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Entrevista | Valter Lobo





Valter Lobo, vive em busca de calor humano. De motivos de interesse e experiências novas. De lugares bonitos aos olhos e à pele. Do simples e do belo. De amor de Inverno e brisa de Verão. Costuma dizer que é constituído em 80% de embriaguez de espírito dionisíaco e 20% do espírito apolíneo. Às vezes pensa que conseguirá mudar o mundo. Todas as canções têm o mesmo parto: uma guitarra e uma voz a falar o que a cabeça pensa. 


Made In Portugal – Como surge a sua relação com a música?

Valter Lobo- A minha relação com a música surge como a de qualquer miúdo que na década de 80 gravava cassetes das músicas que davam na rádio e de cds que amigos e familiares me emprestavam. Passava o dia a cantar as minhas canções preferidas. Depois durante a adolescência fiquei enfeitiçado pelo rock britânico dos anos 90. Alimentava-me dos álbuns dos Oasis, dos Blur, Suede, The Verve, entre outros. Estava completamente obcecado. Então procurei aprender a tocar guitarra tal como o Noel Gallagher. Encontrei na música uma grande paixão. Com a aquisição de mais maturidade comecei a compor e a fazer as minhas canções. Devo ter umas duzentas.

MIP- Das suas influências fazem parte vários artistas indie e folk. É essa a linha que pretende seguir em futuros trabalhos?


VL- Eu não tenho propriamente um plano… O que procuro é imprimir o máximo de identidade nas minhas canções, e que estas digam como eu sou, o que penso e de onde venho. Não tento incorporar o estilo dos artistas e bandas que oiço. No entanto, é impossível desligar-me dos sons que me dizem algo. Neste momento, tenho os ouvidos direccionados para este estilo de música, mais intimista e alternativa (o que é ser alternativo, afinal?). Para o próximo trabalho vai continuar a existir muito de mim, sons de onde eu sou e do coração.

MIP- O tema “ Pensei que fosse fácil” faz parte da coletânea Novos Talentos Fnac 2012. Considera este tipo de agraciamento, digamos, uma ferramenta útil para quem está a começar no mundo da música?


VL-Claro que sim. Pertencer aos Novos Talentos Fnac é um sinal de reconhecimento de valor e de que se trata de um projecto/artista com potencial. Dá sempre uma visibilidade muito grande e abre perspectivas para fazer mais, e trabalhar mais também. O carimbo da Fnac é muito importante.

MIP- Têm surgido muitos elogios relativamente à temática das letras, contudo há quem pense serem apenas clichês. Em que se baseia na composição das mesmas: há um trabalho de reflexão intenso ou escreve quase que inconscientemente?


VL- Recebi muito bem todos os elogios e críticas. Fico muito contente quando elogiam os temas  e a minha escrita. Nada é idealizado, nem de construção premeditada. São as coisas que penso e que sinto numa dada altura, num determinado sitio. São os ambientes em que viajo física ou virtualmente. E agora pergunto: Se o amor, o sonho e a ilusão são clichês vou escrever sobre o quê?

MIP- “Eu não tenho quem me abrace este inverno” é o single de apresentação do EP. Meses após o seu lançamento, já se sente “abraçado pelo público”? Como tem sido a reação a este trabalho?


VL- Já recebi muitos abraços, até na Farmácia, em jeito de brincadeira. A música foi lançada no pico do Inverno e caiu muito bem entre as pessoas, principalmente entre os ouvintes mais melómanos, e foi rapidamente acolhida pelos principais programas de autor das rádios nacionais. Até numa rádio brasileira chegou a ter bastante airplay. Chegou a muita gente, mas sinto que ainda não chegou ao grande público. Faltam mais alguns passos…

MIP– Pode-se dizer que Inverno é um reflexo pessoal do Valter sobre os seus medos e anseios? Que mensagem pretende passar através deste EP?


VL- O “Inverno” é um reflexo pessoal mas não se cinge apenas a medos e anseios. Canto a desilusão e a ilusão, mas também frases de amor e de algum devaneio. Há uma procura na exteriorização dos sentimentos e em criar lugares de êxtase. Há uma procura constante da obtenção de prazer e de saída da zona de conforto.

MIP- Numa das suas músicas canta: “Ele faz tudo o que sente, entrega-se a um prazer devasso, a afiar pontas de lança.” Acredita ser esta a mudança de atitude necessária na sociedade: deixar-se levar pelas vontades ao invés das convenções sociais?


VL- Acho que é uma mudança de atitude necessária na maior parte dos seres humanos. Não que eu defenda uma anarquia. Concordo com regras e alguns limites, mas sempre defendi que deveríamos ser quem somos, não o que nos impõe os costumes, a família ou as convenções sociais. Abdicamos de ser felizes e de realizar sonhos e pagamos com a nossa vida. É um preço caro demais. Deveríamos ser todos mais felizes.

MIP- Iremos ouvir falar Valter nos próximos tempos?


VL- Estou certo que sim. Já tenho algumas datas de concertos marcadas e vou continuar a promover o meu “Inverno EP” pelas lojas FNAC no enquadramento dos Novos Talentos Fnac. Entretanto, tenho mais algumas surpresas para apresentar até ao final do ano. Para o início de 2013, apresentarei o meu LP.

MIP – Como define atualmente a música em Portugal?


VL- Embora os tempos sejam difíceis, há muitos valores a surgirem e muitos meios de se apresentarem. De vários géneros e idiomas que enriquecem o catálogo da música portuguesa. Mesmo em tempos de crise houve um grande número de festivais e concertos concentrados na música nacional, dando oportunidades a muitos artistas de se mostrarem. Há também um crescendo de músicos e editoras independentes que fazem um sacrifício gigante para continuar a fazer música. São um verdadeiro exemplo. Se nos virarmos mais para dentro, pode ser que o panorama musical fique mais rico e que haja cada vez mais qualidade.

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