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Caetano Veloso elogia Carminho e António Zambujo


Carminho e António Zambujo protagonizaram um momentos mais altos na 24º edição dos prémios da música brasileira, que decorreu no Theatro Municipal no Rio de Janeiro na quarta-feira passada (12 de Junho).
Na crónica do mítico cantor brasileiro Caetano Veloso ao Jornal O GLOBO, o mesmo elogiou a fadista Carminho e por consequente António Zambujo.

Segue o excerto da crónica: “Foi uma noite de vários aplausos de pé. Mas o que saudou o evento Carminho/“Sabiá” dizia coisas de que as mesmas pessoas que se levantavam não tinham tempo de conscientizar-se. Carminho é a mais nova e a mais bela floração desse renascimento do fado entre jovens portugueses que já faz agora mais de década. Ouvi-la cantar essa canção de exílio brasileira com voz de quem mal atravessou o oceano para vir aqui nos ensinar tanto, foi de fazer chorar. A plateia se levantou crendo ser levada a isso pela exuberância vocal e musical da jovem cantora. Seria um aplauso entusiástico diante de uma interpretação virtuosística. Justo. Mas era claro que havia mais. Muito mais. As pessoas repassaram (era perceptível), num instante, a história da canção (que lutou com o tempo para ser devidamente amada), a história do Brasil, a história da nossa língua. A voz e a pronúncia de Zambujo eram mesoatlânticas. O canto de Carminho era purissimamente lusitano. Mas o acontecimento Carminho cantando assim nosso passarinho (nos dois gêneros: “uma sabiá” e “o meu sabiá”, como o dicionarismo de Tom conversou com o de Chico, trazendo de volta minhas lembranças de uso do nome da ave, em minha Santo Amaro natal, tanto no masculino quanto no feminino) era, no auge do arrebatamento das notas altas com arabescos ibéricos, a consolidação desse mesoatlântico que busco e que Zambujo anunciou. Não seria preciso conscientizar-se de tudo isso para vivenciar o todo da experiência: cada pessoa que foi arrebatada pelo momento desse breve milagre sabia, em sua carne, que todas essas implicações estavam em jogo”.

Leia o artigo na integra aqui: http://oglobo.globo.com/cultura/carminho-o-nosso-passarinho-8701905

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