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Foi com o grande auditório do Centro Cultural de Belém esgotado que Ricardo Ribeiro apresentou o seu mais recente disco, editado em Outubro de 2013, “Largo da Memória”.
“Largo da Memória” é um disco que presta homenagem ao largo no bairro da Ajuda onde do fadista nasceu.
As primeiras palavras a ouvir-se no concerto correspondem ao single do disco ‘Destino Marcado’:
« Eu dei-lhe a vida a valer, / nada mais podia dar. (…) Tinha o destino marcado, pois logo de pequenino / Fiz do destino um Fado. / O Fado do meu destino. A minha vida renasce / neste meu canto magoado. Cada um é para o que nasce. / E eu nasci para o Fado».
Após este tema ‘biográfico’ seguiu-se outros novos temas do disco ‘De Loucura em Loucura’, ‘Nas Linhas Da Mão’, ‘De Mim Para Ninguém’, ‘Malhas Do Amor’, ‘Não Rias’, ‘Segredo Das Palavras’ e também cantigas, como ‘Cantiga De Seguir’ – com acompanhamento de Pedro Caldeira Cabral na guitarra portuguesa – e ‘Tarab‘ – com influências árabes, e acompanhamento por Pedro Jóia à viola.
A surpresa da noite surgiu quando Ricardo chamou ao palco o Professor Joel Pina, para o acompanhar com a viola baixo, no tema ‘Fado É Canto Peregrino’.
Vários foram os temas que levaram o público entusiasta a aplaudir de pé, sem hesitações, mas foi talvez com ‘Entrega’ que o públicou ficou mais efusivo, e a ovação de pé deixou Ricardo visivelmente emocionado.
E tinha sido de igual forma emocionado, que minutos antes o fadista apresentara a pequena melodia que idealizou certa noite ao ouvir uma tema egípcio e a pensar na sua filha. Melodia essa, na qual toca viola acompanhado por Pedro Caldeira Cabral e pelo quarteto de cordas, explicando que para si a palavra “amo-te” é pobre para expressar todo o sentimento que um pai tem pela sua filha. E assim dedica esta melodia à sua filha, que no final agradece de entre o público.
Entre os diversos temas cantados nessa noite em que a voz de Ricardo Ribeiro ecoava e preenchia cada recanto do Grande Auditório do CCB, o fadista recordou alguns temas do disco anterior (“Porta Do Coração” – 2010 ), tais como ‘Moreninha da Travessa’ ou ‘Água Louca da Ribeira’. Interpretou também o tema homónimo ao disco, ‘Porta do Coração’, satisfazendo assim um pedido que uma senhora fez pela sua página de Facebook e recuperou ainda ‘Fama de Alfama (Bairro Afamado)’ no encore, no qual também cantou ‘Fado do Alentejo’, que emocionou o público presente com cada palavra cantada e que contou com a participação de Rabih Abou-Khalil, no alaúde.
No concerto em sala esgotada, que foi ao encontro das espetativas dos presentes , Ricardo Ribeiro demonstrou ser possível juntar o Fado a outras influências e obter, ainda assim, temas coesos e melodicamente tocantes.
E no final, entre os diversos agradecimentos e duas vénias ao público, Ricardo Ribeiro é mais uma vez ovacionado com entusiamo por todo o auditório, entre diversos “Bravo!” e “És grande!”.
Ricardo Ribeiro, uma voz inigualável, apresentou um concerto memorável com sonoridades típicas do fado vádio às sonoridades da música árabe da bacia do mediterrâneo. Um espetáculo inserido no ciclo Há Fado No Cais, uma co-produção do CCB e do Museu do Fado.
Ricardo Ribeiro apresentou-se assim no Centro Cultural de Belém acompanhado por Pedro de Castro na guitarra portuguesa, Jaime Santos na viola de Fado, Francisco Gaspar na viola baixo e João Nuno Represas na percussão; e também pelo quarteto de cordas composto por: Tiago Neto (1º violino), António Jorge Nogueira (2º violino), Sandra Raposo (viola d’arco) e Nuno Abreu (violoncelo).
