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Entrevista e Reportagem | Pitt Broken leva Braga ao rubro

Foi em Braga como não podia deixar de ser o lançamento do álbum Change de Pitt Broken – uma das promessas do pop rock nacional – que já é apontado como um dos marcos da reentré musical.

A primeira parte ficou a cargo dos locais Innocent Greed . A banda de rock apresentou um reportório misto, oscilando entre o português e o inglês, entre o suave e o agressivo, mas sempre com uma forte base instrumental, principalmente a nível de bateria e baixo: os instrumentos que, claramente, comandavam o quinteto. O vocalista, por sua vez e sempre que podia ,incentivava a plateia a bater palmas e a repetir os refrões, terminando com o bombástico Revolution, defendendo que a revolução necessária para a mudança começa por nós mesmos.

Com um público maioritariamente adolescente, a banda conseguiu criar um bom elo de comunicação com a audiência, fazendo o aquecimento perfeito para a atuação mais esperada da noite.

Já depois das onze, Pitt Broken subiu ao palco, perante a euforia de algumas centenas de pessoas que gritavam entusiasticamente pelo seu nome, não se importando com o frio que se fazia sentir. Convidando o público a cantar em uníssono, iniciou a apresentação dos temas do novo trabalho, evidenciando sempre o prazer e o orgulho em estar na sua terra natal, Braga. Foram bastante frequentes as suas intervenções e interação com a plateia, bem como a evidente satisfação do músico em pisar o palco perante a família e amigos. “Muito Bonito” foi uma expressão usada várias vezes pelo músico para a elogiar a audiência que, por seu lado, estava completamente rendida à sua voz e ao seu carisma.

Bastante à vontade o vocalista falou ainda tranquilamente com o público durante o concerto quer sobre o novo trabalho, quer sobre a situação de Portugal na atualidade e na necessidade de mudança. Este foi o mote para o tema “For a change” no qual juntou-se em palco uma fã para ensinar o refrão aos restantes, cuja maior parte, já o sabia, assim como a restante letra. Recorde-se que este tema faz parte da banda sonora da novela Dacin’ Days, além de ser um dos preferidos do público. Sem dúvida um dos momentos altos da noite, a par do tão elogiado cover de Bad Romance de Lady Gaga  – que também faz parte do alinhamento do novo álbum.

Depois da última música, Stay Out, houve ainda tempo para um medley que juntou o hino nacional (muito ao estilo rock n’ roll) , Pink Floyd e ainda Imagine de John Lennon, dando ênfase à palavra peace – uma espécie de mensagem/conselho que transmitiu, principalmente à geração mais jovem que ali se encontrava.

Uma nota ainda para -além da mais que óbvia qualidade vocal de Pitt Broken – o quarteto que o acompanhava que portou-se à altura, com especial destaque para o teclista: que não só brilhou no tema de Lady Gaga, como ainda fez os back vocals de algumas canções, apresentando uma voz agradável e até um tanto inesperada.

Pitt Broken apresenta-se assim, na terra natal, com um repertório novo e que vale a pena ouvir: cada música transmite uma força e uma mensagem muito importantes para o homem como indivíduo capaz de amar e ser amado,  mas também para a sociedade e relações humanas em geral.

O Made In Portugal falou com o cantor no final do concerto, que muito gentilmente nos concedeu uma entrevista onde afirmou-se contra o preconceito e disse que foi esse um dos motivos que o levou a fazer a tão bem sucedida cover de Bad Romance. Confidenciou-nos ainda, que num próximo trabalho poderá mudar de nome. Podem ler um excerto abaixo:

ENTREVISTA

Antes de mais as
primeiras impressões do concerto. Sabemos que tocar em Braga é sempre muito
especial para ti. Mas por que escolheste a escola secundária de Cabreiros para
o concerto de lançamento do álbum?

Desde o início deste projeto que existe a intenção de unir,
de unificar, e não fazer aquilo que toda a gente faz. Por isso é que cantámos
For a Change. Por que há essa intenção de fazer diferente, de unir aquilo que à
partida não pode ser unido ou de juntar pessoas… Aliás este é o sítio se calhar
mais improvável para se fazer um concerto, numa escola, mas da nossa parte
temos essa vontade. Se calhar por motivos comerciais, se o concerto fosse no
centro, teria vindo muito mais gente da cidade, mas nós temos de tocar para
esta gente aqui porque se calhar não puderam nem nunca tiveram oportunidade de
receber um concerto aqui na terra delas e portanto foi essa a intenção.
O que achaste da
receção do público, principalmente dos adolescentes que constituíam a maior
parte da audiência?

Achei excecional. Desde que me propus a fazer música na
minha vida eu nunca tive a intenção de intelectualizar nem de tornar a música
uma ciência. A minha música tem de ser uma coisa acessível para toda a gente. E
quando olho para a frente e tenho uma plateia desde miúdos de 5/6 anos a
pessoas de 60, não há nada mais gratificante e é quase o justificar de todo o
esforço que fiz. Para mim é o mais importante.
Já tens um percurso
vasto no mundo da música, mas apenas agora lançaste o teu primeiro álbum.
Sentes que Change  é a concretização do objetivo a que te
propuseste?

Eu já faço música há muito tempo e eu costumo dizer uma
coisa a miúdos que às vezes vêm ter comigo a perguntar o que devem fazer. Eles
dizem-me o que eu devo fazer para ser
músico
e eu digo: mas músico tu já és.
Eles querem é que as pessoas reconheçam. E há uma coisa que vem antes do
reconhecimento que é o conhecimento. Ou seja: ninguém te pode conhecer nem te
reconhecer qualidade, se tu mesmo não souberes quem és. Portanto, da minha
parte foi um período de preparação para que num determinado momento nós
pudéssemos estar a lançar um disco e isso foi o mais importante porque deu
tempo às pessoas para reconhecerem o meu trabalho. Quis primeiro que as pessoas
conhecessem o meu trabalho.
Isso aplica-se um
pouco às novas bandas: tocar muito, ser reconhecido antes de editar um
trabalho?

Não é só tocar muito. O artista é alguém que cria algo.
Quando tu crias alguma coisa seja a pintar, cozinhar, qualquer coisa. Quando
não há palavras para comunicar tens de saber muito em relação a ti próprio
enquanto ser humano para poder comunicar com alguém sem usar as palavras. A
palavra é o meio mais fácil para comunicar e quando não tens a palavra tens de
conhecer muito de ti para poderes extrair e criar algo.
Também tens tido
bastante sucesso por terras espanholas. O que achas que despoletou esse
interesse?

Sinceramente nem eu sei. Uma vez convidaram-me para tocar e
aceitei, mas não estava nada à espera da recepção do público. Eles cantavam todas
as minhas músicas.
Relativamente a este
trabalho qual é a mensagem que se pode extrair de Change?

Eu acho que é a simplicidade. Eu acredito na simplicidade.
Noutro dia perguntavam-me numa entrevista para a revista sábado se eu era
romântico. E eu disse mas toda a gente é romântica. As pessoas fogem do romance
e do amor e daquilo que elas acham que é amor, mas não conhecem o amor por elas
próprias. E o amor não está apenas na relação de um homem e uma mulher, está em
tudo. Na ligação que fazes com as pessoas: o ligar é que funciona. Quando falas
com alguém, independentemente do contexto acrescentas algo à vida da pessoa,
vives alguma coisa que é verdade e identificas que é: tu crias uma ligação, há
a soma de alguma coisa. E amanhã vais construir algo em cima de alguma coisa
que somou hoje.

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