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“Brava” é o novo disco de Mila Dores

O novo disco de Mila Dores, “BRAVA”, produzido por Filipe Sambado, já chegou às lojas e às plataformas digitais.

«Escrevi estas canções depois de ter queimado um caderno onde tinha rabiscos de acordes, meias frases, palavras, refrões e versos soltos e algumas canções acabadas.
Numa tarde de pandemia num terraço no Porto pus aquilo tudo dentro de uma panela muito usada e deitei-lhe fogo. Salvei uma folha onde tinha escrito: ”Isto de ser mulher, não é quando um homem quer”.

Enquanto o fogo ardia e os cantos das folhas se iam encarquilhando, e à medida que as palavras iam desaparecendo, absorta pelas chamas e um pouco em pânico porque estava a apagar matéria-prima, ia dizendo repetidamente baixinho “deixa arder, deixa arder, deixa arder”.

Deixei nas chamas canções de amor não correspondido, resquícios de histórias sobre situações que me deixaram muito triste e desiludida, frases melódicas e progressões harmónicas que dariam vida a lugares passados que não quero reviver.

Queria escrever sobre o presente.
O que queria eu dizer?
Pensei muito sobre o que significa ser artista, em porque é que eu sou artista e sobre o que quero escrever e cantar neste mundo contemporâneo em que me sinto tantas vezes “desempoderada” socialmente e calada.

Comecei a escrever este texto na folha em que dizia “isto de ser mulher não é quando um homem quer”: nada venero. só rezo quando eu quero e só eu é que decido quem cá canta. Eu é que uso a gravata e eu é que mando em mim e se me dizem mais uma vez como me devo vestir e comportar e com quem vou para a cama e quando eu passo-me.
Estou farta do patriarcado, quero que se lixem as regras dos homens.
Deixa isso tudo arder.

Numa nota de descrição formal da coisa posso dizer-vos que a “Brava” é um disco que casa o lirismo feminista com o Indie pop e com ecos da música tradicional portuguesa e notas de poesia de Abril, mas quero sobretudo dizer-vos que é sobre as minhas histórias dentro de um mundo contemporâneo que eu tenho visto cada vez mais isolado e desesperado por atenção, conexão e Sol.

Chamei-lhe “Brava” porque o dedico a todas as Bravas e Brav@s de hoje e de sempre e porque, poesia à parte, é preciso ser corajosa para editar música independente em tom feminino nos dias que correm», refere Mila Dores.

Em “BRAVA” é possível encontrar as canções que ao longo dos últimos meses tem vindo a revelar: “Não te ponhas a jeito”, “Limão e jasmim”, “Deixa arder” e “Afia a língua”, que concorrreu ao Festival da Canção, bem como o mais recente single “Nem santa, nem puta“.

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