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“Mãe” é o novo disco de Cristina Branco

“Mãe” é o nome do novo disco de Cristina Branco. Este é o 18.º álbum da fadista e é uma homenagem ao Fado Tradicional.

Ser mãe é como um caminho de volta a casa, é como recomeçar uma civilização. Neste disco, quis enfrentar a minha própria batalha ao debruçar-me sobre o que me foi dado viver através da música, de como ela me acolheu, de como ela derrubou todos os obstáculos que me impediam de sair da minha ilha. Ao ter esta mãe como companheira de muitos anos aprendi a ser apenas eu, abrindo espaço para criar músicas, um fado fora do fado tradicional e dentro dele”, explica a fadista.

No arranque do disco ouve-se “Senhora do Mar Redondo”, um diálogo a quatro vozes, onde as palavras de Lídia Jorge são interpretadas como se de um manto de libertação se tratassem.

Para a escolha dos poemas de “Mãe”, Cristina Branco procurou a densidade poética que o fado tem que carregar, quer se tratassem de vultos incontornáveis como Fernando Pessoa ou David Mourão-Ferreira ou dos clamores femininos de Aldina Duarte, Manuela de Freitas ou Natália Correia. “Não sou história por viver, sou a história por contar”, entoa em “Folha em Branco”: as palavras podem ser de Teresinha Landeiro, que assina, ainda, “Liberdade” e “Passos Certos”, mas definem o olhar de Cristina Branco em “Mãe”.

Pelos contornos de “Mãe” encaramos a melancolia de frente mas também nos rendemos à nostalgia das vivências. Embalamos o corpo em cadências lentas mas também dançamos. Se “Essa Tristeza” é subtileza apaixonante, “Noite Apressada” é sombra à procura de expiação. “Liberdade” é ode convicta mas “Folha em Branco” é ginga. Ao longo do álbum, o piano de Luís Figueiredo é tão subtil como emblemático, o contrabaixo de Bernardo Moreira tanto abraça como ampara, a guitarra portuguesa de Bernardo Couto provoca arrepios com a mesma tranquilidade que assinala cada instante de paixão – e, depois, há a voz de Cristina Branco, límpida e pura, capaz de traduzir na perfeição cada curva da vida que tem de estar presente quando se canta, realmente, fado.

“Mãe” começa no silêncio e acaba no silêncio, no silêncio desmedido da voz de Cristina Branco em “Fado de Uma Mulher Feliz Sozinha”. Ela está só mas, ao contrário do título do poema de Aldina Duarte, não está sozinha. É impossível estar sozinho quando se expõe tamanha tradição. Em “Essa Tristeza”, quando encena as palavras de Manuela de Freitas, assume, entre confissão e orgulho, “sei que com esta tristeza não sou livre nem cativa, sou fadista, com certeza”. Que não restem dúvidas: Cristina Branco é fadista mas, acima de tudo, em “Mãe”, Cristina Branco é do fado.

CRISTINA BRANCO APRESENTA AO VIVO “MÃE”

Cristina Branco vai subir ao palco do Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, no dia 21 de outubro para apresentar “Mãe”. Segue-se depois rumo ao Porto, na Casa da Música, no dia 30 de Novembro e, posteriormente, ao Auditório Municipal de Lagoa, no dia 1 de Dezembro. A 2 de Fevereiro de 2024, Cristina Branco tem já espetáculos agendados para o Centro Cultural de Belém, em Lisboa, incluída no ciclo “Há Fado no Cais”.

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