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Entrevista | Macacos do Chinês

Os Macacos do Chinês são uma banda formada em 2007 que retrata e faz parte da cultura urbana num Portugal moderno, atento às novas tendências e sempre em sincronia com o que se vai fazendo lá fora.

As suas influências são vastas: desde funk à soul, passando pelo dubstep, grime ou até hip-hop. Contudo a imagem de marca deste coletivo são a sua flexibilidade e liberdade criativas bem como o legado da cultura portuguesa.

Depois de várias atuações em grandes palcos nacionais e internacionais, os Macacos do Chinês promovem o seu segundo álbum, Vida Louca, trabalho este que – segundo palavras de Miguel Pité – “viaja pela música electrónica, passando pelo rock, funana, hip hop e até uma kizomba conseguimos fazer à “nossa” maneira.”

O Made In Portugal esteve à conversa com Miguel Pité e desafia-te a conhecer melhor os Macacos do Chinês, com a garantia de que não te vais arrepender.



Made In Portugal – Quando formaram os Macacos do Chinês qual era o vosso objetivo?


Miguel Pité – Inicialmente tudo não passava de uma experiência/brincadeira. Era já forte a vontade de fazer temas em português que estivessem rodeados dos mais variados tipos de sonoridades que nós tanto gostávamos. O grime londrino e o dubstep foram o nosso mote, mas daí partimos para algo muito mais alargado. Não tínhamos um objectivo, senão um saudável egoísmo de querermos criar para nós próprios, mas logo percebemos que como nós, havia muita gente à espera de algo assim.

MIP- Entretanto após criarem uma conta no Myspace começaram a ser convidados para dar concertos, inclusive no estrangeiro. Como foi a experiência de pisar um palco ainda sem um repertório editado? Ficaram receosos com a aceitação do público?


Miguel Pité- O Myspace teve um papel muito importante na nossa história. Criámos a conta no momento certo em que o site estava com o hype no máximo, e graças a isso tivemos imensas visualizações rapidamente. Seguiram-se então os convites, recusámos alguns, pois não tínhamos nem músicas suficientes nem uma estrutura para um live act, mas ao vermos um pedido para tocar em Londres no festival Atlantic Waves iniciámos a construção da banda como ela ainda hoje é. O nosso maior receio seria a reacção do público à língua Portuguesa, mas espantosamente todas as vezes que tocámos fora do país a reacção foi muito positiva. É um clichê, mas a música é realmente uma língua universal.

MIP- A vossa sonoridade é vasta, mas há uma particularidade que “salta à vista”: o uso da guitarra portuguesa, algo muito pouco explorado em contextos que não o fado.  Gostavam que outros músicos “seguissem os vossos passos” e apostassem neste instrumento tão caraterístico da cultura nacional?


Miguel Pité-  Há vários projectos que utilizam a fusão da guitarra Portuguesa com outras sonoridades, mas muitos caiem no facilitismo de apenas colar este instrumento por cima de uma base diferente. Nunca o faríamos de forma ligeira devido ao imenso respeito que lhe temos . Felizmente o Tiago Morna é uma pessoa que já teve projectos dos mais variados tipos, da música electrónica ao Metal, conseguindo assim fugir do conservadorismo muitas vezes aliado à guitarra e criar com ela elos de ligação com os restantes elementos de cada tema. Gostávamos de ver mais fusões com qualidade e senso.

MIP- Em vários dos vossos temas e videoclips convidam artistas de diversos contextos. É também uma forma de cimentarem a variedade do vosso estilo enquanto músicos?


Miguel Pité- Claro que sim. Todos temos ligações a campos artísticos fora do espectro musical e o Teatro e as Artes Plásticas são paixões que partilhamos. Sentimo-nos afortunados por termos já trabalhado com artistas que admiramos imenso e que apreciam o nosso trabalho como é o caso do Nuno Lopes, Nástio Mosquito e Alexandre Farto(Vhils).

MIP- Dai-me forças dizem ser “ o tema que revela a essência dos MDC”. Porquê?

Miguel Pité- É um tema frenético e bruto onde tudo, desde o flow usado ao instrumental , vai beber às influências responsáveis pelo nosso aparecimento. Hoje em dia gabamo-nos de ter uma liberdade enorme no que diz respeito à criação de temas, mas nunca nos esquecemos do carvão que pôs a locomotiva a andar.

MIP- Em relação ao Vida Louca , que novidades traz este disco em comparação aos vossos trabalhos anteriores? 


Miguel Pité- Tentámos criar um disco com uma aura melódica mais expansiva que nos trabalhos anteriores. Este objectivo fez com que conseguíssemos cimentar a nossa ecleticidade e variedade musical de uma forma muito maior. O resultado é um álbum que viaja pela música electrónica, passando pelo rock, funana, hip hop e até uma kizomba conseguimos fazer à “nossa” maneira. Para sonhadores como nós, é um álbum de sonho.

MIP- Utilizando uma frase do vosso tema Plutão: “primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Acreditam que os Macacos do Chinês já estão “entranhados” no panorama musical ou ainda há uma certa relutância em relação a vocês? 


Miguel Pité- Diria que não estamos completamente entranhados, mas a estranheza já desapareceu em grande parte. Parte do que nos dá força para continuar é o querer mudar cenários e deitar paredes abaixo.

MIP- Quais os vossos projetos para o futuro?


Miguel Pité- De momento, promover o Vida Louca ao máximo dando-o a conhecer ao maior número de pessoas possível. Esperamos lançar um single ainda em Setembro.

MIP- Como definem atualmente a música em Portugal?

Miguel Pité- Está numa boa fase, penso que algo que impede um maior crescimento da música Portuguesa em certos pontos  são os preconceitos de quem está do lado do ouvinte, principalmente o de que a Língua Portuguesa soa muitas vezes mal. Temos de perder a vergonha de dizer o que sentimos em Português.      

Macacos do Chinês são:
Alexandre Talhinhas a.k.a. Alx – Guitarra e voz-,
André Pinheiro a.k.a. Apache – Programações, baixo, teclas e sopro,
Miguel Pité a.k.a. Skillaz – Vocalista/Mc e letras,
Tiago Morna composições e guitarra Portuguesa.

Acompanhe a banda em:

http://www.facebook.com/mdcfans 
http://www.macacosdochines.com

                                         

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