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Reportagem | Dead Combo no Coliseu – Este som não é para meninos

Entramos num Coliseu pouco iluminado e esgotado, com o palco no centro da arena. Da tribuna presidencial chega o som de metais, ao mesmo tempo que um apresentador de circo se chega ao palco. “Dezembro é mês de Natal no Coliseu. Mas hoje não há palhaços. Foram todos de cana!”, diz. “E agora anda toda a gente aí a falar dos circos com animais e tal… Hoje vamos ter dois animais em palco: os Dead Combo!”. E, após um fortíssimo aplauso, Tó Trips e Pedro Gonçalves começam o concerto. “Povo Que Cais Descalço” e “Miúdas e Motas” são os primeiros temas apresentados. Segue-se “Mr.Eastwood”, de

“Quando a Alma Não É Pequena”,  já que apesar de o concerto se basear em “A Bunch of Meninos”, o último albúm da dupla, há espaço para temas de outros discos. E sucedem-se músicas e histórias relacionadas com elas, contadas por Tó Trips.

Nos temas “Putos a Roubar Maçãs”, “Arraia” e “Rumbero” (que é, segundo Tó Trips, “um rum manhoso que encontrámos uma vez na Brasileira. Não provem.”), Dead Combo são acompanhados pelo trio de cordas de Carlos Toni Gomes, acentuando o carácter cinematográfico da banda. Não é estranho, aliás, que “Rumbero” e “Lisboa Mulata” venham a fazer parte da banda sonora do filme Focus, de Glenn Ficarra e John Requa, provando assim a importância da dupla no panorama musical, mesmo a nível internacional. Com “Zoe Llorando” e o magnífico “Esse Olhar Que Era Só Teu”, que dedicam a Bruno de Almeida, Dead Combo entram num ambiente acústico, mais intimista, a provar a versatilidade dos artistas. Além disso, é notável o espectáculo a nível visual. A iluminação adequa-se perfeitamente a cada canção, explosiva quando aumenta o ritmo, na escuridão quase total quando o tema o pede. Tudo é calculado ao pormenor.

“Isto agora é assim um bocadinho uma versão de restaurante chinês com a voz de uma grande diva.”, afirma Tó Trips (para gargalhada geral), ao apresentar “Like a Drug”. A canção dos Queen of the Stone Age ganha um carácter completamente diferente na versão de Dead Combo, acompanhados por Ana Quintans, cantora lírica. Diferente? Sem dúvida. Bom? Não. Fabuloso. Segue-se “Pacheco”, com Pedro Gonçalves no piano. Se Tó Trips é um génio da guitarra, Pedro Gonçalves é um artista como poucos, dominando todo o género de instrumentos.

Com “Eléctrica Cadente” entra Alexandre Frazão para a percussão, e o ritmo dispara. Temos a sensação de estar num concerto de rock, sobretudo quando tocam “Cacto”. Em seguida, entra em cena a Real Orquestra das Caveiras, acompanhando a dupla em vários temas, dos quais se destacam “Waits”, muito aplaudido, “A Bunch of Meninos” e “Lisboa Mulata”.
O concerto chega ao fim mas, dada a insistência do público, Tó Trips e Pedro Gonçalves voltam ao palco, neste momento já não no centro da arena, e ao levantar da cortina ouvem-se os acordes de “Hawai em Chelas” e “B.Leza”.

No fim de mais de duas horas, é impossível sair do Coliseu sem um sorriso. Dos sons “western spaghetti” ao acústico mais puro, do tom dramático ao riso e à alegria, todos os sentimentos transparecem na sonoridade de Dead Combo. “Isto é muito estranho estar aqui. Mas é muito bom.”, palavras de Pedro Gonçalves a dado momento. E é exactamente isto. É esta a identidade da dupla. Eis Dead Combo.

Texto: Adriana Dias
Fotos: Luis Flôres

   Nota: mais fotos do concerto publicadas em: http://goo.gl/lB2ix4   

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