Jorge Moniz Quinteto apresenta “Inquieta Luz” no próximo dia 8 de maio, pelas 21h30, no pequeno auditório da Culturgest, em Lisboa.
O projeto da autoria do baterista Jorge Moniz coloca o jazz em relação a algo mais. Pode ser o funk ou a tradição popular portuguesa como algum experimentalismo electro e a música erudita, numa perspetiva de fusão que se vai metamorfoseando, já a muitas milhas de distância das características que a tendência a que se chamou fusion tinha na década de 1970. Com Luís Figueiredo nos teclados, Mário Delgado na guitarra, João Custódio no contrabaixo e as vozes de Joana Espadinha e Pedro Ribeiro em dois dos temas, o que se encontra no disco protagonizado pelo baterista e compositor é uma música que vai mudando, mas tem as características pessoais da escrita de Moniz e o cunho de cada um dos intervenientes.
Este «cruzamento de linguagens em que são colocados em evidência os diferentes universos dos músicos» reunidos, para usar palavras do próprio Jorge Moniz, reúne músicos da nova, e cada vez com mais provas dadas, fornada do jazz português. Tem igualmente a participação de um veterano que é por todos aceite como o mais importante guitarrista do jazz nacional. Delgado é mesmo um elemento chave deste jazz inquieto, com os seus acordes e os seus efeitos de pedaleira a furarem por dentro todas as situações. Só grandes instrumentistas podiam estar à sua altura. Aliás, é o primor das execuções a principal força deste empreendimento, ainda mais óbvio numa atuação ao vivo.
O preço único dos bilhetes é de 5 euros, e estão à venda nos locais habituais.
“Podemos ter a percepção de que o jazz por cá praticado nada deve, em qualidade, aos de outras paragens. Podemos até achar que edições como “Inquieta Luz” têm tudo para agradar, e inclusive surpreender, os ouvintes ingleses, franceses, alemães, japoneses e americanos, mas mais complicado é que estes tenham acesso a uma cena que lhes é alheia. O estado de espírito “estamos aqui” de Jorge Moniz e dos seus parceiros é universalmente convincente e sedutor, mas os obstáculos são os mesmos de sempre. É preciso, porém, começar em algum lado e esta música começa por dizer – a nós e aos demais – que não é menos do que as outras “lá de fora”. Tem até, para quem procura o que é diferente, o que acrescenta algo mais ao que já se sabe, argumentos que são exclusivamente nossos. Mais tarde ou mais cedo isso terá de ser valorizado.”