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Reportagem | Pombal aos pés de Ana Moura

(Festas do Bodo – Pombal | 28 de Julho)

Foi em mais um dia das Festas do Bodo que a fadista Ana Moura subiu ao palco, inspirando e maravilhando Pombal, perante uma plateia recheada de fãs, visitantes ou simplesmente curiosos.

Ana Moura é um nome que dispensa apresentações: quer para nós quer além-fronteiras, onde a cantora tem vindo a ganhar grande popularidade. O seu talento e alma lusa não deixam ninguém indiferente e é com grande orgulho que tem levado o fado e a língua portuguesa aos quatro cantos do mundo.

Não é de todo desprovido, portanto, afirmar que Ana Moura é uma das melhores (se não a melhor!) fadista atualmente em Portugal. A sua capacidade única de motivar pequenos e graúdos, jovens e não tão jovens, à sua música foi visível em Pombal, onde a heterogeneidade do público foi bastante notória quer nas idades ou nas motivações da sua presença.

De vestido comprido brilhante, Ana Moura começou por cantar dois temas do seu novo disco “Até ao Verão” e “E Tu Gostavas de Mim”. O espetáculo foi mais centrado nos novos temas (“Fado Alado”, “A Fadista”, “Desfado”…), mas a fadista não deixou de recordar outros como: “Os Búzios”, “Leva-me aos Fados”, “Fado Loucura”, “Porque teimas nesta dor”, entre outros. No concerto ouviu-se ainda pela voz de Ana Moura os temas “Vou dar de beber à dor” e “Bailinho à portuguesa”, temas da eterna Amália Rodrigues.

O público atentamente ouvia o fado e ao fim de cada interpretação, as palmas não faltavam. “Ah Fadista”, gritou alguém eufórico! Não raras as vezes a cantora apelava às palmas e à participação do público que, entusiasmado, trauteava os temas mais conhecidos.

O concerto terminou, mas o público pedia mais e mais, a fadista regressou ao palco para o encore, mas após mais dois temas o público não arredava pé. Estava encantado com a voz, com o talento, com a entrega de Ana Moura. “Podemos ficar aqui a noite toda a cantar”, disse a fadista, arrancando risos do público.

Voltou-se a ouvir então o tema “Desfado” (que já ganhou dois prémios, como melhor música do ano 2012) e o público voltou a cantar e a aplaudir feverosamente Ana Moura e os seus músicos, que a meio do concerto, tiveram um ‘solo’ de cerca de 10 minutos fantástico!

No final era percetível o agrado das pessoas pelo concerto que tinham assistido. Ficou-me na cabeça a imagem de uma senhora já com alguma idade, que emocionada dizia olhando o palco, já vazio: Muito, muito bom. Mesmo muito bom… Tão bom!


O novo disco “Desfado” é sem dúvida um ponto de viragem na carreira de Ana Moura. Pelo leque de tão bons compositores (muitos deles nunca tinham escrito uma canção para este género musical), mas também pela sonoridade, mais moderna e no entanto sem perder a tão característica tradição do fado. É legítimo afirmar que o trabalho de Ana Moura revestiu o fado com uma linha mais apelativa e não tão sofrida e melancólica a que este género musical nos tinha habituado. Embora a carga emotiva esteja presente, os temas são tratados de forma mais ligeira e dançável, retomando a esperança e ânimo que tão bem precisamos nesta altura.

Ana Moura é: talento, entrega e simpatia!

Texto por: Daniela Henriques e Susana Costa

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