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Entrevista | Jorge Roque “É um disco que tem um pouco de autobiografia, que vive sobretudo das palavras (…) O Pop e o Jazz cruzam-se de um modo quase natural”

A música de Jorge Roque editou recentemente o seu disco de estreia “Ás Vezes”. Um disco onde cada tema é uma viagem criativa, elegante, de bom gosto onde cada tema é um casamento feliz entre as palavras e o som que as veste.

Para trás fica o curso de arquitetura da Universidade de Évora. Frequentou a Berklee College of Music em Boston, como prémio por ter vencido o Concurso Televisivo Operação Triunfo em 2011.
Com calma e bom senso, encontra o seu caminho musical, bebendo o melhor de cada influência que o toca, compondo e escrevendo o que a alma lhe dita.

Em entrevista Jorge Roque falou-nos do seu primeiro disco.

Made in Portugal: Em 2011 foi o vencedor do programa Operação Triunfo, tendo tido como prémio frequentar a Berklee College of Music em Boston. Como foi a experiência de estudar numa das escolas mais conceituadas de música?
Jorge Roque: Uma experiência única e bastante enriquecedora. Estudar na Berklee abriu-me um leque de opções musicais que até então, não desconhecendo, não tinha contacto. O improviso, a ligação com tanta gente de todas as partes do mundo, faz-te sentir e sobretudo compor de maneira diferente.

MIP: De que forma a passagem pelo programa Operação Triunfo o enriqueceu enquanto músico e influenciou para a edição do seu 1º disco?
J. R..: Enquanto compositor e músico não posso dizer que me tenha enriquecido em grande medida, mas claro que fica sempre qualquer coisa. Enquanto cantor e intérprete foi marcante, uma vez que acabei por aprender com grandes professores, como o Kiko Pereira e a Ana Ester.

MIP: “Ás Vezes” é um disco onde as canções são quase na totalidade escritas e compostas por si, tendo apenas dois temas escritos por Eugénia Ramos e um por Rui Mareco. Como surgiu estas participações? 
J. R..: Foram participações que aconteceram de um modo muito natural. Se por um lado eu já conhecia o Rui há muitos anos, e nomeadamente o tema Lumaréu, a Eugénia Ramos entrou no projecto através do meu Produtor, Carlos Barreto Xavier. Ela gostou do que ouviu, enviou uma letra que estava sem destino e compus o primeiro tema dela, “Uma Fracção de Faísca”. O resto foi fácil, foi amizade e complementaridade à primeira vista.

MIP: Como define o disco?
J. R..: É um disco que tem um pouco de autobiografia, que vive sobretudo das palavras e onde a língua portuguesa tem grande destaque. O Pop e o Jazz cruzam-se de um modo quase natural, apesar de eu não gostar de denominar nem classificar géneros musicais. Acho as barreiras muito ténues. Mas é sobretudo um disco que fala das relações entre as pessoas. Do ter e não ter, de amores e desamores.

MIP: De que influencias (cantores, bandas de eleição, por ex) se serviu para a edição do disco? 
J. R..: A maior inspiração deste disco foi sem dúvida Lucio Dalla. A maneira de compor, o pensamento comum na densidade das relações que são transportadas para os textos, e na forma como existem variadíssimos estilos de abordagem musical são coisas em que me revejo totalmente nesse cantautor italiano. Depois claro, outros como Jamie Cullum, Bublé têm a sua influência, mas também o Palma e o Veloso são referências para mim enquanto cantautores.

MIP: “Ás Vezes” é o nome do disco e de uma das canções. Porque a escolha deste tema para dar nome ao disco?
J. R..: Foi dos primeiros temas que compus para o álbum e curiosamente representa exactamente aquilo que dizia enquanto autobiográfico. Às Vezes sentimo-nos de uma maneira, outras vezes de outra. Para mim tudo pode mudar de um dia para o outro. Os sentidos, o humor,tudo.

MIP: Para quando concertos ao vivo?
J. R..: Neste momento estou a marcar já algumas datas, mas penso que a seu tempo estarão aí muitos concertos em agenda. Neste momento estou concentrado em apresentar e promover da melhor maneira o disco ao público. Não tenho pressas. Quero que as pessoas desfrutem muito tempo destas músicas. Que conheçam todos os pormenores e depois, estou certo que os concertos surgirão naturalmente.

MIP: O que ambiciona para o futuro?
J. R..: Na música, uma carreira consolidada, com passos firmes e com o reconhecimento do público. Na vida, ser feliz.

MIP: Que conselhos pode deixar a jovens que tencionem participar num programa de música?
J. R..: Que o façam sempre com a certeza que o programa não é um fim, mas um meio. Infelizmente, esses programas não nos dão aquilo que muitas vezes pensamos ou sonhamos e é preciso não pensar apenas em ganhar. Ganhar não é o mais importante. Depois, esses formatos não nos ensinam duas coisas fundamentais para fazer uma carreira. O que queremos enquanto músicos e como compor.

MIP: Como define actualmente a música nacional em Portugal e abordagem que a mesma tem tido por parte dos principais media? 
J. R..: Vivemos em Portugal e a indústria da música em Portugal está um pouco viciada, para não dizer muito viciada. É difícil chegar ao mercado sem ter uma ajuda ou ser rico. As rádios nacionais, discriminam a música portuguesa em detrimento de playlists encomendadas pelas grandes editoras internacionais. Ouvimos e compramos o que muitas vezes não queremos ou escolhemos, e isso torna difícil muitos dos talentos e de grandes músicos que temos em Portugal, surgirem como alternativa.
Mas como não acredito que vá mudar, tenho que jogar com as regras que existem e tentar apenas mostrar o meu valor.

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