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Reportagem | O Fado de Marco Rodrigues no CCB

Marco Rodrigues atuou no dia de ontem (20 de março) no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Desceram as luzes na plateia e formou-se uma luz ambiente em palco. Surgem os músicos Guilherme Banza, Pedro Viana (ambos guitarra portuguesa), Nelson Aleixo (viola de fado) e Frederico Gato (viola baixo), e inicia-se o instrumental do Fado Menor do Porto, para que breves instantes depois suba ao palco Marco Rodrigues, que começa por interpretar “Acho Inúteis As Palavras”.
Logo de seguida, o fadista interpreta para o Grande Auditório, praticamente cheio e rendido desde o primeiro minuto, o tema “Acordem as guitarras” e “Homem do Saldanha”, dedicada a João Serra – o ‘homem do adeus’. Seguem-se o Fado “Loucura”, “A Rosa e o Narciso”, “Ausência”, “Quem Tom É Que O Fado Quer” e um instrumental muito bem executado pelo cinco grandes músicos em palco.

Com “Coração, Olha O Que Queres”, Marco Rodrigues antecedeu o que seria o levantar a ponta do véu ao próximo trabalho discográfico, com os temas “A Noite” (de António Mourão) e “A Rosinha dos Limões” (de Max). Sobre o próximo disco, revelou que será uma homenagem aos grandes fadistas de outrora, e que o mesmo será editado em breve.

Após interpretar os dois novos temas, que farão parte do seu quarto disco, regressa ao seu reportório habitual com “Lisboa, Menina e Moça” (tema que canta com mais frequência na casa de Fados, na qual é artista residente e diretor artístico – Adega Machado). Logo após o histórico “Fado do Estudante”, Marco Rodrigues encerra o inesquecível concerto com “A Rima Mais Bonita”, um tema com assinatura de Tiago Torres da Silva, recentemente galardoado com o prémio de melhor poema para o Festival da Canção 2015, pela wordpress.

Termina o concerto com uma grande ovação de pé, que prosseguiu mesmo após fadista e músicos saírem de palco, num pedido insistente de regresso do artista ao palco para mais um tema. E de sorriso no rosto, o artista da noite regressa, não para o palco, mas sim para junto da plateia, para interpretar à capela um fado corrido. Se silêncio é a palavra de ordem quando se ouve cantar o fado, foi em silêncio absoluto que as centenas de pessoas presentes na mitíca sala de Lisboa, ouviram e sentiram a voz forte, mas doce, com um timbre tão próprio, do fadista Marco Rodrigues. E foi após este momento tão genuinamente fadista, o concerto terminou, com uma grande ovação de pé.

À saída da sala, o  público entre si referia vários elogios a um artista que muito tem lutado pelo Fado, e que tem evoluído de forma fantástica, principalmente para quem não nasceu no meio do Fado. Marco Rodrigues já não é considerado uma promessa no Fado, mas sim uma certeza. Mas se certezas existiam, ontem ficaram ainda mais vincadas, tal a evolução detectada em cada tema interpretado. A qualidade dos músicos dos quais se faz acompanhar, é também ela comprovante do bom gosto musical de Marco Rodrigues. A qualidade artística de Marco é inegável, e a sua voz marcante.

Textos e fotos: Márcia Filipa Moura
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