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Reportagem Os Azeitonas | «…não é difícil perceber porque são hoje uma das bandas mais mediáticas no Pop/Rock»

Na noite de Sexta-Feira, 15 de Novembro de 2013, o Coliseu de Lisboa recebeu uma casa cheia para celebrar o último disco dos Azeitonas “Az”. Depois de terem feito a festa na sala homónima do Porto, a banda de Marlon, Miguel Araújo, Salsa e Nena trouxe à nobre sala Alfacinha um espetáculo que conjugou arte e entretenimento numa produção ambiciosa que apesar de bem preparada não deixou de ter os seus momentos espontâneos.

Com o pano descido à frente do palco, o quarteto apresentou-se sozinho e vestido a rigor fazendo uma interpretação a capela, qual grupo vocal vindo da América do Norte dos anos 50. Passada esta introdução,

o pano sobe e é revelada a banda de instrumentistas que preenche o palco e à qual os quatro Azeitonas se

juntam, assumindo uma posição de destaque. O volume começa então a aumentar e em “Café Hollywood” ouvem-se os primeiros coros vindos do público, começando-se a quebrar o gelo. A banda, por seu lado, faz aquilo que sempre fez nos seus espetáculos ao vivo: uma grande festa; divertindo-se com temas grandiosos cheios de referências musicais e linguísticas ao Universo dos filmes e séries que fazem as delícias de miúdos e graúdos. É exemplo disso o Country Western de “Sahara” ou a balada ao piano “Desenhos Animados”, esta última com direito a quarteto de cordas e a Saxofonista a interpretar o solo num camarote do primeiro balcão lateral ao palco, qual Musical da Broadway. O público juntou-se à interpretação doce de Nena e fez-se ouvir, ecoando a exaustiva enumeração de personagens que trazem ao imaginário de tantas gerações diferentes momentos ternos e aventureiros. “Showbizz” é o novo tema que Nena apresenta, recriando um ambiente de Cabaret digno de qualquer grande produção.

A vibração Jazz de “Lisboa não é Hollywood“ invade então a sala com a magia do piano (com Salsa assumir principal protagonismo) e saxofones que nos fazem esquecer o espaço-tempo e de repente nos transportam para New Orleans, capital deste estilo. Segue-se o momento mais calmo, com a secção de sopro a criar o ambiente para Miguel Araújo interpretar “Anda comigo ver os Aviões”, deixando o refrão a cargo do público que facilmente se percebe ter elevado a hino esta singela composição. O tema termina com um momento de cumplicidade entre acordéon e guitarra elétrica, demonstrando que estilos aparentemente incompatíveis podem ser conjugados desde que exista profissionalismo e alma nas interpretações e arranjos.

À festa nem faltou um pedido de Casamento, a que se seguiu provavelmente o momento mais intenso da

noite com a interpretação do primeiro hit da banda: “Quem és tu Miúda”, altura em que o aparente

formalismo imposto pelas cadeiras na plateia ou os trajes mais cerimoniais foi quebrado com todos na audiência a saltarem e a cantar. O tema teve direito a inúmeras interações com o público ao nível vocal, com jogos de repetição das sílabas “Mi”, “Ú” e “Da”. Nesta altura já ninguém consegue ficar indiferente aos passos inflamados e atitude cheia de estilo do vocalista que enche o palco com danças, poses e comentários que não ficam a dever em nada aos grandes entertainers Norte-Americanos. Marlon tem a atitude de profissionalismo, nunca falhando nos tons, e irreverência que lhe permitem ser em Portugal um exemplo de bom comunicador que cria empatia com o público e sem aparente grande esforço dirige centenas ou milhares de vozes e olhares.

“Ray dee Oh”, o primeiro single do último disco, encerrou o ato principal do concerto mantendo a boa disposição e provando que as novas composições mantém o espírito e acompanham na perfeição os temas mais antigos e conhecidos do grupo.
Seguiram-se dois encores, destacando-se a interpretação explosiva de “Dança, Menina Dança”, em que depois de todos os elementos em palco darem o exemplo à vez do seu estilo de dança, todo o público foi convidado a fazê-lo também, no que resultou numa fanfarra coletiva de aparente loucura. “Angelus” com música apenas de guitarra e interpretado por todos os elementos em palco foi mais um grande momento de cumplicidade entre músicos.

Depois de mais uma despedida a banda filarmónica Fanfarra Kaustica invade o Coliseu atravessando o corredor central até ao palco e inflamando o som da sala cria o ambiente apropriado à interpretação do Circense “Circo Zen” ou do épico “Na Na Na”, que fecha a noite com chave de ouro. Os Azeitonas não quiseram no entanto deixar Lisboa de fora do Coliseu e convidaram todos os presentes a segui-los num desfile que saiu da Sala e seguiu até ao Rossio em momentos de irreverência e pura alegria. E foi assim que desfilando pelas ruas da Capital que o quarteto que convidou dezenas de músicos para estes concertos se despediu, com o ambiente de boa disposição e alegria que os carateriza.

A banda já nos tinha habituado a espetáculos em que o profissionalismo e a boa disposição eram peças fundamentais, mas com esta produção e irreverência elevaram uma vez mais a fasquia, convertendo esta apresentação ao vivo num concerto. Os músicos ainda voltaram à porta da sala para uma sessão de autógrafos, provando que com trabalho, dedicação, humildade e uma grande dose de boa disposição conseguem casar Arte e Entretenimento e que por isso não é difícil perceber porque são hoje uma das bandas mais mediáticas no panorama da música Pop/Rock em Portugal.

Texto: Pedro Pico
Fotos: Anabela Santos
Mais fotos do concerto aqui: facebook.com/fotos-osazeitonas
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