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Reportagem | Luísa Rocha superou a “prova de fogo” chamada CCB

Foi de forma segura que Luísa Rocha superou na passada sexta-feira a prova de fogo no Centro Cultural de Belém. A expectativa era elevada para todos os presentes no pequeno auditório do CCB. O concerto de Luísa Rocha foi na verdade uma viagem por três fases da carreira da fadista, que começou pelos fados que cantava antes da gravação do primeiro disco ‘Uma Noite de Amor’ (editado em 2011 com produção de Carlos Manuel Proença), por fados do próprio disco de estreia e finalmente por temas do mais recente disco editado em Setembro de 2015, ‘Fado Veneno’.

‘Foi por vontade de Deus’, assim começou o concerto que, conforme se pôde comprovar no final escutando o público, excedeu as expectativas, e deliciou os presentes desde os primeiros instantes, até ao término do mesmo, no qual o público acompanhou alegremente a fadista no tema single do novo disco ‘Não fales por falar’, com letra de Jorge Fernando e Música de Guilherme Banza.
Luísa Rocha aproveita para fazer referência e homenagear algumas das suas influências musicais – tais como Amália Rodrigues, Beatriz da Conceição, Maria Amélia Proença, Max -, para agradecer ao seu público e salientar a alegria de poder cantar para ele, e o seu desejo de com ele “partilhar um grande momento de Fado”.

A fadista toma cada fado como seu, e interpreta-o com alma fadista, segura de si e do que pode alcançar com a sua voz, pois para se demonstrar garra a cantar Fado não é necessário elevar demasiado a voz. O Fado está na interpretação, está no sentir de cada palavra, de cada acorde, cada trinar da guitarra, cada compasso do baixo, e no andamento da viola, e Luísa Rocha sabe disso, sente-o e transmite-o a quem esteja por perto.

De entre os temas do novo disco, foi possível escutar o tema homónimo ao disco ‘Fado Veneno’ ( com letra de José Carlos Malato, que foi também convidado ao palco para recitar o excerto de um livro), ‘Mulher Lisboa’, ‘Eu fecho a porta’, e ‘Meu Peito Rasgado a Fogo’, com letra de Maria de Lurdes Carvalho e Música de Jaime Santos, ao qual Luísa se referiu dizendo “Este fui eu que escolhi para ser meu. Se eu me descrevesse, era assim”.

No palco, que contou com decoração pelas mãos de Jorge Cortez, constavam elementos característicos do Fado: a guitarra portuguesa (detalhadamente decorada), o xaile e os míticos brincos de Viana do Castelo, em formato de coração. Um concerto pejado de grandes detalhes, com tudo seleccionado ao pormenor, desde o alinhamento, passando pela decoração já referida, até aos músicos que subiram ao palco com a fadista: Guilherme Banza e Ângelo Freire nas guitarras portuguesas, Carlos Manuel Proença na viola de Fado, e Daniel Pinto na viola baixo.

Um concerto simplesmente triunfante, e também de afirmação do percurso de Luísa Rocha no Fado. Um percurso seguido de forma simples, honesta, determinada, e sem pressas. Luísa Rocha demonstrou neste concerto que ainda tem muito mais Fado para nos fazer sentir.
“Espero que estejam tão felizes como eu”, disse Luísa emocionada no final do concerto , já com o público de pé a aplaudir a artista.

Luísa Rocha é sem qualquer margem para dúvida, um nome a gravar na mente e no coração de qualquer amante de Fado.

Texto e fotos: Márcia Filipa Moura (facebook.com/marciafilipamourafotografia)

Leia a entrevista a Luísa Rocha em: http://madeinportugalmusica.pt/entrevista-luisa-rocha/

 

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