Made In Portugal: A 17 de Julho deste ano deram um concerto acústico no Fórum Cultural do Seixal, que recentemente foi lançado em CD e DVD. Falem-nos um pouco dessa edição.
Nelson R: É um trabalho que reúne todos os nossos grandes temas, e ainda por cima ao vivo e com arranjos diferentes, é um formato que o público tanto gosta por ser tão intimista. Contém um tema original de nome “Quero-te encontrar” – Música do Sérgio Rosado e letra do Pedro Vaz. Traz ainda uma versão muito interessante do tema “Alelujah” de Leonard Cohen.
MIP: Gravar um álbum em acústico sempre foi um desejo vosso, ou foi uma ideia que surgiu de forma espontânea?
Sergio R: Foi um projecto que vinha sendo pensado faz imenso tempo, só que efectivamente as coisas nunca se tinham proporcionado, até que chegou o momento. É um sonho tornado realidade, é um disco de carreira que todos os artistas ambicionam e nós não fugimos à regra, estamos muito felizes com o resultado obtido.
MIP: Terem gravado no Centro Cultural do Seixal é uma forma de ‘homenagear’ a vossa terra? No fundo, onde grande parte da vossa música surgiu.
Sérgio R: Claro que sim. Quem nos conhece bem, sabe que não nos esquecemos de como tudo começou, onde começou e quem fez parte desse percurso, e na sequência dessa homenagem, nada melhor que ter gravado o concerto na nossa Terra, onde de facto há muitos anos atrás tudo começou.
MIP: O vosso último trabalho de originais conta com a participação especial de Sérgio Moah, vocalista do grupo brasileiro Papas da Língua. Como surgiu essa participação?
Nelson R: Nós conhecemos a Banda brasileira aquando uma gala dos Globos de Ouro, foi um espectáculo onde quer nós quer o Papas da Lingua tiveram as suas performances ao vivo. Recordo-me que fomos apresentados, trocámos contactos e a seguir a isso vieram alguns convívios fabulosos entre bandas, entre almoços e jantaradas. Tivemos uma participação num concerto deles no Porto, e depois convidámo-los para participarem também num concerto nosso em Braga, daí até nos lembrarmos de convidar o vocalista do Papas (Sérginho Moah) foi um pequeno passo, já nem conseguimos imaginar o tema “Virar a Página” sem a voz do Moah.
MIP: A 23 de Julho atuaram no Teatro do Bourbon Country, na abertura do 7º festival de Inverno de Porto Alegre. Como foi a experiência de cantar para um público, que há partida desconhece a vossa música?
Nelson R: A experiência foi fantástica!!! Foi uma performance integrada no concerto do Papas da Língua, o que para além de ter proporcionado momentos lindos entre as duas bandas (tocámos alguns temas deles com eles e eles tocaram também connosco temas do nosso repertório). Fomos muito bem recebidos pelo público, e de facto é indiscritível relatar a emoção que foi de ver um público que desconhecia, até ali as nossas músicas, a nossa forma de estar em palco, e aderirem como aderiram, foi incrível!!!
MIP: Sentem que está a haver mais abertura por parte do povo brasileiro em receber a música de Portugal, como nós fazemos cá com a música deles?
Sergio R: Sinto que sim, apesar de ainda ser necessário trabalhar e muito a questão estrutural e promocional das bandas Portuguesas no Brasil, mas o facto de o público estar “aberto” à nossa sonoridade é um grande avanço.
MIP: Recentemente estiveram também no Brasil a participar numa das provas mais duras do mundo do BTT e o ano passado participaram no Titan Desert, percorrendo o deserto de Marrocos. Para além da música esta é uma das vossas paixões?
Nelson R: O BTT e o Cicloturismo é de facto uma paixão e uma das formas de nós ocuparmos os nossos tempos livres, e que tem vindo a ganhar uma dimensão muito interessante. Dimensão essa que quisemos associar, dado o mediatismo envolvido, a causas de solidariedade. Este ano não foi excepção, em termos de agenda era possível poder participar desta prova no Brasil. Preparámo-nos fisicamente para poder completar um desafio deste género. As coisas correram bem, à imagem do que foi a nossa participação no Titan Desert o ano passado, e de facto a plataforma das 4 instituições que foram, este ano, a nossa fonte de inspiração e de força, bike4help (Casa das Côres, Casa dos Rapazes, Terra dos Sonhos e o Instituto da Imaculada) será para continuar nos próximos tempos, sempre que a nossa agenda o permita.
MIP: Nem todos os cantores/bandas conseguem formar carreiras. Muitos têm sucesso durante um tempo e depois deixa-se de ouvir falar. Vocês têm tido uma carreira sólida. Cada álbum vosso é sinónimo de sucesso. Sentem-se lisonjeados por tal? Na vossa opinião a que se deve essa solidez?
Sergio R: Infelizmente isso é uma realidade, nem todos conseguem. Nós no nosso caso temos tido alguma felicidade, mas gostaria de realçar que neste percurso apanhamos alguns “espinhos” pelo meio. Mas o importante é mesmo nunca abandonar os critérios em termos de qualidade de trabalho, ser persistente, definir um projecto e lutar por ele, e depois claro, o facto de ter o meu irmão ao meu lado faz com que tudo seja mais fácil. Esta dupla de irmãos funciona porque fomos habituados a trabalhar juntos desde muito pequenos.
MIP: Para além do álbum em acústico, têm mais projetos para o futuro?
Nelson R: Neste momento apenas estamos concentrados na promoção, divulgação e tournée com o álbum acústico.
MIP: Como definem, actualmente a música em Portugal e a abordagem da mesma por parte das rádios nacionais?
Nelson R: A música em Portugal está um pouco como o País está: tudo meio cinzento. Existem muitas coisas a serem definidas, mas acredito que tudo irá acabar por estabilizar.
Em relação às rádios nacionais não tenho, infelizmente, grande opinião, uma vez que a nossa banda nunca teve qualquer tipo de protagonismo a nivél de rádio. Gostaríamos que esta área fosse mais representativa na nossa carreira e tentaremos trabalhar nesse sentido.
Sergio R: mas em contrapartida, temos por outro lado, a excelente relação com as televisões e tem-se revelado como um enorme e importante alicerce na nossa carreira.