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Reportagem | Miguel Ângelo celebrou aniversário com concerto no CCB

A 3 de Abril de 2013 Miguel Ângelo visitou o CCB em Lisboa para mais uma paragem da sua digressão de Teatros que o levou a percorrer o país para apresentar o seu disco “Primeiro”. Coincidindo o concerto com a data do seu aniversário, o músico aproveitou para apresentar em palco muitos convidados que tornaram a noite ainda mais especial.

O início deu-se ao som de “Precioso”, single de apresentação do seu mais recente trabalho e que já é bem conhecido do público. Com o grande auditório do CCB composto e uma banda na qual eram facilmente reconhecíveis as caras que acompanharam o músico durante a sua carreira, quer a solo, quer com a sua banda de sempre: os Delfins. “Não Vou Ficar” e “Num Sonho Teu” foram as primeiras composições da banda que foram interpretadas ainda com uma reação algo tímida por parte do público.

O palco era profundo com cenário branco e as luzes iluminavam, ora os músicos individualmente, ora panoramicamente os 5, 6 ou 7 elementos da banda que se juntavam no palco consoante os temas.

“Só Eu Te Posso Ajudar”, daquele que foi apelidado como o disco zero da sua carreira a solo, foi o primeiro momento de grande intimismo numa versão apenas com voz e guitarra de 12 cordas com Rogério Correia a brilhar. Por seu lado, Miguel demonstra a afinação nos tons mais difíceis, sempre com a voz característica que qualquer Português reconhece de olhos fechados.
São então apresentados alguns dos novos temas, como “Sim” que começando com o refrão, se revela como uma balada acústica enriquecida com arranjos de dedilhados elétricos. Em “Os Meus Pés A Andar” é o violino que marca presença e se destaca, ao passo que ”Gás Raro”, mais a abrir, vê o acordeão trazer o folk à sala Lisboeta. Miguel Ângelo esforça-se por manter um diálogo com o público entre os temas o que faz com que este timidamente se vá manifestando cada vez mais à medida que o concerto ia decorrendo.

Chegada a altura dos primeiros convidados entrarem em palco, são chamados Tiago Guilul na voz e Martim no contra-baixo, que ajudam a banda a desvendar alguns temas editados no EP digital ”Ray’s bar”. “Assim Na Terra” é interpretado a 4 guitarras e contra baixo, enquanto que “Salvo” vê Luís Raimundo dos “The Poppers” (apelidada pelo cabeça de cartaz como melhor banda Rock Portuguesa da atualidade) subir ao palco para mostrar alguma da sua irreverência. O tema inédito “O Internacional” é o último do segmento, com todos os músicos em palco e a sua sonoridade Soul Folk torna-se contagiante.

O regresso da banda dá-se com “Aquele Inverno” dos Delfins coroada com um solo elétrico épico que eleva o drama do poema, sendo o refrão final cantado pelo público e acompanhado apenas pela guitarra acústica do vocalista.

É nesta altura que Rui Fadigas, o enigmático baixista, troca o baixo pelo IPhone para interpretar “Mareou”, seguido de “Um Dia Perfeito” que, como salientado na sua introdução, contraria o estado dos tempos com uma letra positiva sobre uma melodia que tem o melhor do legado dos Delfins. O tema é colado com palmas ao muito ritmado “É Contigo” que mantem o otimismo. “Um Lugar Ao Sol” começa num ritmo lento, ganhando balanço para que depois do verso, já com a bateria a marcar o tempo, chegue à força de um dos refrões mais populares da música portuguesa, com direito a solo de baixo de Rui Fadigas, o músico com quem Miguel partilha uma cumplicidade  de quase 30 anos de carreira. Contudo a música não termina sem antes o público se juntar em coros repetidos vezes sem conta. “Sou Como Um Rio” relembra os anos 90 e a altura em que os Delfins tinham Portugal a seus pés, enquanto que “À Espera” conta com coros gospel que se juntam para adocicar o melodioso tema que relega a banda para a penumbra, destacando os sons, tal como tinha acontecido no início do espetáculo. O efeito fade out tem o seu expoente máximo com o decrescente volume que do grito ao sussurro os coros entoam.

O intervalo antes do encore serve para a plateia cantar os parabéns a Miguel Ângelo, momento brilhantemente seguido pela interpretação de “Birthday” dos Beatles, que junta todos os músicos em palco, ao mesmo tempo que entregam uma prenda ao vocalista.

“A Casa Dos Sonhos” vê subir ao palco a ultima convidada da noite: Sara Abreu no violoncelo, o qual enfatiza o drama da canção de refrão orelhudo. “Nasce Selvagem” é o hino que se segue e dá mais uma vez prova do enorme legado  que o músico tem e que é parte da cultura popular portuguesa. Mais uma vez a toada Folk, Coutry crua de temas que “podem ser cantados na praia entre um grupo de amigos” unifica clássicos com novas composições.

A noite termina como começou, ao som de “Precioso”, single que marca este novo começo da carreira do músico da baia de Cascais, mas desta vez com o público de pé e as luzes do auditório acesas. A produção deixa de ser necessária e, por uma última vez, todos os músicos se juntam para encher o palco. Depois de um Happy Birthday muito Soul, “Muito obrigado e sejam felizes” são as derradeiras palavras de Miguel Ângelo que nas mais de duas horas de concerto, conseguiu um equilíbrio perfeito, desfilando temas novos e clássicos que durante os últimos 30 anos fizeram parte da banda sonora de um país chamado Portugal.

Texto: Pedro Pico
Fotos: Vitor Garcia
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