Os SetePontoQuatro são uma banda pop-rock lisboeta formada por Catarina de Castro no baixo, Fernando Fonseca (ex-Sitiados) na bateria, João Damásio na guitarra, Humberto Delgado como guitarrista a solo e Tiago Pinheiro na voz.

O projeto começou a ser delineado em 2009 quando João e Catarina decidiram formar uma banda de originais pautada não só pela boa música, mas algo com conteúdo e pertinência – mensagens de esperança num futuro mais sorridente para todos. Já a sua sonoridade deriva de influências de vários estilos musicais como os blues, o soul e o funk.

Made In Portugal – Surgiram em 2009 como um duo. Como aconteceu a passagem para a formação atual?


SetePontoQuatro – A ideia de criar esta banda surgiu quando eu e a Catarina saímos de um outro projecto de originais. No entanto, curiosamente, não começámos como um duo, mas sim com a formação da banda completa, neste caso com pessoas que já tinham tocado connosco anteriormente e com amigos dos mesmos. O que acontece é que algumas dessas pessoas desistiram no início, o que nos obrigou a tocar cerca de um ano e meio com a banda reduzida a três elementos.

Nessa fase ocupei temporariamente o lugar de vocalista, a Catarina manteve-se nas vozes secundárias e o Diogo (nosso ex-baterista) na percussão. Aproveitámos então este período para construir algum repertório pois por experiência própria sabia que termos alguns temas facilitaria o processo de encontrar alguém interessado em tocar connosco. No entanto, e como considero que a minha voz não é suficientemente boa para a posição de vocalista principal, a minha ideia seria fazermos audições para encontrar alguém à altura. Foi assim que nos finais de 2010 procurámos um vocalista e também um guitarrista solo, que fazia falta para dar mais textura ao nosso som. Estas audições duraram aproximadamente 3 meses, até que encontrámos primeiro o Beto e depois o Tiago, que vieram dar um contributo essencial ao projecto…

Mais tarde, em 2011, o Diogo saiu e seguiram-se mais audições, desta vez 6 longos meses, até que escolhemos o Fernando, um baterista experiente e com objectivos sérios na música, como os nossos.
Encontrar as pessoas certas e minimamente compatíveis aos mais variados níveis é sempre o mais difícil e por isso a fase inicial de arranque de uma banda é quase sempre muito complicada…

MIP- O nome da banda comporta algum significado em especial? Como chegaram ao nome SetePontoQuatro?


SPQ- Sim, de facto o nome tem um significado (bastante especial), mas preferimos deixar ao critério de cada um fazer a sua própria interpretação, até porque pode ter várias possíveis, eventualmente válidas e até simultâneas. Como tal, é mais interessante ouvir o que cada pessoa tem a dizer relativamente ao que o nome lhe sugere…

Inicialmente esta banda chamava-se Nanzie Manzie, assim foi até 2011 altura em que decidimos mudar de nome. Para tal fizemos uma enorme lista com as nossas sugestões, tendo como objectivo que teríamos de ter um nome em português. Depois disto fomos escolhendo, através de votação de todos, até que no fim sobrou SetePontoQuatro, o nome mais votado.

MIP- Como banda quais as vossas principais influências?

SPQ- As influências acabam por ser um pouco uma mistura dos gostos de cada um de nós. Normalmente existe uma base musical e a partir daí a mesma é completa com o contributo fundamental de cada elemento, mas as nossas influências e gostos são bastante abrangentes, ouvimos e gostamos um pouco de “tudo”, por isso é difícil enumerar nomes que nos inspirem na criação, pelo menos no meu caso. Normalmente no processo de composição não penso “vou tentar fazer esta canção ao género da banda “X” ou “Y”, embora tenha noção de que muitas bandas o fazem. De forma geral gosto que as canções saiam de uma forma mais natural, sem ter de as forçar e uma tanto pode sair mais Rock, como mais parecida com Bossa Nova, ou qualquer outro género. Tudo depende muito da ideia que se tem no momento, embora posteriormente essa ideia inicial tenha sempre de ser trabalhada até se atingir a sonoridade ideal, isto sem sair da base Pop-Rock, que caracteriza os SetePontoQuatro, em torno da qual gravitam outros géneros e influências musicais.

MIP- A nível de letras escrevem tanto em português como em inglês. Como é esse processo de composição, ou seja, em que se baseiam quando escrevem?


SPQ- Apesar do nosso EP ter duas canções em inglês e duas em português, a maioria das restantes letras que temos são em português e como gostamos muito de cantar na nossa língua o nosso objectivo é continuar a fazê-lo cada vez mais. O que acontece é que quando começámos a banda tínhamos já algumas canções em inglês que achámos que eram suficientemente boas para serem aproveitadas, então decidimos avançar com elas para a gravação do EP e uma delas, a “Don´t lose yourself”, acabou mesmo por ser escolhida para ser o nosso primeiro single.

O processo de escrita pode ocorrer de várias formas diferentes e muitas vezes é moroso. Mas uma letra por vezes também surge do “nada”, começa por um sentimento, ou algo que me revolta, uma ideia que me martela e me acorda de noite, às vezes apenas uma frase solta que dá o mote e que depois se tem de desenrolar e decifrar no nosso próprio subconsciente.

MIP- Acham importante o papel das redes sociais na divulgação de novas bandas?


SPQ- Sim, é fundamental… Todas as bandas que, como nós, ainda não têm editora nem manager têm muita dificuldade em conseguir ver a sua música divulgada e têm de fazer tudo pelos seus próprios meios, o que as faz perder imenso tempo para o essencial: tocar. Felizmente a internet veio ajudar neste aspecto, como acontece com o facebook, youtube, twitter, entre outros, que conseguem atingir milhares ou até milhões de pessoas e que por isso se tornam em meios extremamente eficazes na divulgação de quem não tem uma “máquina promocional” na retaguarda. Por outro lado, existem ainda pessoas interessadas em ajudar genuinamente as bandas na sua divulgação, como acontece com blogs como o vosso e com outras iniciativas do mundo virtual.

MIP- Lançaram recentemente o primeiro single Don’t lose yourself. Como tem sido o feedback?


SPQ- Felizmente o feedback tem sido muito positivo, tem sido inclusivamente melhor do que aquilo que esperávamos… Estão a começar a surgir oportunidades e temos tido, felizmente, o apoio de algumas rádios que apostaram em nós… Apenas podemos esperar que o apoio continue a aparecer pois esta fase é importantíssima e ainda há um longo caminho a percorrer…

MIP- O que ambicionam para o futuro dos SetePontoQuatro?


SPQ- A música é o que todos nós mais gostamos de fazer e como tal lutamos pelo sonho, quase utópico e infelizmente cada vez mais impossível perante o cenário económico que temos no nosso país, de um dia vivermos dela. Nós gostamos mesmo disto e o sonho maior que poderíamos ver concretizado era um dia abandonarmos os nossos trabalhos, muitos deles precários, e conseguir cumprir aquilo que nos “comanda a vida”… Pela nossa parte enquanto existir vontade e algum dinheiro para investir, continuaremos a dar o nosso melhor para tentar fazer música com cada vez mais qualidade. Mas no fim, tudo irá depender sempre das pessoas gostarem e nos apoiarem, cada pessoa é fundamental para que um dia o nosso sonho seja possível, desde quem faz esta entrevista até quem a lê e por isso não nos esquecemos daqueles que nos apoiam incansavelmente.

Entretanto esperamos também encontrar alguma editora que aposte em nós e que nos permita dar o salto há tanto tempo esperado…
         
MIP- Como definem atualmente a música em Portugal?
     
SPQ- Muito eclética e ao mesmo tempo muito pouco explorada. Existem imensas bandas e artistas com grande qualidade nos mais variados géneros e isso é um motivo de orgulho. Aconselho toda a gente a conhecer melhor a música feita em Portugal, pois a oferta é mesmo muito rica e diversificada. Contudo, na maioria dos casos é preciso ir ao encontro dessa música, procurá-la na internet, redes sociais e pelos cantos e esquinas por onde ela ainda se “esconde” à espera de ser descoberta…

Acompanhe a banda em:


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