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Reportagem: O coliseu do Porto era felicidade, a causa era Tony Carreira

Ainda faltavam três horas para o início do concerto, mas já centenas de fãs esperavam ansiosas pela abertura das portas do coliseu do Porto. O aroma a castanhas assadas misturava-se por entre o  meio da multidão que alegremente trocava palavras e cantarolava algumas músicas.  Já no interior do coliseu, o entusiasmo aumentou e não raras as vezes se entoou o nome de Tony Carreira pela sala, acompanhados de cachecóis, fotografias e cartazes de admiração ao cantor.

Finalmente, um pouco depois das 22h, deu-se o momento mais aguardado da noite, da semana, do mês ou até do ano, para os milhares de fãs presentes. Mal as luzes se ligam e ouvem-se os primeiros acordes da guitarra, a multidão levanta-se – inclusive nos camarotes –  e começam a dançar, gritar, e a bater palmas euforicamente. Rapidamente, algumas pessoas correm para as laterais do concerto na tentativa de estar o mais perto possível do seu ídolo.  O primeiro tema apresentado consistiu num medley de alguns dos (muitos) sucessos de Tony Carreira entre eles: Sonhador, sonhador; Coração Perdido e Vagabundo por Amor.

Findo tema as luzes apagam-se e o cantor é aplaudido longamente. De seguida olha sorridente para a plateia e faz questão de cumprimentar quer os camarotes nas laterais, quer a plateia mais ao fundo.  Confidencia que é um prazer estar de volta à melhor sala do Porto e de como se sente um artista privilegiado. Graceja ainda com a plateia que ri com vontade antes de iniciar nova música: Porque é que Vens. No entanto é com o emblemático Sonhos de Menino que surgem as primeiras emoções. O tema  – assumidamente a canção da vida de Tony Carreira – fala sobre a infância do artista, dos seus sonhos, da dificuldade em os alcançar e do “lugar que o viu nascer”. São memórias de uma vida que decerto são comuns a muitos fãs que entoavam as palavras com sentimento e até com tímido lacrimejar que tentavam ocultar daquele clima festivo.

Eram cerca de 20 músicos no palco com o cantor – que não hesitou em fazer-se acompanhar pelos melhores. Desde violinos, trompetes, saxofones, passando por guitarras acústicas, elétricas, um baixo, uma bateria até às belíssimas vozes de Telma e Yura – que mais tarde ocupou o lugar de protagonista ao cantar majestosamente o tema Já que te Vais a meias com Tony Carreira – tudo confluía numa simbiose sonora verdadeiramente arrepiante. A variedade também esteve presente com um verdadeiro momento latino aquando o tema A sonhar contigo, onde as noites quentes de Havana foram evocadas, num desafio ao frio glacial que fazia lá fora.  De seguida o ambiente mudou, assim como o cantor: que agora apresentava um fato preto para cantar o tema O mesmo de sempre mais uma vez sobre a história da sua vida e dos seus sonhos: conceito este que está muito presente na temática das suas letras, tendo inclusive o cantor brindado os fãs com o Cantor de Sonhos – música que não interpretava há algum tempo.

Um dos momentos altos da noite aconteceu quando Tony dedicou o tema Envelhecer a Teu Lado a todas as mulheres. Durante cerca de cinco minutos o clima romântico invadiu o coliseu e os homens presentes envolveram as suas companheiras em abraços ternurentos e sussurros ao ouvido, aproveitando o escuro para dar asas ao romantismo que a música transmitia.  No fundo é isso que atrai tanto o público: o facto de Tony Carreira incentivar o amor, de ser capaz de apenas com as suas músicas provocar gestos naturais de carinho que, talvez, no dia-a-dia não sejam comuns. Pelo menos durante aquelas duas horas de concerto, as pessoas puderam esquecer-se que há uma crise a acontecer e focar-se no que realmente importa: o amor. E o amor move multidões, como se comprovou ontem.

Sempre bem-disposto e humilde Tony Carreira despediu-se dos fãs agradecendo repetidamente o facto de eles lhe proporcionarem continuar a viver o seu sonho durante tantos anos.  Regressou ainda para um encore de duas músicas, Saudade de Ti e Sabor a Ti, onde mais uma vez levou os fãs ao delírio absoluto, cantando e pulando como se o amanhã não fosse chegar. O coliseu era felicidade, a causa era Tony.

Contudo, a noite ainda não estava terminada: já centenas de pessoas aguardavam à entrada na fila para os habituais autógrafos. Todos sorriam e conversavam animadamente, distraindo-se assim das longas horas que teriam de esperar até falarem com o seu ídolo.

Não são todos os artistas que têm o privilégio de ter fãs tão dedicados e assíduos quanto os de Tony. O seu caso é único em Portugal. Nenhum cantor alcançou ainda a fama e o carinho que o cantor recebe, mas também nem todos são tão acessíveis e generosos quanto ele.

“Ele é único, não é como os outros que se acham superiores como se fossem heróis ou Deus. O Tony é simplesmente uma pessoa como todos nós e não tem medo de demonstrar isso. É uma pessoa a quem podemos chamar de Amigo.” – foram as palavras de uma fã sobre o seu ídolo. E não é preciso dizer muito mais: o brilho nos olhos,o fervor nas palavras, comprovam tudo.

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Texto: Made In Portugal
Fotos: António Costa
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