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Entrevista | Nome Comum “…canções que têm, entre elas, formas de expressão muito diferentes, com influências e fusões variadas”
Os Nome Comum são Bernardo Palmeirim e Madalena Palmeirim, dois irmãos que a 16 de Setembro deste ano lançaram o primeiro disco de longa duração com oito temas originais, escritos em português.
Em entrevista a os Nome Comum falaram-nos do percurso do grupo e do 1º álbum “CUCO”.



Made in Portugal: Antes de mais falem-nos um pouco do vosso percurso, como surgiu Nome Comum?
Nome Comum: Começou entre os dois irmãos, Madalena e Bernardo Palmeirim, quando começámos a mostrar um ao outro letras e melodias que tínhamos na gaveta. Nessa primeira noite juntámos logo uma quantidade de canções, ainda éramos nós só duas vozes e uma guitarra. Depois a Madalena começou a pegar em diferentes instrumentos e a vontade de fazer crescer as canções resultou no convite ao Gonçalo Castro, que se juntou a nós com o seu baixo acústico. Gravámos os três uma carta-EP em 2011, “A quem possa interessar”, e fomos testando as canções ao vivo e em diferentes palcos. Nessa altura, sentimos a falta de uma companhia rítmica e foi aí que se juntou ao atual quarteto o percussionista Nuno Morão.

MIP: Porquê o nome “Nome Comum”?
Nome Comum: Por sermos irmãos e partilharmos um. O nome pareceu-nos perfeito porque também esses genes partilhados, sobretudo por cantarmos juntos, dão à nossa música uma sonoridade especial. Talvez por termos um timbre semelhante, por vezes parece que cantamos a uma só voz. Com a utilização de uma grafia minúscula também quisemos apontar para as coisas comuns, do dia-a-dia, chamando a atenção para os detalhes.

MIP: “Cuco” é o vosso primeiro álbum. Como o definem?
Nome Comum: Bem, é um pássaro atrevido que vai deixar os seus ovos, as suas canções, todas elas um pouco diferentes umas das outras, aos “ninhos” das outras pessoas.
Em traços muito gerais: o seu canto é português, e as asas batem num formato assumidamente acústico. E é talvez isto que melhor nos caracteriza porque como este álbum contém muitas influências musicais torna-se um pouco difícil defini-lo e categorizá-lo em termos musicais.

MIP: Referem que “Cuco” é um bestiário de ironias, folias, agonias e outras manias. O que querem dizer concretamente com isto?
Nome Comum: Bem, é um álbum que contém registos muito diferentes que vão desde a folia do “Anão Gordo” à agonia da “Dá-me”. É uma coleção de canções que têm, entre elas, formas de expressão muito diferentes, com influências e fusões variadas. A ironia prende-se sobretudo com o facto de escrevermos as canções sempre entre os dois e de haver esse distanciamento poético. Deixa de existir o aspecto confessional e biográfico que normalmente advém da escrita a uma só voz.

MIP: Como é o vosso processo de composição? Desde as letras, à melodia, fazem tudo em conjunto?
Nome Comum: Sim, tudo. Normalmente um de nós dois atira para a mesa uma ideia ou um pedaço de canção que o outro rapidamente completa. Seja na sala de ensaio ou na cozinha. O processo de composição é sempre muito intuitivo e natural, talvez por nos conhecermos tão bem. As expressões e as pausas de cada um já são tão familiares que, muitas vezes, enquanto estamos a compor não temos de comunicar verbalmente. Daí abrimos o jogo de arranjos aos quatro para afinarmos as canções em conjunto, o que acaba por as transformar substancialmente.

MIP: Os 8 temas que integram o disco estão ‘recheados’ de várias influências musicais. Desde o folk, rock, bossa nova… Se tivessem que definir o vosso género musical, como definiriam? 
Nome Comum: Na verdade é um género híbrido, que não se fica pela tradição musical portuguesa, nem pelo folk, bossa nova, rock alternativo, ou música clássica. As músicas surgem naturalmente da fusão das nossas influências, sendo de esperar que cada música tenda mais para um determinado estilo. Se tivéssemos que o definir diríamos que o nosso género é eclético, mestiço, sem fronteiras.

MIP: Foram uma das bandas selecionadas para o apoio de edição por parte da fundação GDA. Sem este apoio teria sido mais difícil a edição deste disco?
Nome Comum: Sim, é obviamente muito importante ter boas condições de trabalho, e o processo de gravar um álbum é muito dispendioso. O apoio permitiu-nos, por exemplo, gravar nos estúdios Golden Pony, de onde saem gravadas tantas bandas de referência, com o nosso grande amigo e produtor Pedro Magalhães. O facto de termos sido selecionados foi sobretudo importante pelo reconhecimento do nosso trabalho, que funciona também como motor de motivação para trabalhar mais e melhor.

MIP: Quais os vossos objetivos para o futuro?
Nome Comum: Depois de tantos meses envolvidos na criação e na produção do álbum, sabe bem voltar para junto das pessoas e apresentar as canções em que estivemos a trabalhar em conjunto. Agora espera-nos estrada pela frente, para tentarmos sair um pouco do centro de Lisboa, e fazer uma tour pelo país. Entretanto também estamos com muita vontade de começar a trabalhar em novas canções, já num processo mais enraizado na atual formação de quarteto.

MIP: Como definem, atualmente, a música em Portugal?
Nome Comum: É muito difícil viver-se da música e conseguir profissionalizar o trabalho de um músico. Há pouco espaço e pouco dinheiro, na verdade cada vez menos dinheiro. Mas curiosamente a música portuguesa não pára de crescer, sob diversas formas e feitios. Cabe a cada um inventar o seu espaço e trabalhar afincadamente para o promover.

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