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Entrevista | Rogério Charraz fala do novo álbum «são canções que andam entre o folk e o rock, com uma forte influência portuguesa e lusófona»

“Espelho” é o segundo disco de originais de Rogério Charraz, que confirma a maturidade e a versatilidade de um compositor que aborda com o mesmo à vontade o amor ou a crítica social, e que explora vários ambientes musicais.

O disco conta com vários convidados: a luso-brasileira Luanda Cozetti, o rapper Sensi, o cabo-verdiano Dany Silva e o cantautor Miguel Calhaz.

 Leia a entrevista que Rogério Charraz nos concedeu sobre este seu segundo álbum.

Made in Portugal: Tem novo disco de originais. Este é o “Espelho” daquilo que mais gosta de fazer na música?
Rogério Charraz: Sem dúvida! A imagem sonora que este disco reflete é a que me caracteriza. Sem truques, sem concessões, sem malabarismos. Isto sou eu em formato de canção.

«são canções que andam entre o folk e o rock, com uma forte influência portuguesa e lusófona»

MIP: Novas canções, novas melodias com sonoridades folk, rock e até reggae. Fale-nos um pouco deste disco. 
R. C.: Acho que este disco segue o caminho de “A Chave”: tem quatro ou cinco canções que constituem a espinha dorsal do disco, mas depois eu permito-me a liberdade de entrar em universos sonoros que me são menos familiares, se for esse o caminho que a canção me sugere. É por isso que aqui surge um reggae ou uma espécie de valsa. Mas no essencial são canções que andam entre o folk e o rock, com uma forte influência portuguesa e lusófona.

MIP: Conta com vários convidados neste disco. Como surgiram estas participações?
R. C.: De forma natural. Houve canções que sugeriram determinado tipo de voz e eu fui procurar as que, dentro dos muitos artistas de quem gosto, melhor encaixavam. O “Campo Lavrado” é um arranjo muito afro, que pedia alguém como o Dany Silva, embaixador da música cabo-verdiana. “Sempre que o amor nos acontece” tem uma mistura de influências portuguesa e sul-americana, mesmo ao jeito da Luanda Cozetti. A “Liberdade” tem um arranjo e uma letra que são a cara do Miguel Calhaz, e no caso do “Submarino Irrevogável” eu queria introduzir o elemento do Hip-Hop no meio daquele reggae, e descobri o trabalho do Sensi, de quem fiquei fã.

MIP: Qual é o seu “Porto de Abrigo”?
R. C.: Creio que todos nós temos os nossos lugares de eleição, a que vamos frequentemente e ao fim de alguns anos a nossa história vai-se fundindo com a história desses lugares. Escrevi esta canção a pensar na “Taverna dos Trovadores”, lugar mítico em S. Pedro de Sintra, que tem sido meu porto de abrigo nos últimos quinze anos.

MIP: O que o inspirou no tema “A Febre do Passado”? 
R. C.: Inspirou-me a constatação de que muitas pessoas à minha volta desistiram de querer realizar os seus sonhos, e conformaram-se com o garantir da subsistência e do conforto. Muitas dessas pessoas desempenham um papel no seu dia-a-dia que pouco tem a ver com a sua essência ou com aquilo que sempre ambicionaram. E claro que essa frustração os acompanha e se manifesta nas mais variadas situações. Por isso digo na canção que vivem presos ao presente que delira com a febre do passado.

«é uma declaração pública de admiração»

MIP: O tema “Carta ao prof Júlio Machado Vaz” é uma dedicatória / homenagem? Que história tem este tema?
R. C.: Diria que é uma declaração pública de admiração. Sou um ouvinte e leitor do Professor há muitos anos, e não só admiro a sua invulgar capacidade de comunicação, como me identifico muito com as suas opiniões e com a forma de ver o mundo. Há alguns anos, num período difícil da minha vida pessoal, fui sozinho passar uns dias ao Algarve e levei o livro “O tempo dos espelhos” do Professor, e não só fiquei fascinado com a forma como foi escrito, entre a biografia e a auto-análise, como foi muito importante para mim naquele momento.

«É um alerta para que as pessoas sejam mais inflexíveis»

MIP: Podemos dizer que o tema “Submarino Irrevogável” é um ‘grito pacífico’ de revolta politica?

R. C.: 
É um alerta para que as pessoas sejam mais inflexíveis para com aqueles que declarada e continuamente prejudicam o nosso País. Não podemos permitir que estejamos a ser governados por gente que tem um passado manchado por negociatas obscuras, sem que daí se retirem ilações e consequências. As pessoas ainda não entenderam o poder que o voto lhes confere.

MIP: A 25 de outubro apresenta “Espelho” ao vivo no CC Olga Cadaval. O que pode o público esperar desse concerto? Irá ter convidados?
R. C.: Vamos ter alguns convidados do disco: o Sensi e o Dany Silva em Sintra, e o Miguel Calhaz na Figueira da Foz, uma semana depois. De resto serão dois espetáculos em salas muito emblemáticas, sendo que Sintra é a minha zona desde miúdo, portanto terá um ambiente mais familiar. Mas acima de tudo as pessoas podem esperar ouvir estas canções adaptadas ao formato quinteto dos Irrevogáveis e com a energia de palco que nunca se consegue transmitir em estúdio, por não termos público, elemento essencial num espetáculo.

MIP: Para além dessa data, já há mais data marcadas para apresentar o novo trabalho?
R. C.: Como dizia na resposta anterior, dia 1 de Novembro estaremos no Casino da Figueira da Foz, dia 22 de Novembro vamos até ao Auditório do Conservatório de Música de Coimbra e dia 27 de Novembro estaremos no Teatro Garcia de Resende, em Évora, com o eborense Manuel Guerra como convidado.

 

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