Começou a sua carreira na década de 90 com o seu irmão BlackMastah. Dessa ligação nasceram os FILHOS D’1 dEUS menor, um dos grupos fundadores daquilo que seria o Hip-Hop feito em Portugal.


Criador de melodias e refrões fortes, conseguiu através do seu passado musical e do gosto que o levava aos grandes cantores afro-americanos dos anos 70 e 80, recriar essa sonoridade em português.


“AFRO-DÍSIACO” e “MATURIDADE” são os dois discos da sua carreira. Consagrados pela crítica e pelo público, são exemplos da força vocal e da intenção com que NBC tenta falar nas suas poesias.



Agora, enquanto trabalha naquele que será o seu terceiro disco, lança o EP “EPIDEMIA”.


Em entrevista NBC fala-nos do disco que está a preparar, dos quase 20 anos de carreira e muito mais.




Made in Portugal: Recentemente editaste o EP Epidemia nas plataformas digitais, em forma de antecipação ao teu 3º disco de originais. O que nos podes revelar do novo disco?
NBC: É um disco simples. Mas com muita raiva. Com muito sentimento, mas eu acho que este disco deve ser ouvido, mais do que eu comentar o disco, acho que cada um deve fazer a sua apreciação pessoal. Mas sim o mais pessoal dos discos, mais que o primeiro.

MIP: O EP Epidemia foi lançado apenas nas plataformas digitais. Com a quebra nas vendas de discos físicos, consideras que as plataformas digitais são a melhor opção para a venda de música e para, inclusive, tentar contornar os downloads ilegais?
NBC: São o futuro. Por mais que alguns velhos do Restelo ligados ao Rap em Portugal venham com teoria do – “ Os discos de rap, eu gosto de os ter nas prateleiras.”
Essa conversa é bonita se estivermos a falar do Jay-z. São gajos que o incomming é suficiente para cobrir as despesas. Agora na situação actual de artistas como eu. Faz todo o sentido. Até porque os discos que a Fnac tem lá por vender, e que os vendem por euros, são demonstrativos que vivemos numa viragem do tempo.

MIP: O disco irá conter colaborações/duetos?
NBC: Não, é um disco pessoal. É um livro de memórias destes anos quase parado. Onde atravessei um deserto, quente, com pouca água. Alimentei-me muitas vezes do oásis que vi. Tive que me esconder das tempestades de areia.
Roubaram-me o camelo, os mantimentos e fiquei sozinho no meio do deserto.
Depois apareceu um Vendedor de velharias no meio do Deserto que me deu água por mais uns dias, e me deu a conhecer um rapaz que era ferreiro e batemos umas latas, fiz umas protecções para o corpo e eu fui até chegar aqui.

MIP: Já há previsão de lançamento do álbum?
NBC: O lançamento do disco, tem muito a ver com a forma como este EP for trabalhado, se tiver o impacto que pretendemos, pode ser que para o ano consigamos.

“Vamos ver, é como tudo na vida.
Dar e receber.
 Se o publico me der, eu dou de volta”.

MIP: Já são quase 20 anos de carreira. Para além do disco, haverá surpresas para celebrar este marco? Exemplo: um concerto especial?
NBC: Depois de uma paragem de quase  4  anos.  Quero com toda a certeza marcar isso com concertos ao vivo, mas para isso é preciso tempo. E principalmente que as pessoas tenham vontade de ir ao concerto. Mas para as pessoas terem vontade é preciso saberem que o EP existe, é preciso que gostem, e depois a máquina  funciona.
É assim que as coisas são.

MIP: O hip-hop em Portugal tem muito cunho teu. Que avaliação fazes do hip-hop actualmente?
NBC: Muito cunho, não sei. Tem algum sim.
Não faço nenhuma avaliação, por um simples facto, eu mudei, não foram eles. Fui eu.
E portanto a minha avaliação é de um gajo cota, com ideias novas e diferentes. Mas o que se passa ai, sim é boa cena, novos artistas com uma grande força. Por acaso foi de repente. Estivemos aí muito tempo a ser os mesmos. Sam, Valete, Xeg. Por ai.
E de repente apareceram novos miúdos com muita força. E Sim são bons!
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MIP: Que conselhos podes deixar a jovens que ambicionem ingressar no mundo da música, mais propriamente na área do hip-hop?
NBC: Conselhos? ( risos ) não tenho.
Lá está, novamente eu mudei bastante nestes últimos anos e a forma como penso hoje é possivelmente inversa ao que eles pensam. Como tal, não posso dar conselhos de coisas que já não acredito da mesma forma. Alias, eu estou mais próximo de outros géneros musicais hoje do que do Hip-Hop.
Por isso conselhos, só para mim mesmo

MIP: Como avalias actualmente o papel da rádio, na divulgação da música nacional?
NBC: Vejo agora como via há 30 anos atrás, quando era miúdo e ouvia Fernando Tordo, Zeca Afonso, José Mário Branco na Antena 1… Está igual! (risos)
As outras rádios todas divulgam muito pouca música portuguesa, e se for alternativa então pior ainda.
Bom, o que se passa, é uma questão de mentalidades, As rádios não acompanham o que se passa em Portugal, acompanham o que se passa lá fora, nos países anglo-saxónicos. E como tal continuamos a ter pouco espaço relevante.
Por exemplo, Orelha Negra, quantas rádios passam Orelha Negra?
Mas venderam 10 mil unidades e foram nomeados para globos de Ouro.
Legendary Tiger man quantas rádios passam?
Mas é o gajo mais a frente no que toca ao universo Rock/blue alternativo e One man Show. Não existe melhor que ele em Portugal. O homem faz mil concertos lá fora. Cá, as rádios não passam.
Por isso não sei bem se queres ouvir a minha opinião sobre as rádios nacionais, penso o pior delas. E sem falar dos grandes lobbys, e teres apenas uma rádio nacional que passa musica alternativa que é a Antena3 pelas razoes que que todos sabemos.

MIP: De uma forma geral, há melhor música agora a ser feita em Portugal, do que há uns anos atrás?
NBC: Quer dizer, mais musica sim, muito mais musica. Não sei se posso dizer melhor.

MIP: Curiosidade: como surgiu o nome NBC?
NBC: Eu sou cristão Evangélico.
E o nome surgiu por causa de um rei de Israel que eu gostava muito que se chamava Nabucodonosor.
Retirei a parte mais difícil de dizer e deixei as letras que soavam mais. NABUCO = NBC .