorado, deu trabalho, mas nós queríamos algo que nos pudesse deixar no topo daquilo que se faz em Portugal e acho que dentro do género não temos uma coisa assim com tanta qualidade e trabalho. O David é exigente naquilo que ele faz, para mim foi bom trabalhar com pessoas exigentes.

Plutónio

Plutónio

Relativamente ao facto do David Carreira ser um jovem criativo e bastante exigente, quando começou a trabalhar com ele surpreendeu-o ele ser assim?
Sim, eu não estava à espera, pensei até que o David fosse uma pessoa mais relaxada, mas ele é uma pessoa que se dedica muito ao que ele faz. Havia dias em que ele estava em gravações da novela e gravações do álbum, dias em que ele dormia 4 horas… ele desdobrava-se para puder fazer as duas coisas, ou seja o nível de exigência dele para com ele próprio é muito alto e eu aprendi muito estando perto dele com tanta vontade de querer fazer as coisas.

Consideras que é com jovens como o David Carreira e quem colabora com ele, que arriscam, que se dedicam, que a música portuguesa poderá ir mais além e passar a ser respeitada e não acharmos só que o que vem de fora é que é bom?
Sem dúvida. Quando eu disse que foi uma boa experiência trabalhar com o David é por ele não tem preconceitos musicais e percebe o que se faz no mercado lá fora, seja na França, na América… Ele percebeu que eles já deram esse passo em frente, e ele foi um dos primeiros a dar esse passo em frente, pelo menos no registo musical dele, a prova disso é, por exemplo, o concerto no Campo Pequeno, um espetáculo 360º é algo que não se vê com tanta facilidade, nem mesmo às vezes com artistas de fora e ele sendo português e tomar riscos tão grandes é sem dúvida para ser levado em conta.

A música que os jovens de agora estão a fazer, estão a receber a herança dos mais velhos, e nós temos que saber honrar aquilo que já foi feito pela música portuguesa e está na nossa responsabilidade fazermos com que a música possa chegar a outro nível e sem dúvida que aquilo que o David está a fazer é levar a música portuguesa a um próximo nível.
Eu gostei tanto de trabalhar com o David e a experiência foi tão boa para ambos os lados que nós já estamos a trabalhar numa música que em breve o público vai ouvir falar.

Entrevista realizada por: Daniela Henriques

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