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Entrevista | A Jigsaw «é o nosso disco mais negro de sempre»

Três anos da edição do seu último trabalho de estúdio, os multi-instrumentistas Jorri e João Rui tem novo álbum: “No True Magic”. As raízes continuam a ser o Folk, o Blues, a literatura e um conceito: “a imortalidade”. 
Em entrevista a dupla desvendou-nos um pouco mais deste novo trabalho, gravado em Coimbra no Blue House Studio.

 

«É um álbum que reúne toda a nossa experiência até ao momento de hoje»

MIP: Três anos depois da edição do último trabalho de estúdio, regressam com “No True Magic”. Como definem este novo trabalho?
A Jigsaw: É um álbum que reúne toda a nossa experiência até ao momento de hoje. Como gostamos de estar em constante aprendizagem e tentar sempre melhorar a nossa arte, este álbum é o fruto dessa luta constante pela excelência. Será sempre complicado definir um trabalho discográfico se este não for enquadrado no seu contexto. Dado que existe um conceito por detrás deste álbum; que o sustenta e para o qual todas as canções foram criadas para o servir, então essa explicação torna-se mais simples. Pelo menos a explicação.

MIP: Que diferenças encontramos neste novo álbum, em relação ao anterior?
A Jigsaw: Como dizia anteriormente este álbum reúne a nossa experiência adquirida. Assim, a grande diferença será naturalmente do que experienciámos desde a criação do anterior. Como se trata do nosso quarto álbum, há certezas que se tornam mais certas ainda. Especialmente a certeza de que tem de haver uma razão por detrás de tudo aquilo que no álbum está. Em cada acorde, em cada palavra, em cada silêncio.

«é o nosso disco mais negro de sempre»

MIP: Consideram que este novo trabalho é o mais negro de sempre? Mas também o melhor?
A Jigsaw: Que é o nosso disco mais negro de sempre não temos quaisquer dúvidas. Pelo menos do ponto de vista lírico e da narrativa. Quanto a ser o melhor, poderíamos hesitar em responder a essa questão tão celeremente, não por acharmos que possa não o ser, mas para não sermos injustos com os anteriores dada a distância temporal que há entre eles e este. Há quem considere os álbuns como filhos; nesse caso não poderíamos dizer que este é o melhor sem violentar a memória dos outros. Contudo, atendendo ao que dizíamos na resposta anterior, dissipa-se a hesitação. Sim é o melhor.

MIP: Sendo que são multi-instrumentistas, quando entram em estúdio, é-vos mais fácil conjugar ideias para canções? Ou é sempre um processo com alguma discordância e demorado, até à conclusão do disco?
A Jigsaw: A parte mais complicada é sempre a criação do conceito do álbum. Tudo o resto é simples em comparação. O facto de termos um tão vasto manancial de instrumentos ao nosso dispor, não significa que os tenhamos que usar na sua totalidade. Por regra seguimos o nosso princípio de apenas

usar aqueles que a canção pede. Claro que na fase de pré-produção fazemos várias experiências para saber ao certo o que é que a canção pede.

MIP: No tema “Black Jewelled Moon” contam com a participação da Norte Americana Carla Torgerson. Como surgiu a oportunidade deste dueto?
A Jigsaw: Esta oportunidade surge do facto de há quase 20 anos ter ouvido a voz da Carla Torgerson no dueto “Travelling Light” do segundo álbum dos Tindersticks. Quando começámos a escrever o “No True Magic”, decidi escrever uma canção para ser interpretada pela Carla Torgerson. Apenas e só para ela. Caso não conseguisse fazer-lhe chegar a música ou se ela não a aceitasse, não iríamos convidar outra pessoa para vir interpretar o papel feminino da narrativa do Black Jewelled Moon. Assim que a canção ficou completa, enviámos a música à Carla Torgerson, através de um contacto com o Chris Eckman (vocalista dos Walkabouts, do qual a Carla faz parte). Não foi surpresa que a Carla tenha gostado da canção ou que a tivesse aceito cantar. Mas foi uma alegria imensa. A verdadeira magia, se assim o quisermos colocar.

MIP: Com que mais participações contam em “No True Magic”?
A Jigsaw: Tivemos as participações de três dos membros da nossa The Great Moonshiners Band: a Maria Côrte na harpa, violino, e viola de arco, o Pedro Serra no contrabaixo e o Guilherme Pimenta em todas as baterias do álbum, alguma percussão e um cowbell ocasional. Tivemos ainda o prazer de contar com a Susana Ribeiro no violino e glockenspiel, o Hugo Fernandes no violoncelo, o Miguel Gelpi e o Gito Lima no contrabaixo (que para além da participação na canção The Greatest Trick é quem também assina todo o trabalho gráfico do álbum).

«É sempre bom saber que as nossas canções encontraram eco no coração de que quem as ouviu»

MIP: A revista francesa Les Inrockuptibles coloca-vos entre nomes internacionais como Tom Waits e Leonard Cohen. Como recebem esta “distinção”?
A Jigsaw: É sempre bom saber que as nossas canções encontraram eco no coração de que quem as ouviu e neste caso de quem decidiu acerca delas escrever.

MIP: Recentemente celebraram 15 anos de carreira. Como avaliam estes 15 anos?
A Jigsaw: Fazemos uma avaliação bastante positiva destes 15 anos. Talvez a isto ajude aquilo que falávamos há pouco da tentativa de nos irmos melhorando através da experiência dos trabalhos passados. Seja ao vivo seja em álbum ou simplesmente como músicos e pessoas.

MIP: Ao longo destes ano, algum momento em particular, que vos tenha marcado?
A Jigsaw: Há diversos momentos que nos marcam. Começa pelo momento da criação de cada um dos álbuns e termina nas palavras carinhosas com que por vezes quem nos ouve, nos decide dizer o que lhes passa no coração quando as ouvem.

MIP: A nível de concertos para 2015 já há concertos agendados, para apresentar ao vivo este novo álbum?
A Jigsaw: Já há diversos concertos agendados para 2015, apesar do que alguns ainda não estão completamente definidos. O melhor será irem consultando em www.ajigsaw.net onde mantemos sempre a agenda o mais actualizada possível.

MIP: Nesses futuros concertos como se irão apresentar ao vivo? Acompanhados pela vossa banda de suporte, os The Great Moonshiners Band ou em formatos mais “intimista”?
A Jigsaw: Ao vivo, dependerá sempre da sala onde vamos apresentar as nossas canções. Se for uma sala que não reúna todas as condições técnicas para acolher os The Great Moonshiners Band (Victor Torpedo, Guilherme Pimenta, Maria Côrte, Paula Nozzari, Pedro Serra e Tracy Vandal) então seremos “obrigados” a apresentar as mesmas num formato mais “intimista”. Creio que iremos ter ambos os tipos de formato em concerto durante 2015.

MIP: Como definem, atualmente, a música em Portugal?
A Jigsaw: Por ora, está de boa saúde e recomenda-se no que diz respeito à quantidade de produção e ainda mais no que diz respeito à qualidade.

Obrigado pelo tempo que dedicaram à leitura destas palavras que tentam enquadrar a edição do nosso mais recente álbum NO TRUE MAGIC. Há mais palavras ainda dentro dele e essas estão ao alcance de quem quiser abrir o coração para as receber. Obrigado!

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