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Reportagem | “Celebrar Amália” – Uma verdadeira homenagem (c/ fotogaleria)

Com “Celebrar Amália”, Camané e Mário Laginha encontram um Museu do Fado completamente cheio e rendido aos artistas após a primeira nota. “Espero que compreendam se houver algum percalço”, diz Camané, após confessar que vai cantar alguns dos fados pela primeira vez. Quem o ouve não consegue acreditar. O piano de Laginha enche o ar e acaba com a ideia de que o verdadeiro fado é acompanhado por guitarras. E, quando Camané solta a voz, percebemos que estamos perante o sucessor de Amália Rodrigues. Mas, mais do que isso, é ele próprio.

Arrancam com “Foi Deus”, um dos fados mais emblemáticos da homenageada. Desafio arriscado e muito bem conseguido que prende de imediato o público. Seguem-se as brilhantes interpretações de

“Não Sei Por Que Te Foste Embora” e “Fria Claridade”. Por esta altura, já Camané conversava com o público, num ambiente de descontracção. Após “Libertação” e “Cansaço”, chega um arrebatador “Asas Fechadas”, seguido de “Abandono”, ou “Fado Peniche”, homenagem aos presos políticos durante o Estado Novo, um fado que denuncia quarenta e oito anos de treva em que o livre pensamento era motivo de prisão. “Madrugada de Alfama”, de seguida, é uma das canções mais aplaudidas e permite que Laginha se solte ainda mais ao piano, contagiando quem ouve. Noutro registo, mais contido, vêm ainda “Espelho Quebrado”, “Meia Noite e uma Guitarra” e um magnífico “Cuidei Que Tinha Morrido”, de Pedro Homem de Mello, sobre quem Camané volta a falar antes de cantar, ainda que não seja um fado de Amália, “Sei De Um Rio”. E ainda bem que o canta.

O concerto termina mas, perante a insistência de um público fascinado, Camané e Laginha voltam ao palco para repetir “Madrugada de Alfama”.
Concerto de pouco mais de uma hora, que foi certamente uma das melhores homenagens à grande fadista que nos deixou há quinze anos. A sensação com que ficamos, ao sair do Museu do Fado, é que Amália estava presente. E, tal como nós, aplaudiu.

Texto: Adriana Dias
Fotos: Márcia Filipa Moura


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