Pedro Mestre é um dos grandes impulsionadores e embaixadores da música e das tradições do Alentejo. Pioneiro do projeto de salvaguarda do Cante, fundador e ensaiador de corais alentejanos, é um dos principais responsáveis pelo surgimento de novas gerações na música tradicional do Alentejo, levando o Cante Coral alentejano para as Escolas. Paralelamente ao Cante, Pedro Mestre tem trabalhado na preservação e salvaguarda da viola campaniça, instrumento tradicional do Alentejo. Aprendeu com o mestres tocadores a arte de construir e dedilhar esta peculiar viola de arame e, para além de a ensinar nas escolas, já levou este instrumento aos quatro cantos do mundo.
Depois da edição de vários trabalhos discográficos com os diversos grupos que integra, passados vinte anos desde que iniciou o seu percurso musical, decide lançar um trabalho em nome próprio com a participação de alguns colegas e amigos: Janita Salomé, António Zambujo, Rui Vaz (Gaiteiros de Lisboa), Fábia Rebordão, Jorge Fernando, Guilherme Banza, Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de S. Bento, Cantadores do Sul, Campaniça Trio, Tânia Lopes, Vasco Sousa e José Manuel David (Gaiteiros de Lisboa).
“CAMPANIÇA DO DESPIQUE” é o título do álbum que está, a partir de hoje, disponível nas lojas. Um disco que evoca o mais genuíno toque da viola campaniça, que desde sempre acompanhou os cantes de improviso no Alentejo, que surgiam de modo espontâneo em festas, romarias, nas tabernas e que ainda hoje acontecem, embora de modo organizado e performativo. Este trabalho é composto por temas inéditos, da autoria de Pedro Mestre e temas do cancioneiro tradicional alentejano, que ganham aqui um novo fôlego. “Campaniça do Despique” visa dar continuidade ao trabalho do músico, em que a tradição e inovação caminham lado a lado, levando esta identidade cultural e memória coletiva de um povo a atravessar fronteiras.
“Jardim dos Sentidos” é o primeiro cartão de visita deste disco e conta com a participação especial de António Zambujo. Com letra e música de Pedro Mestre, esta composição espelha, nas palavras do seu autor, “o verdadeiro sentimento pelo primeiro amor. Amor este tão forte e poderoso como a luz natural de cada dia. Não obstante, é pensado como inatingível e impossível de se vivenciar”. “Sentido” que acarreta algum descontrolo, num coração desacreditado, mas que, por seu turno, tem necessidade de se preencher e enaltecer de amor.
Para além disto, Mestre compara o tamanho deste sentimento à amplitude dos jardins reais, repletos das mais variadas e ornamentadas espécies de flores que os compõem. Por fim, e para que se completem de forma harmoniosa as vivências destes “sentidos”, a melodia compõe-se, também, pela singularidade da viola campaniça, do som do piano e da inigualável voz de António Zambujo.
