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Reportagem | Noite especial da Azáfama

                                                                  Galeria de Fotos do Concerto

A noite do passado sábado, dia 6, pôs-se a jeito para que os mais noturnos pusessem a cabeça de fora e viessem dar um ar de sua graça às ruas do Bairro Alto.

Mas entre arrefecer as orelhas numa noite de primavera (ou que pelo menos já começa a cheirar a) e aquecê-las ao som de boa e jovem música portuguesa, nisso não há muitas dúvidas em qual das duas apostar. Se, como nós, a segunda opção vos parece a mais acertada, não houve então melhor lugar para fazê-lo do que no Teatro do Bairro.

A “azáfama!”, a estampa editorial que se mostrou em 2010 e que decidiu que estava na hora de olhar para um panorama musical nacional em ebulição e ver onde poderiam ser feitas as grandes apostas. Como referem na sua página (www.azafama.com), em vez de se sentarem a ver esta azáfama que se passa no panorama musical português, decidiram arregaçar as mangas e fazer parte dela, gerenciando, produzindo e apoiando os novos talentos da música portuguesa.

Com uma linguagem musical jovem e irreverente estes novos talentos já viram que o mundo da música não está para brincadeiras, por isso levam muito a sério aquilo que fazem, mas divertem-se bastante a fazê-lo!

Num concerto que só pecou por começar com um lígeeeeeiro atraso, uma horinha de conversa a mais para quem pagou bilhetes às vezes é arriscado, mas quando começou, logo qualquer queixa que se pudesse estar a formar desapareceu. Num concerto que uniu os vários artistas que estão sobre a chancela da “azáfama!”, o caos ordenou-se numa fantástica demonstração daquilo que a música portuguesa faz de melhor.

Com a presença de Capitão Capitão, Vitorino Voador, Tupã Cunun, f l u m e, O Martim e Trêsporcento numa sequência mais ou menos arranjada, mas em que ora o vocalista daqui se juntava ali, ora o guitarrista se juntava aos outros quatro já em palco, ora os músicos se divertiam simplesmente e faziam coro às actuações dos companheiros de editora. Quem abriu as “hostilidades” foram os Capitão Capitão com “Malarranha”, “Memórias Curtas” e “Santo Amaro”, depois foia vez de Vitorino Voador com “Balada FDP”, “O Caminho” e “Sede de Água”, depois o electrónico Tupã Cunun com “OM 1” e “Mata Atlântica”.

De seguida quem foram os “f l u m e” que entre outras apresentaram a quase marinheira “Catraia” com um coro de divertidos músicos que em pouco se afastavam de voz de marinheiro quando chegava o momento de gritar por aquela Catraia, tal foi a alegria e a vontade de mostrar que estavam ali para fazer o que mais gostam. Na verdade, entre um público bastante bem repleto, com muitos amigos e familiares à mistura, foram poucos os que não sabiam pelo menos o refrão desta música com cheiro a maresia.

De seguida, O Martim vieram dar um ar da sua graça, aquilo que fez, com aquele sorriso malandro, no 5 Para a Meia Noite, com uma enorme vontade de pular e de espalhar a sua alegria por todos aqueles que foram ver o concerto. “Toda a gente” soube que nem no “Domingo de manhã” O Martim disse a verdade ao dizer “Eu também não sou poeta”, pois com os ritmos arejados do novo rock português a poesia é o que quisermos fazer dela. Agora fora de trocadilhos, foram bem mais de Trêsporcento os que abanaram a cabeça – como há muito já não dava vontade de abanar, é preciso dizê-lo – ao som deste conjunto de tão bons músicos portugueses que estão para ficar, e para o mudar, no panorama musical português. Foi então a obrigação de os Trêsporcento, e claramente um enorme sacrifício, fechar com chave de ouro este grande espectáculo. Com “Cascatas” e “Quero que sejas minha”, parecia terminar o concerto, mas não sem antes subirem ao palco todos os músicos da “azáfama!”, chamando aquele que é o pai deste projecto, Pedro Valente, assim como o resto da equipa que estavam por trás daquele milagre, como disse um dos jovens que corria incessantemente a ligar e desligar, a coordenar e confinar cabos e colunas, guitarras e baixos, “O que aqui está a acontecer hoje é um milagre”, pois nós também acreditamos que seja, pois juntar metade da capacidade de ocupação de um autocarro da Carris em cima de um palco à vez e fazer com que corra tudo suavemente, ou mestria ou magia, uma terá de ser.

Ainda houve espaço para mais uns temas que apesar de serem de cada uma das bandas, foram cantados por todos, com momentos em que jam de cinco guitarras, com três vocalistas e um coro divertido.

Que a “azáfama!” continue, porque não há dúvida que estão cá para atiçar a música em Portugal e pegá-la pelos cornos.

Álbum completo de fotos AQUI.

Texto e fotografias por Tiago Alves Silva

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