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Reportagem | João Só dá lição de Pop Rock no TMN ao Vivo

Foi o íntimo e moderno espaço do TMN ao Vivo, junto ao Tejo e em pleno coração de Lisboa, que serviu de palco para que a 23 de Outubro de 2013 João Só apresentasse o seu terceiro disco de estúdio “Coração no Chão”.

Com uma casa muito bem composta, quer em termos de afluência de público, de media, a cobrir o evento ou mesmo de cantores mediáticos e outras figuras públicas que se podiam ver entre a audiência, foi pelas 22:30h que o sexteto subiu ao palco para abrir as hostes e partir para uma noite de Rock clássico. O músico apresenta-se de uma forma simples e, na verdade, é difícil prever, antes de o ouvir, a intensidade e qualidade com que se entrega aos temas tocados. Com fortes influências do período mais Pop Rock (pré “Revolver”) dos Beatles e com riffs simples mas marcantes, tal como Jack White nos habituou na última década, João Só apresenta uma sonoridade fortemente enraizada nas guitarras, com três ou quatro acordes, riffs orelhudos e arranjos a condizer. Quanto á secção rítmica, marca os tempos sem comprometer, enquanto que o sintetizador permite colorir ainda mais os temas. As letras são simples e as palavras vão-se encadeando com uma espontaneidade que as torna quase obvias para que mesmo quem não as conheça possa acompanhar facilmente o refrão.

É verdade que em Portugal cantores como Rui Veloso, José Cid, João Pedro Pais ou mais recentemente os Azeitonas sempre conseguiram fundir o Pop Rock de tradições Anglo-Saxónicas com as melodias e temáticas da música ligeira Portuguesa, mas João Só consegue encontrar um espaço ainda por ocupar pois junta a agressividade das guitarras a letras positivas que ficam no ouvido. A contrastar com o som polido, a imagem pouco cuidada e a atitude (que lembra a era do Grunge dos anos 90) do artista, que troca poucas palavras com o público e que se parece alienar do espaço assim que as primeiras notas saem da sua guitarra.

O alinhamento, baseado principalmente no disco que estava a apresentar, apenas recorreu a um êxito do passado: “Sorte Grande”, já durante o encore, prescindindo mesmo do sobejamente conhecido “A Marte”. Apesar de arriscada, a aposta surtiu efeito já que os versos contagiantes do muito Country “Queres”, “Coração ao chão” ou do baladeiro “Mais ninguém” fizeram o público ouvir as suas vozes. Apesar da aceleração da maior parte dos temas, como “Perdido e Achado” (a lembrar “I Won’t Back Down” de Tom Petty), o típico ritmo a dois tempos de ”Estrada Deserta” ou “Pelo Sim, Pelo não” do seu disco mais recente, as baladas não faltaram com “É pra Ficar”, “Até ao Fim” ou “Vais ter de me Aturar” dedicada à sua noiva.

Em suma, em pouco mais de uma hora, o tímido músico mostrou como dar um concerto recheado de grandes canções, em que a consistência e coerência da sequência de temas apresentados ditou, que os que já conheciam confirmassem as suas convicções, enquanto os que iam mais à descoberta ficassem rendidos perante o Pop Rock ora melódico, ora agressivo, mas sempre positivo que foi apresentado. A avaliar pelas reações do público, enquanto partilhar a sua música, apenas de apelido este João vai conseguir estar Só.

Reportagem por Pedro Pico
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