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Reportagem | Saudade e emoção no regresso de Dulce Pontes
Depois de ter esgotado dois concertos no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Dulce Pontes rumou até à cidade do Porto, onde atuou num Coliseu, que esgotou para receber a artista, afastada já há alguns anos dos palcos, em Portugal.
Dulce Pontes

Dulce Pontes

 

Praticamente à hora marcada, Dulce Pontes sobe ao palco do Coliseu e numa chuva de aplausos logo agradece “obrigado por terem vindo”. Depois de referir o seu nervosismo, começa por interpretar “Barquinha”, sentada ao piano e acompanhada apenas pela flauta e o violoncelo, enquanto bolas de sabão irrompem do teto do Coliseu, como se do céu caísse a magia de um sonho longínquo tornado realidade. E segue-se “La Bohème”, “Nu / Ondeia”.

Deixa o piano e dirige-se para o centro do palco, recebendo fervorosos aplausos e retribui com sopros de beijos. Aos primeiros acordes de “Senhora do Almortão”, o público logo a acompanha com palmas. Soam as guitarras em “Bailados do Minho”, logo de seguida ouve-se “Ardinita” na melodia “Fado das Horas”, “Naufrágio”, “Meu Amor Sem Aranjuez” e “Júlia Galdéria”, entre outras canções, a par de excelentes interpretações.

Dulce Pontes ao vivoA meio do concerto, a fadista anuncia um cover, “já que estão muito na moda”, diz brincando e interpreta em português o tema “Yesterday” dos Beatles, arrancando várias gargalhadas do público, com esta interpretação, em jeito de brincadeira.

Depois do momento divertido, há uma transformação do ambiente na sala, regressa-se à origem da poesia portuguesa, para se ouvir uma canção galaico-portuguesa de Martin Codax. Como homenagem a Rubén Juarez, a intérprete encarna a personagem de um palhaço, surpreendendo o público com um nariz vermelho, ao interpretar o tema “Soy un Circo”. Ouve-se seguidamente “Índios da Meia Praia”, protagonizado por Zeca Afonso, com o público à acompanhar, em jeito de coro e bem “afinadinho”.

Já perto do final e antes de interpretar “Canção do Mar”, Dulce Pontes ajeita o vestido comprido, colocando-o mais curto e presenteia o público com passos de dança ao som da música do folclore português. O concerto chegava ao fim, e com público de pé, ouvem-se fortes aplausos, que traduzem a vontade de que o concerto ou o sonho não termine e que a “diva da noite” regresse ao palco. No “encore”, a convite da artista, canta-se e dança-se “Laurindinha”.

Enviando beijos para toda a plateia e agradecendo, despede-se do público, que continua de pé a bater palmas e a pedir “canta o Amor a Portugal”, e assim Dulce Pontes o fez. Regressou ao palco e, entre lágrimas e sorrisos, eleva a voz para “Amor a Portugal”.

E durante todo o concerto, o coliseu lotado, com pessoas de todas as faixas etárias mostraram o seu amor por Dulce Pontes, que nos levou a uma viagem de sonho, revelando-nos um Portugal inteiro, partilhando a riqueza de intensas emoções, do riso às lágrimas ou ainda da saudade à esperança, através somente da sua voz inconfundível.

Dulce Pontes é sem dúvida uma voz do Mundo, contudo “o amor há de vencer” e o sonho de novo amanhecer para se ouvir Dulce Pontes em palcos de Portugal.

Fotos: Joana Constante
Texto: Joana Constante / Daniela Henriques
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